Assembléia homenageia Dia Nacional da Consciência Negra
O Dia Nacional da Consciência Negra, comemorado no dia 20 de novembro - dia da morte de Zumbi dos Palmares -, foi hom...
25/11/1999 - 07:20Assembléia homenageia Dia Nacional da Consciência Negra
O Dia Nacional da Consciência Negra, comemorado no dia 20 de novembro - dia da morte de Zumbi dos Palmares -, foi homenageado pela Assembléia nesta terça- feira (23/11/1999), durante a Reunião Ordinária de Plenário, quando a primeira parte da reunião foi transformada em Especial, a requerimento da deputada Maria Tereza Lara (PT) e do presidente da Assembléia, deputado Anderson Adauto (PMDB).A deputada Maria Tereza Lara afirmou em seu discurso que a população negra ainda é vítima do "massacre social", sendo a mais atingida pelo problema do desemprego, "que a acompanha há 111 anos, desde que a abolição da escravatura foi oficialmente declarada", disse. "O sistema de opressão continua o mesmo, mas tem um nome diferente, o novo/velho perverso neoliberalismo", disse a deputada. Ela ressaltou a importância dos movimentos negros e da Secretaria Municipal de Assuntos da Comunidade Negra de Belo Horizonte, a única no Brasil. A secretária-adjunta, Maria Mazzarelo, agradeceu a homenagem da Assembléia e ressaltou a importância da pasta como elemento de interação entre o Poder Executivo municipal e a comunidade negra.
Marcos Antônio Cardoso, presidente da Fundação Centro de Referência da Cultura Negra, fez um histórico dos quilombos no Brasil, destacando a importância do Quilombo dos Palmares. Ele lembrou que Minas Gerais teve centenas de quilombos - que eram comunidade negras localizadas em terras de difícil acesso, para onde os negros escravizados fugiam e reorganizavam a vida, em liberdade. Ele cobrou do Estado iniciativas de mapeamento hitórico- antropólogico das comunidades negras que ainda existem hoje e são remanescentes históricos dos quilombos. A legalização e titulação das terras dessas comunidades está disposta no art. 68 das Disposições Transitórias da Constituição Federal.
DISCRIMINAÇÃO AINDA PERSISTE
A prefeita de Araçuaí, Maria do Carmo Ferreira Silva, falou sobre a discriminação que teve de enfrentar durante a campanha eleitoral, e que ainda a persegue. "Sou mulher, baixinha, negra pobre e do PT", disse ela, lembrando que até hoje recebe telefonemas anônimos contra sua condição social e racial. "As diferenças de nosso país e de nosso povo devem ajudar a escrever uma história que privilegie o respeito a essas diferenças", afirmou a prefeita.
O presidente da Assembléia, deputado Anderson Adauto (PMDB), também falou, em seu pronunciamento, sobre a discriminação social que hoje atinge a população negra no Brasil. "A miscigenação dá a dimensão de nossa grandeza e de nossa tolerância", disse. "Mas se a etnia já não conta tanto, a distribuição da riqueza continua injusta e desigual e, significativamente, o preconceito contra o pobre, atinge principalmente o pobre de origem africana". O presidente relembrou a história Abolição da Escravatura para falar da pobreza e falta de perspectiva que vitimou os negros libertos.
"Devemos valorizar a extraordinária contribuição da raça negra ao Brasil, por meio das letras, das artes, da ciência, da política e dos desportos e devemos lutar pela redenção econômica do povo negro, lutando por uma melhor distribuição da riqueza", ressaltou o presidente.
MESA DOS TRABALHOS
Compuseram a Mesa dos trabalhos da Reunião Especial a deputada Maria Tereza Lara (PT), a prefeita Maria do Carmo Ferreira Silva, a secretária-adjunta Maria Mazzarelo, o presidente Anderson Adauto, Marcos Antônio Cardoso e o presidente da Belotur, José Francisco Lopes, representando o prefeito Célio de Castro.
Responsável pela informação: Cristiane Pereira - ACS - 31-2907715