Defesa do Consumidor discute aumento abusivo do cimento
O aumento abusivo do preço do cimento e a possível cartelização e prática de "dumping" no setor cimenteiro do Estado ...
17/11/1999 - 07:18Defesa do Consumidor discute aumento abusivo do cimento
O aumento abusivo do preço do cimento e a possível cartelização e prática de "dumping" no setor cimenteiro do Estado foi tema de discussão da Comissão de Defesa do Consumidor, realizada nesta terça-feira (16/11/1999), a requerimento da deputada Elaine Matozinhos (PSB). De acordo com ela, nos últimos três meses o aumento do preço do cimento foi superior a 100%. "Existe uma rede entre as empresas deste produto em que não se consegue viabilizar um menor preço", criticou Elaine Matozinhos.O proprietário da Habitarte Construtora Ltda, engenheiro Marco Túlio Filardi, garantiu que o aumento do produto chegou a 112,5% nos últimos cinco meses. Segundo ele, uma construção que custaria cerca de R$3.500,00, há cinco meses, custa hoje aproximadamente R$ 6.600,00. Para Marco Túlio, o direito de construir está sendo tolhido por um aumento abusivo. "Se um depósito compra cimento e atrasa um dia o pagamento, ele não consegue comprar o produto em lugar nenhum", denuncia.
O engenheiro ainda afirmou que em 1995 o saco de 50 quilos de cimento chegou a custar R$6,80 e, de repente, baixou para R$ 3,50. "Neste período as pequenas empresas quebraram", disse. O proprietário da Larcon Empreendimentos e Construções Ltda, Geraldo Rodrigues Machado, concordou com Marco Túlio e disse que somente nos últimos dias o cimento aumentou 20%. "Quem comprava há um ano atrás o cimento por R$ 4,00 hoje está pagando de R$ 8,00 a R$ 9,00", completou.
O secretário executivo do Sindicato Nacional das Indústrias de Cimento (SNIC), João Batista Menescal Fiúza, concordou que são poucas as empresas que se dedicam à produção de cimento, mas, segundo ele, o aumento do preço do produto é ocasional. "A tendência é a centralização, mas isso não significa um cartel, ao contrário, propicia menor custo e, conseqüentemente, menor preço" Ele conta que hoje o Brasil tem oito grupos que controlam o setor, sendo 47 pessoas jurídicas e 56 fábricas.
PREÇO x QUALIDADE
Para Batista, foi a estabilidade da moeda que possibilitou a baixa de preço em 1993/94, mas depois não houve como conter os aumentos. "Neste período houve um consumo de 25 milhões de toneladas, enquanto havia disponibilidade de 40 milhões de toneladas. A oferta era maior do que a procura", ressaltou o secretário do SNIC. Ele ainda criticou o engenheiro Marcos Túlio, que afirmou que a qualidade das construções fica ameaçada diante da alta do cimento e apontou uma possível "mistura" do produto para haver rendimento. "Isso não vai acontecer. E se ocorrer, quem fizer é doido", critica Batista.
João Batista ainda ressaltou que o preço do cimento tem subido menos que a média dos outros materiais. "O setor de construção não pode culpar o cimento de ser o principal responsável pelo alto custo das construções", completou. "Estou perplexo com os aumentos, alguma coisa tem que ser feita", manifestou- se o deputado Bené Guedes (PDT), lembrando que o consumidor está sendo o maior prejudicado.
REQERIMENTO
A deputada Elaine Matozinhos apresentou um requerimento solicitando esclarecimentos do presidente do Cade, sobre denúncias do aumento ocorrido no preço do cimento e a possível ocorrência da formação de cartel ou prática de "dumping" no setor cimenteiro. Ela também comunicou a realização do "I Seminário Mineiro de Agricultura Transgênica", durante os dias 1º, 2 e 3 de dezembro, no auditório da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). O seminário, realizado pelo governo do Estado, terá o objetivo de discutir os procedimentos e adequações normativas necessárias na cadeia agroindustrial, visando a segurança e a possiblidade de opção do consumidor. Os trabalhos serão coordenados por representantes das secretarias de Estado de Agricultura, Ciência e Tecnologia, Meio Ambiente, Saúde e Planejamento e também pelo Consea, Emater, IMA, Ceasa e Epamig.
PRESENÇAS
Participaram da reunião os deputados João Paulo (PSD), que a presidiu, Elaine Matozinhos (PSB) e Bené Guedes (PDT). Foram ainda ouvidos os convidados: Marco Túlio Filardi, da Habitarte; Geraldo César Rodrigues Machado, da Larcon e João Batista Menescal Fiúza, secretário executivo do Sindicato Nacional das Indústrias de Cimento (SNIC), representando o diretor Comercial da Camargo Corrêa Cimentos S/A.
Responsável pela informação: Renata Ramos - ACS - 31-2907715