Perfeito de Juiz de Fora é favorável à Mercedes-Benz

O prefeito de Juiz de Fora, Tarcísio Delgado, afirmou nesta-quinta feira (28/10/99), durante reunião na Assembléia, que é favorável às atividadades da fábrica da Mercedes-Benz no município, apesar de afirmar que foram excessivos os incentivos e vantagens oferecidas à empresa. Tarcísio Delgado e o presidente do Centro Industrial de Juiz de Fora, Luiz Soranço, participaram de reunião da Comissão Especial da Assembléia que está analisando as consequências e os resultados da instalação da fábrica da Mercedes-Benz para Juiz de Fora e para o Estado.

O deputado Rogério Correia (PT), autor do requerimento que deu origem à reunião, disse que em uma reunião anterior, onde o assunto também foi discutido, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Juiz de Fora havia demonstrado insatisfação com relação ao cumprimento das condições estabelecidas para a implantação da montadora. Segundo ele, o objetivo é conhecer as condições dos contratos, para poder discutir, inclusive, a validade de "contratos como esse em outras operações".

Na opinião de Tarcísio Delgado, o mais importante, e que faz com que tenha uma avaliação mais positiva da Mercedes em Juiz de Fora, é que a montadora abriu espaço e despertou o interesse para outros investimentos na região. "Acho que o mais importante é o atestado de qualidade que a montadora deu à Juiz de Fora, ao Estado e à região. Considero esse o ponto decisivo. Se tivesse que dar um voto, votaria pela implantação da Mercedes por causa disso", afirmou. De acordo ele, muitas empresas têm demonstrado interesse em investir em Juiz de Fora, sendo que algumas já estão sendo instaladas.

O prefeito não deixou, contudo, de enfatizar que o contrato firmado no governo anterior com a montadora oferece incentivos e vantagens em excesso, e estabelece condições que exigem investimentos muito pesados por parte do município. "Como prefeito, tenho muitas restrições a vantagens oferecidas às montadoras de veículos", afirmou. Tarcísio Delgado exemplificou que um dos incentivos que poderá sobrecarregar o município é o que garante à Mercedes- Bens receber do Estado um valor referente a cada veículo produzido, condições que começam a valer daqui a quatro anos. Ele acredita que esse ponto do contrato terá que ser revisto, mais cedo ou mais tarde. Questionado pelo deputado Luiz Fernando Faria (PPB), relator da Comissão, sobre a disposição da prefeitura em rediscutir o contrato, Tarcísio Delgado disse que admite a revisão como hipótese, mas afirmou que não tem nada definitivo.

Questionado pelo deputado Rogério Correia (PT) sobre os recursos já dispendidos pelo município, o prefeito destacou que foram gastos R$ 1,1 milhão na construção de uma estação de tratamento de água, exigência contratual, e R$ 2,4 milhões com o remanejamento das famílias que moravam no terreno onde foi construída a montadora da Mercedes. "Foram investimentos que exigiram recursos altos", afirmou. Ele destacou, ainda, que a produção da montadora não é toda feita na fábrica de Juiz de Fora, como o motor, que é importado da Alemanha. Ele disse acreditar, entretanto, que a tendência é a nacionalização da produção, principalmente depois da alta do dólar.

Positivismo - O presidente do Centro Industrial de Juiz de Fora, Luiz Soranço, afirmou que a Mercedes-Benz abriu campo para outras empresas investirem na região. Segundo ele, à época da instalação da montadora, reinava um "negativismo" muito grande, que estaria sendo revertido agora. Um exemplo seria a construção do Carrefour e o aeroporto do município, que, segundo Soranço, recebia três ou quatro pessoas por dia e agora recebe diariamente cerca de 400 pessoas. Questionado pelo deputado Rogério Correia (PT) sobre o número de empresas que teriam se instalado em Juiz de Fora e região em função direta da Mercedes, Luiz Soranço não soube especificar, mas disse que o número ainda é pequeno, porque a montadora "está ainda na fase embrionária" . "Não podemos exigir um retorno tão grande em tão pouco tempo" , afirmou.

O deputado Rogério Correia (PT) fez vários questionamentos aos convidados sobre os recursos gastos pelo município e pelo Estado e sobre os investimentos na região. O deputado citou afirmações feitas pelo presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Juiz de que os salários na fábrica da Mercedes eram muito baixos. O prefeito de Juiz de Fora apoiou a opinião do presidente do Sindicato e disse que os salários pagos pela Mercedes-Benz são mais baixos que os pagos por outra fábricas. "Os salários são baixos e esperávamos que fossem melhores", enfatizou.

Com relação ao número de empregos, o prefeito disse que a montadora criou, "até antes do prazo", o número de empregos prometidos. Trabalham na fábrica da Mercedes 1.600 empregados, sendo que, segundo Luiz Soranço, 1.100 são de Juiz de Fora. A Mercedes-Bens havia anunciado, à época de sua implantação, que criaria 1.500 empregos diretos na região. Soranço afirmou, também, que investimentos em qualificação profissional vem sendo feitos desde a instalação da montadora. Segundo ele, está sendo construído uma unidade do Senai dentro da montadora para atender a trabalhadores, não somente da Mercedes, mas também de outras empresas da região.

REQUERIMENTOS - A Comissão Especial da Mercedes-Benz aprovou requerimento do deputado Antônio Carlos Andrada (PSDB), convidando represesentantes do Senai, da Funrei e a técnica do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais, Marilena Chaves, para prestarem esclarecimentos à Comissão.

Presença - Participaram da reunião os deputados Antônio Carlos Andrada (PSDB), que a presidiu, Luiz Fernando Faria (PPB), Bené Guedes (PDT), Rogério Correia (PT) e Amilcar Martins (PSDB).

---

Responsável pela informação: Ana Carolina - ACS - 31-2907715