Educadores debatem organização da escola

A organização da educação pública foi o assunto do segundo painel do Seminário Legislativo "Construindo a Política de Educação Pública em Minas Gerais", na manhã desta quarta-feira (20/10/1999). Dentro do tema "Desafios e perspectivas da educação pública em Minas Gerais - organização", os participantes abordaram questões como tempos escolares, projetos político- pedagógicos de educação no meio rural, educação indígena, educação infantil, educação de jovens e adultos, educação especial, currículos, interdisciplinaridade, trabalho e cidadania, informática na educação e educação ambiental. Os trabalhos foram coordenados pelo deputado Antônio Carlos Andrada (PSDB), e foram expositoras a sub-secretária de Desenvolvimento Educacional da Secretaria de Estado da Educação, Maria Stela Nascimento, e a professora Samira Zaidan, da Faculdade de Educação da UFMG.

Em sua fala, Maria Stela Nascimento disse que o maior desafio que os educadores têm pela frente é conseguir fazer com que a escola não seja excludente, mas, ao contrário, seja inclusiva, atendendo todos os segmentos da sociedade. Ela disse que o Estado tem se preparado para absorver toda a demanda que, segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), cabe ao Estado assumir, dando educação de qualidade. Segundo a sub-secretária, as mudanças implementadas, como no processo de escolha dos diretores escolares, visam a uma nova organização da escola. A partir de agora, os candidatos a diretor não farão mais prova escrita; mas, depois de eleitos, terão que se submeter a cursos para melhor desempenharem suas atribuições.

Maria Stela Nascimento afirmou, ainda, que a sociedade passa por um processo de grandes transformações, como a facilidade e rapidez na obtenção de informações, e a escola tem que acompanhar as mudanças. "A escola tem que se estruturar, em termos dos conteúdos que vai trabalhar, a partir da realidade vivida pelo aluno, a realidade que ele conhece. E, dentro da diversidade da clientela, atender a sociedade da melhor forma possível", analisou.

Escola para todos - Na opinião da outra expositora, Samira Zaidan, a organização da escola deve ser reflexo das diretrizes gerais da Secretaria de Educação, que são a universalização da educação, sob o lema "escola para todos", e a mudança da idéia do que seja o currículo escolar. "A construção de uma escola para todos não é tarefa apenas da instituição escolar, mas da sociedade como um todo", argumentou. Para ela, na medida em que há crianças com "enorme dificuldade para viver", a escola não é capaz de resolver todos os problemas, mas tem a obrigação de recebê-las. Para a professora, a escola deve ser um espaço que acolha a criança e o adolescente; e o currículo deve ser pensado numa perspectiva mais ampla, "porque hoje a escola não é mais apenas matérias e disciplinas; mas incorpora questões como cultura, festas e outras".

Samira Zaidan lembrou que muitas crianças vivem em condições degradantes, morando com os pais e irmãos em barracos de um único cômodo e emagrecendo no período de férias escolares. O grande desafio, segundo ela, é melhorar as condições de vidas dessas crianças e adolescentes. Outro desafio é a formação do profissional da educação, para que seja um educador capaz de ajudar na formação dos jovens.

Plenária final - O Seminário Legislativo será encerrado nesta quinta-feira com a realização da plenária para votação e aprovação do documento final, a partir de 8 horas, no Plenário. O coordenador será o deputado Rogério Correia (PT), e o encerramento dos trabalhos será feito pelo presidente da Assembléia, deputado Anderson Adauto (PMDB).

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Responsável pela informação: Jorge Possa - ACS - 31-2907715