Gestão democrática da escola é discutida em seminário

A sub-chefe do Departamento de Administração Escolar da Faculdade de Educação da UFMG, Dalila Andrade Oliveira, afirmou, nesta quarta-feira (20/10/1999), que a eleição direta para diretores de escolas públicas de Minas é uma grande conquista, mas é necessário repensar o papel a ser desempenhado pelos dirigentes das escolas. Ela participou do debate sobre "Desafios e Perspectivas da Educação Pública em MG - Gestão Democrática", integrante do Seminário Legislativo "Construindo a Política de Educação Pública em Minas Gerais". Os trabalhos foram coordenados pelo deputado José Milton (PL).

Na avaliação de Dalila Andrade, a autonomia dada às escolas sobrecarregou os diretores, que não estavam preparados para atuarem como gerentes das unidades de ensino, inclusive captando recursos, ao invés de apenas administrarem as escolas. Em sua exposição, ela fez uma análise das mudanças implementadas no País na área de educação depois da ditadura militar. A sub- chefe destacou as reformas educacionais implantadas pelo governo do Estado em Minas desde 1991, com o rompimento da estrutura autoritária.

Já a vice-presidente da Câmara de Ensino Fundamental do Conselho Estadual de Educação, Glaura Vasques de Miranda, elogiou a realização do seminário pela Assembléia Legislativa e ressaltou que, desde o Congresso Mineiro de Educação, tem havido no Estado boas experiências na área de gestão democrática da educação. Ela avaliou que nessa área se avançou muito em Minas, mas as estratégias precisam ser aprimoradas, sendo que a gestão democrática não foi implantada de forma homogênea em todas as regiões.

Para Glaura Vasques, a eleição dos diretores das escolas e a escolha do colegiado não esgotam a questão da participação democrática. Segundo ela, é preciso que existam outras formas de atuação no dia-a-dia para garantir a gestão democrática. "Não adianta eleger um diretor se ele, após assumir o cargo, tiver uma atuação autoritária", exemplificou.

A vice-presidente da Câmara de Ensino Fundamental do CEE disse, ainda, que existem várias formas para se buscar a gestão democrática, entre elas a educação continuada, a medição do tempo de trabalho coletivo na escola e a existência de modernos processos de comunicação. Ela defendeu também que a formação para a cidadania deve ser ampliada, além da transparência na gestão da escola e do colegiado.

Glaura Vasques salientou que em Minas todos os esforços têm sido direcionados para a construção de uma rede democrática na escola pública, envolvendo a democratização da estrutura, com representação de todos os segmentos escolares; um mecanismo de consultas à estrutura escolar; e a transparência na tomada de decisão.

Na fase de debates, Glaura Vasques e Dalila Andrade responderam diversas perguntas dos participantes do seminário. Muitas das perguntas dirigidas a Glaura sobre critérios de escolha de diretores de escola não foram respondidas, sob argumento apresentado por Glaura de que ela não conhecia detidamente a norma que trata do concurso. Já Dalila Andrade afirmou que, para se pensar a gestão democrática, deve-se garantir, no mínimo, condições materiais para as escolas.

---

Responsável pela informação: Lucio Perez - ACS - 31-2907715