Palestra de Cassen abre Fórum de Políticas Alternativas
"O Estado, a solidariedade e os negócios - a responsabilidade do intelectual", foi o tema da palestra do diretor do j...
30/09/1999 - 19:15Palestra de Cassen abre Fórum de Políticas Alternativas
"O Estado, a solidariedade e os negócios - a responsabilidade do intelectual", foi o tema da palestra do diretor do jornal francês "Le Monde Diplomatique", Bernard Cassen, na abertura do Fórum "Políticas Macroeconômicas Alternativas", nesta quarta-feira (29/9/99) à noite, no Plenário da Assembléia Legislativa. O tema integrou o painel "O fim do humanismo e o retorno à barbárie", que contou, ainda, com palestra do psiquiatra e professor de Engenharia Eletrônica da Universidade de São Paulo (USP), Henrique Schützer del Nero, que falou sobre "A patologia do neoliberalismo: a exclusão dos pobres e a utopia de um admirável mundo novo".O objetivo do Fórum é debater e ajudar a construir as bases de um projeto para o desenvolvimento do País, que não seja dependente do capital volátil internacional, que assegure o espaço da autonomia nacional no quadro de internacionalização da economia, e que permita superar os graves problemas da atualidade brasileira.
Na abertura dos trabalhos, o presidente da Assembléia, deputado Anderson Adauto (PMDB), disse que o mundo nunca viveu uma situação de perplexidade como a atual, e fez críticas ao modelo neoliberal, iniciado, "num equívoco histórico", na Inglaterra, por Margaret Tatcher. Em sua palestra Bernard Cassen lembrou a evolução do pensamento dos intelectuais franceses que, ao contrário dos norte-americanos, têm a igualdade como um valor importante para a sociedade; e criticou os pós-modernistas, que propiciaram uma exacerbação do individualismo e do conceito de mercado. Ele destacou, também, as grandes desigualdades no mundo atual, como o fato de um bilhão de pessoas não terem acesso a água potável, e disse que o capitalismo e o neoliberalismo não conseguiram reduzir as desigualdades.
PROGRAMAÇÃO DO FÓRUM
Nesta quinta-feira (30/9), será discutido o tema "A economia brasileira, o Plano Plurianual e o cenário externo". O senador José Alencar (PMDB/MG) vai abordar o assunto "Abertura do mercado, a crise da empresa nacional e o desenvolvimento"; e o diretor da Fiesp e presidente das Indústrias São Roberto, Roberto Nicolau Jeha, exporá o tema "Anatomia de uma capitulação anunciada: as privatizações, a desnacionalização da economia e o controle externo". "A desregulamentação e o privilégio das empresas estrangeiras no atual governo" será o tema exposto pelo ex-deputado federal e diretor de Relações Governamentais do Sindipeças, Paulo Osório Silveira Bueno; e o diretor do Le Monde Diplomatique, Bernard Cassen, falará sobre a "Experiência francesa na resistência dos empresários e do Estado à abertura ultraliberal dos mercados". A abertura do evento será feita pelo deputado Cabo Morais (PL), e a coordenação será do deputado Edson Rezende (PSB).
O Fórum prossegue na sexta-feira, 1º de outubro, com o tema "A rodada do milênio e o império mundial", às 9 horas, no Plenário, quando também será lançado o Calendário de Ações da Attac/Brasil contra a Rodada do Milênio. O deputado Rogério Correia (PT) será o coordenador do evento. Neste dia, Bernard Cassen vai falar sobre "O acordo multilateral de investimentos e a rodada do milênio: táticas e estratégias do ultraliberalismo"; e o senador Roberto Requião (PMDB/PR) exporá sobre "A recolonização e o controle dos mercados periféricos: a soberania nacional e um projeto político independente". Para debater, foram convidados o ex-secretário da Fazenda, Alexandre Dupeyrat, e o professor José Maria Alvares, da Universidade Federal de Viçosa.
O Fórum será encerrado no próximo dia 5 de outubro, às 19h30, sob a coordenação do deputado Márcio Cunha (PMDB). A economista, professora emérita da UFRJ e ex-deputada federal Maria da Conceição Tavares será a expositora. Os debatedores serão o professor-chefe do Departamento de Ciências Econômicas da UFMG, João Antônio de Paula, e o assessor para Assuntos Econômicos do Governo de Minas Gerais, Mauro Santos Ferreira.
ENTREVISTA COLETIVA
Em entrevista à imprensa, nesta quarta-feira (29/9), Bernard Cassen elogiou a participação da delegação da Assembléia Legislativa de Minas no Encontro Internacional de Paris, que reuniu, no final de junho último, representantes de mais de 90 países, num debate sobre as conseqüências do neoliberalismo. Segundo Cassen, a palestra do presidente da Assembléia, deputado Anderson Adauto (PMDB), no evento, tornou públicos os recentes acontecimentos envolvendo a questão federativa e a oposição do governo mineiro ao governo federal. "Causou grande impressão nos meios políticos europeus o fato de um Estado importante como Minas Gerais, governado por um ex-presidente, estar se opondo ao modelo neoliberal", afirmou Bernard Cassen.
Cassen, cujo jornal lançou um movimento mundial pela taxação dos capitais financeiros oportunistas, transformado na Associação para Taxação das Transações financeiras para Apoio aos Cidadãos (Attac), disse, ainda, que atualmente o capital especulativo que circula no mundo chega a US$ 21 trilhões, contra um total de US$ 6 trilhões/ano movimentados pelo comércio internacional.
Responsável pela informação: Jorge Possa - ACS - 31-2907715