Violência de vídeo games em debate na Assembléia

Os vídeo games violentos e a péssima programação da televisão brasileira estão prejudicando a educação e a saúde de c...

16/09/1999 - 17:46

Violência de vídeo games em debate na Assembléia

Os vídeo games violentos e a péssima programação da televisão brasileira estão prejudicando a educação e a saúde de crianças e jovens. A informação é do vereador de Belo Horizonte Betinho Duarte (PSB), que participou de reunião conjunta das Comissões de Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia e de Direitos Humanos, nesta quarta-feira (15/09/1999). Durante a reunião, que debateu os efeitos negativos causados pelos vídeo games sobre as crianças e jovens, o vereador apresentou vários dados que comprovam a nocividade dos jogos.

De acordo com o vereador, a prática abusiva desses games causam sérios danos à saúde, tais como tendinite, surdez, ataques do coração e até mesmo epilepsia. Segundo ele, os jogos são compulsivos e estimulam a violência. "As crianças passam de cinco a dez horas jogando e cerca de três horas assistindo à televisão", afirmou. Ele informou, ainda, que, mesmo nos desenhos animados, são exibidos 20 crimes por hora.

Betinho Duarte disse que atualmente não existe nenhum tipo de controle da comercialização desses games. Segundo ele, mesmo aqueles jogos que já foram considerados prejudiciais e têm a sua venda ou locação proibida estão sendo pirateados e vendidos por camelôs ou através dos classificados de jornais. Foram apresentados como mais violentos os jogos Postal, Mortal Kombat, Doom, Requiem, Blood e Carmageddon, que é uma corrida de carros frenética onde o que vale mesmo é matar crianças e velhinhas. O vereador, durante a reunião, mostrou dois CDs piratas que comprou por meio de um anúncio de jornal. "Muitas pessoas podem pensar que vídeo game é coisa de rico. Não é, toda a população tem acesso", disse.

EROTIZAÇÃO PRECOCE
A deputada federal Maria Elvira (PMDB), que é presidente da Comissão de Educação, Cultura e do Desporto da Câmara dos Deputados, salientou, por outro lado, a erotização precoce que a mídia está causando nas crianças. Para ela, é preciso criar uma consciência coletiva da péssima qualidade da programação da TV e, também, do mal que causam os vídeo games. "Se não tomarmos alguma medida seremos tratorados pela máquina da televisão, do consumo", protestou. Segundo a deputada, o ibope e o dinheiro são os interesses da televisão, não importando o lixo que exibem e que contribuem para a formação de uma sociedade sem valores. "Estamos construindo uma cultura de violência e não de paz", salientou. O deputado João Paulo (PSD), que representou a Comissão de Defesa do Consumidor, também acredita que a televisão não tem nenhum compromisso com a sociedade. "A escola educa, e a televisão deseduca", afirmou.

Na opinião da psicóloga e psicanalista Maria Alice Palhano, a criatividade da criança está sendo tolida devido às mudanças das formas de lazer e também pela péssima qualidade da programação. Para ela, a socialização da criança e o convívio com outras pessoas são essenciais e, no entanto, elas estão ficando enclausuradas dentro de casa absorvendo um mundo grosseiro, hostil e violento. A deputada estadual Maria Tereza Lara (PT) reforçou a necessidade de conscientização da família e dos educadores. "É preciso que haja uma organização social para cobrar respeito a algumas leis que já existem", salientou.

DEBATE PÚBLICO
De acordo com o procurador da república em Minas Gerais, Fernando de Almeida Martins, esses jogos que estão sendo comercializados atuam como uma forma de doença, minando as forças da sociedade. Apesar de achar muito difícil, o procurador disse que é preciso agir contra esse crime de contrabando. Para o vereador Betinho Duarte, a polícia tem que entrar em ação.

Um debate público foi sugerido aos deputados presentes pelo vereador. Segundo ele, essa questão da violência dos vídeo games ainda precisa ser mais discutida. Ele também pediu que os deputados apresentassem um projeto de lei proibindo a venda e a distribuição desses jogos. "A Assembléia Legislativa tem um papel decisivo. Precisamos de ânimo e forças para enfrentar essa máfia", concluiu.

Presenças - Participaram da reunião os deputados estaduais Sebastião Costa (PFL); João Leite (PSDB); Marcelo Gonçalves (PDT); João Paulo (PSD); a deputada Maria Tereza Lara (PT); a deputada federal Maria Elvira (PMDB); o vereador de Belo Horizonte Betinho Duarte (PSB); a psicóloga e psicanalista Maria Alice Palhano; o procurador da República em Minas Gerais, Fernando de Almeida Martins; e o presidente da Estaca Belo Horizonte Oeste da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, Rodrigo Mhyrra.


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