Cemig e Copasa negam demissões ainda este ano
O presidente da Copasa, Marcelo Siqueira, e o diretor de Gestão Empresarial da Cemig, Stalin Amorim, descartaram nest...
24/08/1999 - 22:52Cemig e Copasa negam demissões ainda este ano
O presidente da Copasa, Marcelo Siqueira, e o diretor de Gestão Empresarial da Cemig, Stalin Amorim, descartaram nesta terça-feira (24/08/1999), a possibilidade de demissões nestas duas empresas nos próximos meses. Siqueira disse que o próprio governador Itamar Franco (PMDB) deu garantia de emprego, na última sexta-feira (20), aos funcionários da Copasa até janeiro do ano que vem. Amorim afirmou que servidores poderão ser realocados dentro da Cemig, em função da implantação de uma nova tecnologia de informática no último dia 1º de maio. Os dois participaram de reunião da Comissão do Trabalho, da Previdência e da Ação Social da Assembléia Legislativa.Marcelo Siqueira explicou que o assunto demissão surgiu numa reunião entre Itamar Franco, o presidente da Cemig Djalma Moraes e ele. Moraes teria explicado ao governador que um novo programa informatizado de unificação da gestão da empresa, denominado Programa Travessia, tornaria dispensável o trabalho de 400 servidores. E Siqueira, respondendo a Itamar sobre possível enxugamento na Copasa, afirmou que a estatal poderia reduzir seu quadro em 200 servidores. No entanto, afirmou, não havia a intenção de promover as demissões, pois dispensar funcionários não faz parte da política do governador Itamar Franco.
O dirigente da Copasa defendeu que a empresa apresente bons resultados financeiros, que seja economicamente viável e rentável. Ele ressaltou que, por ser estatal, a Copasa não visa o lucro mas nem por isso pode ser deficitária. Siqueira disse que atualmente a diretoria e os servidores estão numa "queda de braço" em relação ao corte de dois benefícios: a concessão de aumento salarial automático para todos os servidores e o pagamento de 2% de anuênio. De acordo com ele, essa questão será decidida pela Justiça.
CRÍTICA A POSSÍVEL PRIVATIZAÇÃO DE ESTATAIS
Marcelo Siqueira ainda fez discurso veemente contra a privatização tanto da Copasa quanto da Cemig, criticando a venda de 33% de ações desta última. Ele afirmou que os servidores têm de ser responsáveis ao discutir o corte de benefícios. Segundo seu raciocínio, esses cortes ajudarão a empresa a obter bom desempenho financeiro e, em caso contrário, os defensores da privatização da Copasa terão munição para usar contra os que são contrários à venda, argumentando que a empresa é inviável sob administração do Estado.
Durante a reunião, o presidente da Copasa, empresa que tem 9,6 mil funcionários, ainda defendeu o aumento das tarifas de água e esgoto. Ele argumentou que desde junho de 1998 a estatal não aumenta seus preços, sendo que os combustíveis já foram majorados em 50% e a energia elétrica em 20% nesse mesmo período.
DEMISSÕES NA CEMIG
O diretor de Gestão Empresarial da Cemig, Stalin Amorim, disse que muito se falou sobre demissões na empresa e que esclarecimentos eram necessários. Ele explicou que em 1998 a diretoria decidiu promover uma atualização tecnológica na Cemig, com a integração de diversas áreas através da implantação do Programa Travessia, nome dado ao programa de unificação de gestão R3 da empresa alemã SAP.
Esse programa foi implantado em 1º de maio deste ano e, ao longo dos 18 meses seguinte, fará com que não seja mais necessário o trabalho desenvolvido por cerca de 400 funcionários da Cemig. Nesse caso, disse, a empresa pretende realocar internamente esses servidores em outras funções. Ele ressaltou que é intenção da empresa realizar demissões nos próximos meses, pois está prevista, inclusive, a realização de concurso público, no início do próximo ano
O coordenador-geral do Sindicato dos Trabalhadores na Industria Energética de Minas Gerais (Sindeletro), Lúcio Guterres, cobrou do governador Itamar Franco um compromisso de campanha de não realizar demissões na Cemig. Disse que o documento com esse compromisso está guardado em um cofre do sindicato. Ele fez um relato do enxugamento feito na empresa nos últimos dez anos, quando o quadro caiu de cerca de 22 mil funcionários para cerca de 12 mil, sendo 2,3 mil no governo Eduardo Azeredo, em 1997 e 1998.
Segundo ele, a empresa hoje, com os parceiros internacionais, que compraram 33% da ações, já conta com a possibilidade de diminuir o índice de satisfação dos seus clientes para aumentar seus lucros. Guterres lamentou que os funcionários da Cemig, durante décadas considerados o principal capital da empresa, hoje sejam vistos como um problema.
AMEAÇA DE DEMISSÃO ERA INÉDITA NA COPASA
Já o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Purificação da Água (Sindágua), Sólon Pereira, afirmou que pela primeira vez na história da Copasa existe a ameaça de serem feitas demissões. Ele disse que se há trabalhador ocioso, atualmente, é por culpa da empresa. Sólon cobrou a concessão de reajuste salarial e da manutenção dos benefícios dos servidores da Copasa e salientou que eles não querem que o governador Itamar Franco faça uma moratória também em cima dos trabalhadores.
Durante os trabalhos, presididos inicialmente pelo deputado Ronaldo Canabrava (PSC) e, depois, pelo deputado Ivo José (PT), presidente da Comissão, o deputado Fábio Avelar (PPS), funcionário da Copasa durante 27 anos, disse ver com tristeza a possibilidade de demissões na empresa. O deputado Ivo José salientou que a Comissão estará sempre aberta para debates importantes como o sobre as possíveis demissões na Copasa e na Cemig. Também participaram dos debates o deputado Cristiano Canêdo (PTB) e Luiz Menezes (PPS). Os deputados aprovaram na reunião um projeto de lei que dispensa a apreciação do Plenário e a redação final de outras proposições.
Foram aprovados também três requerimentos do deputado Ivo José: o primeiro solicita que seja encaminhado ofício ao governador do Estado para que se estudem formas de evitar demissões de servidores da Copasa e Cemig; o segundo solicita que seja enviado ao presidente da República, ao governador do Estado, ao Ministério Público Federal e à Delegacia Regional do Trabalho manifesto "Não ao Trabalho Infantil" e abaixo-assinado resultante do Debate Público realizado na Assembléia no dia 16 de agosto; e o último que seja enviada correspondência à Área de Pessoal da Assembléia com pedido de esclarecimentos sobre reclamação formulada no CAC por Antônio Carlos Teodoro de Aguiar e, ainda, com o pedido de que informe ao interessado sobre seu processo de exoneração e seus possíveis direitos.
Responsável pela informação: Lucio Perez - ACS - 31-2907715