Presidente da Telemar explica pane

O presidente da Telemar, Ivan Ribeiro de Oliveira, admitiu, nesta terça- feira (29/06/1999), que a interrupção temporária do atendimento, ocorrida no último dia 8 de junho, às 20h35, foi causada pela explosão de um fusível de 100 ampères, localizado na central telefônica da praça Milton Campos. A explosão afetou parcialmente os serviços de telecomunicações da zona sul de Belo Horizonte e parte da Região Metropolitana. Ele participou de audiência pública da Comissão de Defesa do Consumidor da Assembléia Legislativa de Minas, realizada em conjunto com a Comissão de Defesa do Consumidor, Meio Ambiente e Minorias da Câmara dos Deputados.

Segundo Ivan Oliveira, a explosão atingiu um total de 87 mil terminais, o que corresponde a apenas 3,9% dos terminais da empresa. Ela também provocou o comprometimento parcial de entroncamentos locais, bem como de algumas estações radiobase do serviço móvel celular. Interrogado pelo presidente da Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados, Flávio Derzi (PMDB-MS), sobre as causas da explosão, Ivan Oliveira explicou que, no dia seguinte ao fato, a Telemar contratou o Laboratório de Extra e Alta Tensão do Departamento de Engenharia Elétrica da UFMG para elaborar um laudo técnico. No laudo, a explosão foi classificada como um fato "inesperado, anormal e atípico".

A audiência pública foi solicitada pelo deputado federal João Magno (PT- MG), por meio de um requerimento encaminhado à Assembléia mineira. De acordo com o presidente da Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados, Flávio Derzi (PMDB-MS), o objetivo dos deputados estaduais e federais é realizar um trabalho de fiscalização, levantando os principais problemas relacionados à qualidade dos serviços prestados, aos consumidores, pelas companhias de telefonia fixa e móvel. A outra meta é propor e executar ações para sanar eventuais irregularidades.

O presidente da Telemar disse, ainda, que a manutenção preventiva da empresa é feita a cada 90 dias, de acordo com as normas técnicas. "A última manutenção realizada no local do acidente ocorreu em abril, não tendo sido constatada qualquer anormalidade", afirmou. Ele ressaltou que a empresa atende a uma população superior a 15 milhões de habitantes, o que corresponde a 92% da população mineira. "Atendemos a mais de três mil localidades. São 314 mil terminais telefônicos instalados e mais de 50 mil telefones de uso público em funcionamento", disse.

CRÍTICA À TELEMAR
Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Telecomunicações de Minas Gerais (Sintel-MG), Pedro Jaime Ziller de Araújo, a privatização do setor de telefonia aumentou o desemprego e a sobrecarga de trabalho, mas teve como conseqüência também a redução do número de horas- extras e plantões. "A Telemar Minas cortou 30% do pessoal destinado às atividades de rede externa, comutação e transmissão", ressaltou.

Na sua opinião, o que aconteceu na Telemar foi um acréscimo de demanda de energia, do mesmo tipo que vitimaria qualquer tomada onde fossem ligados, ao mesmo tempo, um chuveiro elétrico, um ferro de passar e um ebulidor. "O que houve foi um aumento significativo do número de linhas telefônicas penduradas numa planta sem o correspondente investimento em infra-estrutura", completou.

O coordenador do Procon estadual, Antônio Joaquim Fernandes Neto, defendeu os direitos dos usuários dos serviços de telefonia que foram prejudicados pela pane e destacou que é de responsabilidade da companhia indenizar os clientes. "A violação dos direitos dos usuários acarreta multa de até R$ 30 mil", informou. O coordenador do Procon de Belo Horizonte, Rodrigo Campos, sugeriu a realização de convênios entre os Procons municipais e a Anatel para aumentar a fiscalização nas companhias telefônicas. O presidente da Telemar concordou com Rodrigo e apontou a importância da participação do Ministério Público nos convênios.

O presidente da Federação dos Trabalhadores em Telecomunicações (Fitel), Luiz Antônio Souza Lima, questionou, ainda, as promessas feitas pelas companhias telefônicas antes das privatizações, entre elas o aumento de empregos no setor, a melhoria da qualidade dos serviços e a redução de tarifas. O deputado federal João Magno (PT-MG) apoiou Luiz Antônio e protestou contra o aumento de 17% das tarifas telefônicas.

ANATEL NÃO COMPARECE
O deputado Flávio Derzi protestou, ainda, contra o não-comparecimento, na reunião, do presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Renato Navarro Guerreiro. Informou que a Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados vai levar ao conhecimento do ministro das Comunicações, Pimenta da Veiga, o que chamou de desinteresse da Anatel. O presidente da Comissão de Defesa do Consumidor da Assembléia, deputado João Paulo (PSD), apoiou a fala do deputado federal Flávio Derzi. Acrescentou, ainda, que as duas comissões - da Assembléia e da Câmara dos Deputados - vão encaminhar ao Presidente da República um manifesto de repúdio pela ausência do presidente da Anatel na reunião.

TELEMIG CELULAR
O diretor-superintendente da Telemig Celular, Luiz Gonzaga Leal, foi questionado pelos deputados sobre as vantagens do telefone celular a cartão e disse que o celular card surgiu para atender aos consumidores que recebem muitas ligações, mas não fazem muitas chamadas. "Com um único cartão de 10 unidades, o cliente recebe ligações durante seis meses, apesar de fazer poucas chamadas", explicou.

Presenças - Compareceram à reunião os deputados estaduais João Paulo (PSD), presidente da Comissão de Defesa do Consumidor da Assembléia; José Braga (PDT), 1º-vice-presidente da Assembléia; Bené Guedes (PDT) e Maria José Haueisen (PT); além dos deputados federais João Magno (PT-MG), Paulo Baltazar (PSB-RJ), Paulo de Almeida (PPB-RJ), Régis Cavalcante (PPS-AL), Vittório Medioli (PSDB-MG), Luiz Bittencourt (PMDB-GO), Pastor Germano (PFL-BA) e Ronaldo Vasconcellos (PFL-MG).

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Responsável pela informação: Ana Paula - ACS - 031-2907715