Especialistas apontam falta de recursos para C&T
A falta de recursos está impedindo a plena realização do potencial de pesquisa do Estado de Minas Gerais. A informaçã...
29/06/1999 - 21:37Especialistas apontam falta de recursos para C&T
A falta de recursos está impedindo a plena realização do potencial de pesquisa do Estado de Minas Gerais. A informação é do presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de Minas Gerais (Fapemig), Daison Olzany Silva, que participou nesta segunda-feira (28/06/99) do Debate Público "Investimento em Ciência e Tecnologia faz o Desenvolvimento Social", promovido pela Comissão de Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia da Assembléia Legislativa de Minas Gerais.Segundo Daison Olzany, 3.241 projetos de pesquisa e 7.511 bolsas de estudos foram financiados pela Fapemig em 1998, totalizando mais de US$ 120 milhões, e mesmo assim não foram suficientes para atender à demanda do Estado. O deputado Paulo Piau (PFL), autor do requerimento que resultou no debate, também advertiu para os problemas que a falta de investimento em pesquisa pode trazer para o Estado. "É preciso mostrar que aplicar em ciência e tecnologia é investir no futuro" salientou.
O presidente do Fórum das Instituições Federais de Ensino Superior Mineiras (Ifes) e reitor da Universidade Federal de Lavras (Ufla), professor Fabiano Ribeiro do Vale, também criticou o baixo investimento do Estado em Ciência e Tecnologia, mas ressaltou que, ainda assim, mesmo investindo bem menos que São Paulo, por exemplo, Minas apresentou um melhor desempenho no resultado das pesquisas de avaliação dos cursos de pós-graduação.
O investimento nas instituições de ensino superior de Minas Gerais, de acordo com os dados apresentados pelo professor, é de R$ 130 milhões por mês, enquanto São Paulo recebe cerca de R$ 700 milhões. Minas Gerais recebe R$ 80 milhões do governo e R$ 50 milhões da Fapemig. "Esta é uma das grandes desvantagens enfrentadas pelo Estado", registrou o professor.
O corpo docente das 12 instituições federais superiores do Estado é composto por 6.533 integrantes. Entre eles, 76% são mestres e doutores e 91% doutores. Ao todo, o Estado oferece 175 cursos de especialização, 124 de mestrado e 60 de doutorado. São quase 12 mil projetos em andamento tratando sobre temas do mais alto interesse do Estado e da sociedade.
A secretária de Estado de Ciência e Tecnologia, Margareth Spangler Andrade, disse que ser necessário uma integração e otimização de esforços para a promoção do desenvolvimento científico e tecnológico. Ela disse que o objetivo da secretaria é o de implantar as diretrizes que irão criar um ambiente favorável para este desenvolvimento. A representante do Instituto Euvaldo Lodi, da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Gláucia Magela Nunes, depois de fazer um relato sobre os trabalhos feitos pela instituição em prol da pesquisa mineira, reafirmou a prioridade que estes investimentos têm para a instituição.
A presidente da Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais (Cetec) e representante das Instituições Estaduais de Pesquisa de Minas Gerais, Magdala Alencar Teixeira, encerrou a fase de exposição também defendendo a importância dos projetos de pesquisa e a necessidade de o Estado investir mais em Ciência e Tecnologia.
DESAFIOS DO GOVERNO
O principal desafio do Governo de Minas na área de Ciência e Tecnologia hoje é planejar e executar ações de desenvolvimento tecnológico e científico, paralelamente ao ajuste financeiro do Estado. A opinião é do secretário- adjunto de Estado da Fazenda, Flávio Riani, que afirmou que as dificuldades econômicas não são problemas específicos da Ciência e Tecnologia, mas de todos demais setores do governo. "As demandas por recursos são muitas, em todas as áreas", disse ele. Segundo o secretário, é necessário estabelecer critérios e prioridades no repasse de verbas para que setores como a Ciência e Tecnologia não saiam prejudicados e sejam deixados de lado na divisão de recursos.
Para a representante da Secretaria de Estado do Planejamento e Coordenação Geral, Nilcéia Moraleida Bernardes, as diretrizes básicas de atuação da pasta para a área de Ciência e Tecnologia fazem parte de uma política comum às outras áreas do governo: promover ações de desenvolvimento sustentável, estimular a participação da sociedade na elaboração dos projetos e planejar e executar ações de desenvolvimento regional. Segundo ela, essas três diretrizes estão inseridas em um quadro de prioridades do Governo do Estado, tanto dentro das áreas de atuação das Secretarias como na interação entre elas.
De acordo com o deputado Adelmo Carneiro Leão (PT), a falta de recursos não pode servir de justificativa para o governo não investir em Ciência e Tecnologia. Para o deputado Mauro Lobo (PSDB), a área é estratégica dentro de um projeto de desenvolvimento econômico, social e político de qualquer país do mundo, e deve ser vista como prioridade dentro de um programa de governo para um estado como Minas Gerais.
Participaram do debate público os deputados Sebastião Costa (PFL), Dalmo Ribeiro Silva (PSD), Paulo Piau (PFL), Mauro Lobo (PSDB), Adelmo Carneiro Leão (PT), Wanderley Ávila (PSDB), Márcio Kangussu (PSDB), Hely Tarquínio (PSDB), Fábio Avelar (PSDB), Rêmolo Aloise (PFL), Ailton Vilela (PSDB).
Responsável pela informação: Carolina Braga - ACS - 031-2907715