Comissão de Saúde avalia Programa de Saúde da Família

O Programa de Saúde da Família (PSF) é uma das estratégias mais viáveis e organizadas do Modelo Assistencial, de acor...

25/06/1999 - 06:21

Comissão de Saúde avalia Programa de Saúde da Família

O Programa de Saúde da Família (PSF) é uma das estratégias mais viáveis e organizadas do Modelo Assistencial, de acordo com a coordenadora do PSF da Secretaria de Estado da Saúde, Maria Rizoneide Negreiros Araújo. Rizoneide destacou que a maior dificuldade dos PSFs é, ainda, a falta de recursos humanos e apresentou as propostas da Coordenação Estadual para incentivar a expansão do programa: a normatização dos mecanismos de implantação do PSF, a capacitação e educação permanente para os que estão atuando e formação do especialista em saúde da família.

Em audiência pública da Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa, realizada nesta quinta-feira (24/06/1999), para discutir os PSFs, ela explicou as exigências feitas aos municípios para implantar o programa, alertando para a composição básica de uma equipe: médico, enfermeiro, auxiliar de enfermagem e agentes comunitários de saúde. Segundo ela, os agentes comunitários de saúde fazem visitas diárias, sendo cada um responsável por 400 a 750 pessoas, e o médico, o enfermeiro e o auxiliar de enfermagem fazem visitas programadas, sendo responsáveis por 2.400 a 4.500 pessoas.

O secretário adjunto de Estado da Saúde, Hélio Áreas, afirmou a União repassa para o programa aproximadamente R$ 28 mil por equipe, e que o Estado completa os recursos com o ICMS, repassado aos municípios. O secretário apontou algumas distorções que impedem o bom desempenho do programa no Estado como, por exemplo, o crescimento desordenado das equipes, que de 94 a 97 passaram de 50 para 500. Esse número, de acordo com o Ministério da Saúde, chegou a 768 equipes, segundo Áreas. Ele destacou como causas principais deste crescimento a falta de um supervisão das equipes e a alta rotatividade dos profissionais devido à inexistência do piso salarial.

PÓLOS DE CAPACITAÇÃO
Em Minas Gerais existem apenas dois pólos que trabalham com a capacitação de recursos humanos, um em Belo Horizonte, na UFMG, e outro em Juiz de Fora, na UFJF, informou a coordenadora do Núcleo de PSF da UFMG, Maria José Cabral Grillo. Segundo ela, o Pólo de Capacitação, Formação e Educação Permanente de Pessoal para Saúde da Família foi estabelecido por meio de convênio entre a União, Ministério da Saúde e a UFMG. Ele tem como objetivo apoiar a implementação do PSF no Estado e aprimorar as ações básicas de saúde, atuando na formação de recursos humanos e desenvolvimento de novas tecnologias na assistência e no ensino.

O consultor da Organização Mundial de Saúde (OMS), Eugênio Vilaça, fez um paralelo entre o funcionamento dos PSFs no Brasil e no exterior e elogiou a qualidade do serviço de capacitação prestado pela UFMG. Ele ressaltou que o grande desafio da OMS é envolver todas as universidades no Pólo de Capacitação, pois, "não se cadastra PSF sem se fazer um treinamento introdutório".

EXPERIÊNCIAS NOS MUNICÍPIOS
O prefeito de Caeté, Raul Messias, contou sua experiência com o PSF, que tem nove equipes. "Faltam medicamentos, material didático para formação de equipes, treinamento, e principalmente, existe muita dificuldade de entrosamento com os hospitais", declarou Messias. Em contrapartida, a secretária Municipal de Saúde de Perdões, Miriam Araújo Coelho Tibúrcio, apresentou os resultados positivos de sua única equipe. Ela disse que a implantação da equipe foi precedida de um amplo planejamento, para conhecer a comunidade com o trabalho de assistentes sociais. "Minha equipe conseguiu reduzir as internações hospitalares", contou. Segundo Miriam, o trabalho no PSF de Perdões funciona com os seguintes critérios: farmácia básica, atendimento imediato nas policlínicas e uma relação de confiança médico/paciente. "Para fazer parte da equipe o profissional precisa saber a história da região, suas formas de hierarquia e a cultura sanitária predominante", finalizou.

O prefeito de Itaparuba, Paulo Ladeira, afirmou que o PSF em sua cidade é cumprido integralmente e que o índice de mortalidade infantil é zero, há dois anos. Ele reivindicou a possibilidade dos municípios que cumprem todas as finalidades do programa receberem mais recursos que os outros.

O deputado Adelmo Carneiro Leão (PT) disse que os municípios têm que buscar ações de apoio e convênio com o Estado, para assegurarem um funcionamento mínimo do Programa de Saúde da Família. Ele ainda apresentou duas propostas: responsabilizar a Secretaria de Saúde pela disponibilidade de recursos humanos e criar um plano de saúde para ser desenvolvido nas universidades.

REQUERIMENTOS APROVADOS
A Comissão aprovou também dois requerimentos. O deputado Márcio Kangussu (PSDB) solicitou que a Comissão interceda junto à Secretaria de Estado da Saúde, para que seja incluído em cada equipe de profissionais do Programa de Saúde da Família um odontólogo. O outro requerimento, do deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSD), solicita informações sobre a estrutura e funcionamento do MG Transplantes, responsável pela captação de órgãos no Estado.

PRESENÇAS
Compareceram à reunião os deputados Cristiano Cânedo (PTB) - presidente e autor do requerimento que originou a reunião; Dalmo Ribeiro Silva (PSD), Arlen Santiago (PTB), Adelmo Carneiro Leão (PT), Ronaldo Canabrava (PSC), além do presidente do Colegiado de Secretários Municipais de Saúde (Cosems), Élcio Silva Dias.


Responsável pela informação: Ana Paula - ACS - 031-2907715