Elena Landau e Mendonça de Barros falam à CPI da Cemig

A CPI da Cemig ouve, nesta quarta-feira (23/06/1999), a representante do Conselho de Administração da companhia Elena...

23/06/1999 - 06:19

Elena Landau e Mendonça de Barros falam à CPI da Cemig

A CPI da Cemig ouve, nesta quarta-feira (23/06/1999), a representante do Conselho de Administração da companhia Elena Landau e o ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) Luiz Carlos Mendonça de Barros. Os depoimentos serão, respectivamente, às 9h30min e às 15 horas, no Auditório e no Plenarinho IV. Segundo o presidente da CPI, deputado Adelmo Carneiro Leão (PT), entre as questões a serem abordadas está a intervenção direta do BNDES no processo que culminou na venda de 33% das ações ordinárias da Cemig. O deputado quer saber como a negociação foi conduzida; o porquê do adiantamento de recursos pelo banco ao Estado através de convênio firmado com a MGI Minas Gerais Participações; bem como os motivos da concessão, pelo banco, de um empréstimo à empresa compradora das ações - a Southern Electric Brasil Participações -, a juros baixos e em melhores condições que as oferecidas ao Estado.

Elena Landau, que era diretora da Área de Privatização do BNDES à época do convênio com a MGI, também deverá relatar aos deputados sua passagem da esfera pública para a privada. "Ela passou da condição de vendedora das ações para representante do comprador. Queremos saber quais são essas ligações e suas implicações no que diz respeito aos interesses do Estado e da empresa compradora", afirma o deputado. Elena Landau teria se tornado consultora do Banco Opportunity em 1997 e hoje é membro do Conselho de Administração da Cemig. Como foi noticiado pela imprensa, alguns dias depois do leilão, a Southern Electric transferiu 90,6% das suas cotas para a Cayman Energy Traders, empresa constituída nas Ilhas Cayman, pertencente à Southern Energy International (51%) e à AES (49%). O outro acionista, com 9,4% das cotas, é a empresa 524 Participações, ligada ao Banco Opportunity.

Segundo o presidente Adelmo Carneiro Leão, os depoimentos de Landau e Mendonça de Barros são importantes e trarão ainda mais contribuições à CPI se puderem esclarecer questões ainda não respondidas. Entre elas, a organização das empresas compradoras das ações e a possibilidade de ter havido cartelização no processo, além do eventual pagamento ou não de comissões, bem como seus valores. Pelo relato dos depoimentos dados até agora, o balanço que o presidente faz dos trabalhos da CPI é que foi irregular o processo de negociação da venda das ações da Cemig. Alguns depoentes afirmaram, destaca o deputado, que teria havido inclusive prejuízos para a empresa, com a desvalorização das ações remanescentes. "O negócio não foi bom nem para a Cemig nem para Minas Gerais", afirma.

NOVOS DEPOIMENTOS
Outros depoimentos estão agendados para o mês de junho. No próximo dia 29, os deputados vão ouvir um representante da Companhia Paranaense de Eletricidade (Copel). A empresa foi pré-qualificada, mas acabou não participando do lance final do leilão das ações da Cemig. Segundo o presidente, os parlamentares querem saber o porquê desta mudança. No dia 30, foi convidado a comparecer à reunião José de Castro Ferreira, presidente da Comissão Especial de Estudos Avançados, Constitucionais e Legais - formada por determinação do governador Itamar Franco. O autor do requerimento convidando Ferreira, deputado Antônio Andrade (PMDB) - relator da CPI -, quer saber se a comissão detectou alguma irregularidade no processo de alienação das ações da Cemig. A comissão já colheu, até agora, o depoimento de 23 pessoas, no período de março a junho. Os trabalhos, que terminariam no próximo dia 30, foram prorrogados por mais 60 dias.


Responsável pela informação: Fabiana Oliveira - ACS - )31-2907715