ONGs reivindicam parcerias para combate à Aids

O índice de mortalidade por Aids sofreu uma redução, mas a doença tem cada vez mais se "proletarizado". A afirmação f...

18/06/1999 - 06:20

ONGs reivindicam parcerias para combate à Aids

O índice de mortalidade por Aids sofreu uma redução, mas a doença tem cada vez mais se "proletarizado". A afirmação foi feita, nesta quinta-feira (17/06/1999), pelo psicólogo Francisco Viana, da Coordenação Estadual do Programa DST/AIDS da Secretaria de Estado da Saúde, em reunião conjunta das Comissões de Saúde e de Direitos Humanos, destinada a discutir políticas públicas para a prevenção e combate à Aids em Minas Gerais. Segundo o deputado Edson Rezende (PSB), presidente da comissão, a Aids é a quarta causa de mortes em todo o mundo, absorvendo 60% dos gastos com medicamentos no País.

De acordo com Francisco Viana, a epidemia está mudando de cara. Ela tem atingido jovens a partir dos 20 anos e, em sua maioria, mulheres. Ele disse que a coordenação tem tentado contornar o problema, por meio da distribuição efetiva de preservativos e de programas de prevenção nas escolas estaduais. Entre eles, os projetos "Afetivo sexual", "Salto para o futuro" e "TV Interativa".

HOSPITAL ESPECIALIZADO
A diretora hospitalar da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), Sônia Lúcia Cardoso Suignard, afirmou que o Eduardo de Menezes é um hospital referência, na cidade, no tratamento da Aids e doenças sexualmente transmissíveis. Segundo ela, o hospital tem 127 leitos, mas está operando somente com 80. Para o tratamento de pacientes com Aids, o hospital oferece ainda o Centro de Atendimento e Apoio Sorológico (COAS), o internamento domiciliar e o serviço hospital-dia. Algumas ações devem ser implementadas no hospital neste segundo semestre, como a abertura de mais 20 leitos, a inauguração do ambulatório, a ampliação do atendimento domiciliar e o atendimento a toda rede carcerária - hoje com um número bem maior de pacientes contaminados, acrescentou Sônia Suignard.

Com 12 anos de trabalho, o Grupo de Apoio e Prevenção à Aids (Gapa) também presta um serviço especializado aos portadores do HIV. Segundo o presidente do Gapa, Roberto Chateaubriand Domingues, o que precisa ser reavaliado no sistema é a capacitação profissional, para ampliação da rede de assistência. Domingues apresentou, ainda, um desafio aos representantes das organizações não-governamentais (Ongs): estabelecer em Minas Gerais programas de prevenção de fato e não deixar só para o governo estadual resolver a questão. "Conscientizar toda a população sobre a importância do uso do preservativo é a meta do Gapa", acrescentou.

PARCERIAS NECESSÁRIAS
Dária Alcaino das Zoffo, representante do Grupo Vhiver, garantiu que os recursos não são suficientes para melhorar o atendimento e expandir o número de hospitais que atuam na área. "Precisamos de vontade política, de parcerias. Não adianta o Gapa, o Vhiver ou outras organizações trabalharem sozinhas", afirmou.

O representante do Projeto Minha Casa, Kleiner Eler de Moura, apoiou o Grupo Vhiver e disse que ele já trabalha em parceria com a Assistência Domiciliar Terapêutica (ADT). Segundo ele, o governo está muito distante do dia-a-dia dos pacientes com Aids, bem como de suas dificuldades. "È preciso socializar conhecimentos, experiências e recursos", destacou. Ele sugeriu ainda que, nas próximas reuniões destinadas a debater o assunto na Assembléia, estejam presentes pacientes contaminados.

A presidente da Hemominas, Ana Bárbara de Freitas, colocou a fundação à disposição de todas as Ongs, reafirmando a importância da união de todos para minimizar os problemas relacionados à Aids. Já o deputado Adelmo Carneiro Leão (PT) ressaltou a necessidade de que pelo menos 10% dos recursos do Estado sejam aplicados na área da saúde, apresentando ainda a proposta de realização de um fórum técnico para discutir o combate às doenças sexualmente transmissíveis.

PRESENÇAS
Compareceram à reunião os deputados Edson Rezende (PSB), que a presidiu, Adelmo Carneiro Leão (PT), Glycon Terra Pinto (PPB), Carlos Pimenta (PSDB), César de Mesquita (PMDB) e a deputada Maria Tereza Lara (PT), além da coordenadora municipal do Programa de DST/AIDS da Secretaria Municipal de Saúde, Palmira Bonolo, e do médico Mário Lúcio Wanes, da Secretaria de Estado da Saúde.


Responsável pela informação: Ana Paula - ACS - 031-2907715