Estudos podem reativar Mina de Raposos

Existiram razões concretas e econômicas para o fechamento da mina de Raposos, uma delas a iminente queda do preço do ...

09/06/1999 - 23:42

Estudos podem reativar Mina de Raposos

Existiram razões concretas e econômicas para o fechamento da mina de Raposos, uma delas a iminente queda do preço do ouro, que nos últimos cinco anos promoveu o fechamento de 57 minas de ouro em todo o mundo, gerando aproximadamente 180 mil desempregados. A afirmação foi feita pelo diretor de Operações da Mineração Morro Velho, João Alberto Nascimento Vieira, durante audiência pública, realizada ontem (8/6/99), em Raposos, pela Comissão do Trabalho, da Previdência e da Ação Social, com a participação de representantes de entidades públicas e privadas da região, que discutiram propostas para a reativação da mina de Raposos, na busca da recuperação da economia regional e dos postos de trabalho perdidos ao longo dos últimos dez anos.

Segundo João Alberto Vieira, a Morro Velho tomou a decisão de paralisar a mina de Raposos em maio de 1998, pelo fato de que a mina vinha dando prejuízo desde 1990. Neste período de oito anos, o prejuízo acumulado foi de US$ 55 milhões, e mais de US$ 33 milhões de investimentos não foram recuperados. Vieira declarou que o que levou ao fechamento da mina foi essencialmente o critério econômico; logo, disse ele, o fator determinante para a sua abertura será econômico. "Pior que mantê-la fechada, é assumir de forma demagógica e irresponsável a sua reabertura e ter que fechá-la logo após", destacou. Em contrapartida, ele apresentou algumas condições para a reabertura da mina, como o preço do metal e a economicidade; dimensionamento de reserva lavrável; definição de método de lavra e layout de mina; disponibilidade de planta de tratamento; além de programas de investimentos.

CRIAÇÃO DE COOPERATIVAS
O deputado Rogério Correia, líder da bancada do PT na Assembléia, autor do requerimento que possibilitou a reunião, demostrou a sua preocupação com a formação de cooperativas de trabalho na região, como forma de garantir os direitos dos trabalhadores, como a manutenção de emprego e salário.

O presidente do Sindicato do Trabalhadores na Indústria da Extração de Ouro e Metais Preciosos de Nova Lima e região, Elias Rodrigues de Jesus, apoiou o deputado na criação das cooperativas, dizendo que essa questão precisa ser aprofundada. "As cooperativas vão balancear o preço da produção e o preço do ouro", afirmou o chefe do 3º Distrito do Departamento Nacional de Pesquisa Mineral (DNPM), Edwaurd Álvares de Campos Abreu.

REATIVAÇÃO DA MINA
O secretário-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Setor Mineral (CNTSM), João César de Freitas Pinheiro, apresentou dois pontos importantes que precisam ser avaliados para a reativação da mina: a posição do empresário, que visa o lucro, e dos trabalhadores, que querem a garantia do emprego e do salário. Segundo ele, a redução do custo do ouro também não basta para a mina ser ativada novamente, pois "precisamos da colocação da mina no mercado e de grupos estratégicos para disputar mercados". O secretário apontou a sua preocupação com o meio ambiente, que é mais atingido com uma mina parada, do que em ativação.

O representante do secretário estadual de Minas e Energia, José Fernado Coura, ressaltou que a mina de Raposos já chegou a empregar 350 trabalhadores e hoje tem somente 12 empregados, desenvolvendo atividades diversas de conservação das instalações tanto em superfície como em subsolo, o que quer dizer a manutenção da mina.

A proposta apresentada pela Comissão do Trabalho, após vários depoimentos a respeito das condições de trabalho da população da cidade, depois da desativação da mina, foi a formação de um grupo de trabalho, que irá avaliar a possibilidade de criação das cooperativas. O grupo contaria com a participação da Assembléia Legislativa, das prefeituras municipais de Raposos, Nova Lima, Caeté, Sabará e Rio Acima, representantes da Morro Velho, de sindicatos, do Departamento Nacional de Pesquisa Mineral, e da superintendência da Secretaria de Minas e Energia, na busca de resultados num prazo máximo de 60 dias. A primeira reunião de trabalho foi marcada pelo presidente da Comissão, deputado Ivo José (PT), para o dia 14 de junho, às 14 horas, na Assembléia.

Presenças: Estavam presentes na reunião os deputados Ivo José (PT), que a presidiu, Cristiano Canêdo (PTB), Luiz Menezes (PPS) e Rogério Correia (PT), além de Priscila de Carvalho Oliveira, representando o secretário estadual da Indústria, Comércio e Turismo; João Alberto Nascimento Vieira, diretor de Operações da Mineração Morro Velho; Cleber Solano de Castro, prefeito de Raposos; Raul Messias Franco, prefeito de Caeté; Gilberto Silvestre Luziano, presidente da Câmara Municipal de Raposos; Edwaurd Álvares de Campos Abreu, Chefe do 3º Distrito do DNPM; João César de Freitas Pinheiro, secretário-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Setor Mineral - CNTSM; Cláudio Scliar, do Instituto de Geociências da UFMG; Elias Rodrigues de Jesus, presidente do Sindicato do Trabalhadores na Indústria da Extração de Ouro e Metais Preciosos de Nova Lima e região e José Fernando Coura, representando o secretário estadual de Minas e Energia.


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