Major diz que violência nas escolas é menor que a noticiada
O major Renato Vieira de Souza, do 8º Comando Regional de Policiamento da Capital, afirmou, durante reunião conjunta ...
02/06/1999 - 23:08Major diz que violência nas escolas é menor que a noticiada
O major Renato Vieira de Souza, do 8º Comando Regional de Policiamento da Capital, afirmou, durante reunião conjunta das Comissões de Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia e de Direitos Humanos da Assembléia realizada nesta quarta-feira (02/06/1999), que a situação de violência e criminalidade nas escolas de Belo Horizonte não é uma "epidemia" com está sendo publicado diariamente pela imprensa. Ele apresentou algumas medidas já adotadas pelo CPC, como a instalação do Disque Escola-Segura, em parceria com a Telemar, desde 7 de maio; o lançamento do policiamento ostensivo nas escolas onde a situação de segurança é mais crítica, desde o dia 30 de abril; e a realização de palestras educativas nas escolas que solicitam apoio da Polícia Militar nesse sentido.De acordo com uma pesquisa desenvolvida na região do 8º Comando Regional da Polícia Militar, que compreende as cidades de Belo Horizonte, Sabará e Caeté, com 908 diretores de escolas públicas, no período de janeiro a maio de 1999, 284 ocorrências foram registradas, referentes a violência e criminalidade, sendo 53 atentados de bomba, 157 arrombamentos, 59 danos nos estabelecimentos educacionais e 15 portes ilegais de armas.
A pesquisa também possibilitou detectar as causas da violência nas escolas, que segundo o major, são referentes à decadência de valores morais e éticos; à influência das transformações sociais na vida familiar; ao descrédito nos órgãos do Sistema de Defesa Social; à falta de apoio aos professores para o exercício da profissão; à falta de comunicação e de atividade de lazer para os alunos; e, principalmente, à perda de autoridade dos professores em relação aos alunos.
O major apresentou ainda aos deputados um projeto que está sendo realizado pela polícia militar para tentar diminuir a violência nas escolas com ações emergenciais, de modo a integrar os alunos, a comunidade e os órgãos do Estado e Município envolvidos direta e indiretamente na questão.
SINDICALISTA DEFENDE CONCURSO PÚBLICO
A presidente da Federação de Pais e Alunos das Escolas Públicas de Minas Gerais, Iedyr Bambirra, concordou com todas causas e ainda defendeu a melhoria do quadro de professores, com a abertura de concurso público, acabando com os contratados. Iedyr defendeu ainda a abertura de espaços culturais, de esporte e artes nas escolas, na tentativa de diminuir a violência. O presidente da União Metropolitana dos Estudantes Secundaristas (Umes), Nelson Abuid Moreira, sugeriu a implantação de aulas de canto, de dança e educação religiosa, hoje extintas nas escolas públicas do Estado.
A subsecretária de Desenvolvimento Educacional da Secretaria de Estado da Educação, Marli Moisés, afirmou que pasta instalou o programa "Agenda da Paz", no início do Governo Itamar Franco, para contrapor a violência nas escolas públicas com a paz. Segundo ela, o programa é uma iniciativa da Secretaria da Educação, em parceria com a Comissão de Educação da Assembléia e várias entidades ligadas a área, que visa desenvolver ações para aumentar a solidariedade, a cooperação, a justiça social e a cidadania dentro das escolas, além de promover o retorno dos grêmio estudantis para que os alunos possam se organizar e participar para combater a violência.
DEPUTADA QUER DIMINUIÇÃO DE POLICIAMENTO
A deputada Maria José Haueisen (PT) disse que atividades extracurriculares podem diminuir a formação de gangues e, consequentemente, da violência. Ela mencionou a perda da autoridade dos professores destacado na pesquisa do 8º Comando da Polícia Militar, afirmando que "jovem não gosta de autoridade e não autoritarismo".
Algumas outras propostas foram feitas pela deputada, como, por exemplo, o desenvolvimento de um trabalho de conscientização com os professores para saber ouvir os alunos, além da diminuição do policiamento na porta das escolas, pois, em sua avaliação, ao invés de melhorar pode agravar a situação. "O aluno se sente agredido quando é policiado", destacou.
A secretária adjunta da Secretaria de Estado da Educação, Maria José Feres, ressaltou que "autoridade se constrói com competência e respeito. O professor constrói a sua autoridade". O deputado Edson Rezende (PSB) finalizou a reunião anunciando a realização do Seminário de Educação, que será realizado pela Assembléia, em agosto, justamente para discutir a questão do ensino, com a participação da Secretaria de Estado da Educação, pais, professores, alunos e entidades civis organizadas.
Participaram da reunião, entre outros, os deputados Sebastião Costa (PFL) - presidente, João Leite (PSDB), Marcelo Gonçalves (PDT), Maria Tereza Lara (PT), Edson Rezende (PSB), Maria José Haueisen (PT), João Paulo (PSD) e Antônio Júlio (PMDB), além de Élcio Rezende, representando a secretária de Educação de Belo Horizonte, Maria Ceres.
Responsável pela informação: Ana Paula - ACS - 031-2907715