Encontro busca alternativas para a indústria do álcool
Secretários de Estado, trabalhadores e produtores rurais, parlamentares, representantes de sindicatos e associações p...
01/06/1999 - 20:23Encontro busca alternativas para a indústria do álcool
Secretários de Estado, trabalhadores e produtores rurais, parlamentares, representantes de sindicatos e associações patronais defenderam a adoção de uma política que efetivamente possibilite e estimule a produção do açúcar e do álcool no país. O debate aconteceu durante reunião da Comissão do Trabalho, da Previdência e da Ação Social, que se reuniu extraordinariamente nesta segunda-feira, no Plenário da Assembléia. A produção de automóveis movidos a álcool foi apontada como um dos principais fatores de garantia de manutenção e geração de empregos no setor.O secretário de Estado da Indústria, Comércio e Turismo, Geraldo Rezende, disse que a Secretaria tem discutido com entidades, como a Fetaemg, a Anfavea, a Cemig e o Sindicato da Indústria de Fabricação do Álcool, propostas para o Programa de Renovação da Frota de Veículos, que está sendo discutido pelo governo Federal e que pretende incentivar a troca de veículos com mais de dez anos de uso. Segundo o secretário, foram apresentadas propostas no sentido de que os carros movidos a álcool sejam priorizados pelo Programa.
A Secretaria de Planejamento, Manoel Costa, defendeu que o álcool seja produzido nas pequenas e médias propriedades em todo o Estado, o que geraria a redução dos custos da produção, do preço final do produto e o aumento de empregos no setor. Segundo ele, as usinas hoje produtoras de açúcar e álcool estão fechando porque não tem incentivos por parte do governo Federal .
GOVERNO ABANDONOU PRÓ-ALCOOL
O preisdente da Federação dos Trabalhadores Agrícolas do Estado de Minas Gerais (Fetaemg), Vilson Luiz da Silva, criticou a falta de incentivo ao Pró- alcool e acusou o governo federal de não ter uma política efetiva de geração de empregos no país. Segundo ele, cerca de 15 mil trabalhadores dependem do corte direto da cana no Estado. "Por falta de opção, lutamos pela garantia desses empregos", disse. O presidente do Sindicato dos Eletricitários (Sindieletro), Lúcio Guterrez, disse que o país "acertou ao criar uma alternativa de combustível com o Pró-alcool", mas apontou alguns problemas no Programa. Segundo ele, um dos maiores problemas era a concentração da produção e distribuição do açúcar nos grandes latifúndios e grandes usinas. Ele criticou, também, que o Programa determinava que o álcool seguisse a mesma estrutura que os combústiveis derivados do Petróleo. "O álcool não deveria ter que passar pela Petrobrás para ser distribuído", disse.
O representante da Associação dos Fornecedores de Cana, José de Souza Mota, disse que o Pró-alcool é hoje desprezado pelo Governo Federal e enfatizou que essa atitude seria uma das causas responsáveis pela crise no setor. Segundo ele, há um ano existiam no Estado 57 usinas de açucar e álcool e, atualmente, existem apenas 26 unidades industriais. O presidente do Sindaçúcar, Luiz Custódio, disse que "nunca viu uma crise como essa no setor em toda a vida" Ele destacou que o governo federal têm comercializado o açúcar e o álcool com preços que não cobrem nem os custos de produção. "Ontem, o governo Federal leiloou o álcool excedente por R$ 0,24/litro, quando os custos de produção ficam próximo dos R$ 0,30", disse. O presidente do Sindaçúcar entregou à Comissão, um documento intitulado "Manifesto em Defesa do Emprego da Cadeia Produtiva do Açúcar e do Álcool".
O presidente da Alemg, deputado Anderson Adauto (PMDB), disse atualmente Minas produz apenas metade do que consome de álcool." Faremos de tudo para que, ao final desse governo, o Estado se torne auto-suficiente na produção", disse.
O representante da Seplan, Marcelo Guimarães, defendeu a utilização do álcool como combustível e disse que o Brasil é o único país do mundo que tem uma alternativa energética para o 3º milênio. Segundo ele, o país detém tecnologia e recursos naturais suficientes para a plantação da cana e produção do açucar e do álcool. Marcelo Guimarãoes foi diretor do Departamento Nacional de Combustíveis e um dos idealizadores do Pró-álcool. Segundo ele, o governo federal não deveria concentrar a produção do álcool em grandes usineiros e distribuidores. Ele defendeu que o álcool fosse distribuído pelas Cooperativas, a exemplo do que acontece com o leite. Marcelo defendeu também o Programa Nacional de Álcool e Leite (Pronal), que pretende incentivar a produção do açucar e do leite utilizando a mesma estrutura. "É fácil e barato produzir o álcool, mas é mais fácil e mais barato produzir o álcool e o leito juntos.
JUROS IMPEDEM QUITAÇÃO DE DÍVIDAS
Os representantes de trabalhadores rurais criticaram os juros dos empréstimos financiados pelo Banco do Brasil. Os produtores alegaram que com os preços baixos que a cana tem sido comercializada, as dívidas não têm como ser quitadas. Segundo o representante da CUT na Comissão Estadual do Emprego, Eduardo Armond, quase nenhum produtor tem condições de saldar as dívidas, atualmente. Ele destacou que o Banco do Brasil não é mais um Banco de fomento
O deputado Mauro Lobo (PSDB) reiterou a necessidade de as classes política, trabalhadora e empresarial reivindicarem os direitos dos brasileiros sobre os recursos do País, criar condições de aproveitamento desses recursos e de geração de empregos. O deputado Marco Régis (PPS) lembrou que é preciso valorizar o que o País possui e pode produzir.
"O debate foi de grande importância, pois usou de um espaço democrático, levantou questões, sugeriu propostas e apontou alternativas", disse o deputado Ivo José (PT). O deputado comentou que, enquanto os outros países procuram recursos energéticos, o Brasil recua. Para ele, o projeto de incentivo ao programa do álcool é um dos maiores desafios do governo.
Presenças: Estiveram presentes o secretário de Estado da Indústria, Comércio e Turismo, Geraldo Rezende; o secretário de Estado do Planejamento e Coordenação Geral, Manoel Costa; o secretário de Estado das Minas e Energia, Paulino Cícero; o presidente da Fetaemg, Vilson Luiz da Silva, o presidente do Sindaçucar, Luiz Custódio; o presidente do Sindieletro, Lúcio Guterrez; o representante da Associação dos Fornecedores de Cana, José de Souza Mota; o presidente da Federação dos Trabalhadores na Indústria de Alimentação de Minas Gerais, José Ferreira Pinto; o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Betim, Marcelino Orozimbo da Rocha; o presidente da Emater, Aelton José de Freitas, prefeitos e vereadores de municípios do Estado; além representantes de centrais sindicais; e trabalhadores e produtores da indústria do açucar e do álcool.
Responsável pela informação: Ana Carolina - ACS - 031-2907715