Depoentes negam acusações na CPI da Carteira

O agenciador Oraci Rodrigues reafirmou, durante seu segundo depoimento à CPI da Carteira de Habilitação, nesta quinta...

21/05/1999 - 18:17

Depoentes negam acusações na CPI da Carteira

O agenciador Oraci Rodrigues reafirmou, durante seu segundo depoimento à CPI da Carteira de Habilitação, nesta quinta-feira (20/05/1999), que os delegados Jair Hélio da Silva e Hilário Alves Teixeira são os organizadores do esquema de facilitação da CNH em Santa Luzia. Oraci também sustentou as acusações contra o proprietário da auto-escola Santa Luzia, Paulo Marcondes, e o instrutor da auto-escola, Elias Victoria Pereira, e o policial civil, José Martins dos Santos, de participação no esquema.

Segundo Oraci, os delegados estipulavam os valores a serem cobrados dos candidatos e depois informavam ao instrutor Elias Pereira. Oraci não soube explicar a forma como as propinas eram distribuídas entre os envolvidos, mas garantiu ter visto um examinador de nome Regino receber dos delegados dinheiro advindo da venda das carteiras. Ele disse, ainda, que era esse examinador quem coordenava as negociações entre os examinadores. Oraci acusou também dois despachantes conhecidos como Juninho e Cristiano de ligação com o esquema, além de oferecerem "serviço de tirar multa" e a mudança de categoria nas carteiras.

ACAREAÇÃO
Após o depoimento do agenciador, foi convocado o instrutor Elias Pereira para que fosse feita a acareação entre eles. O instrutor afirmou conhecer não só os examinadores supostamente envolvidos nas denúncias, como todos do quadro do Detran. Porém disse que sempre manteve com estas pessoas um relacionamento profissional. Elias garantiu jamais ter participado de reuniões com os delegados acusados e com o agenciador. "Nunca estive com essas pessoas e o Oraci, conheci na área de exame", relatou.

Oraci acusou o instrutor Elias de ter recebido de uma candidata dois cheques, que totalizavam R$ 2 mil, pelo pagamento da facilitação dos exames. O instrutor desmentiu a afirmação: "o dinheiro era para o pagamento das aulas tomadas pela aluna e outras taxas cobradas pelo Detran".

O proprietário da Auto Escola Santa Luzia, Paulo Marcondes, também negou, durante a acareação, que tivesse alguma participação no esquema de facilitação das carteiras. Em depoimento anterior à Corregedoria de Polícia, lido pelos deputados durante a reunião, Paulo Marcondes teria afirmado que, muitas vezes, o detetive da 19º Delegacia Seccional de Santa Luzia, José Martins dos Santos, quando o procurava para apresentar candidatos a motorista, costumava dizer: "esse aí merece atenção, porque é de interesse do doutor". Ainda segundo o depoimento anterior de Marcondes, o detetive estaria se referindo aos delegados Jair Hélio da Silva e Hilário Alves Teixeira, de Santa Luzia. Porém, durante a reunião da CPI, Paulo Marcondes negou a declaração e disse que foi mal interpretado. "Eu quis dizer que o Oraci é que fazia referências ao José Martins", destacou. Oraci, entretanto, confirmou que teria presenciado encontros entre Paulo Marcondes e José Martins e afirmou que o detetive foi transferido da delegacia de Santa Luzia porque "estaria comendo o bolo sozinho".

O detetive José Martins, que também depôs na reunião, disse que as acusações contra ele são falsas e afirmou que nunca teve contato algum com Oraci, a não ser um eventual "bom dia ou boa tarde". Confirmou, contudo, que conhecia os donos das auto-escolas. "Seria humanamente impossível não conhecer os donos das auto-escolas, porque eram eles que costumavam levar na delegacia as pautas com os resultados dos exames médico, psicotécnicos e de legislação dos candidatos", disse.

O examinador do Detran, Robson Maria dos Santos, também se declarou inocente e acusou Oraci de estar mentindo. "Qualquer declaração do Oraci, cabe a ele provar. Eu nego", disse. Ele negou também qualquer contato para facilitação das carteiras com os instrutores Elias Victoria Pereira e Paulo Marcondes.

PRESENÇAS
Compareceram à reunião os deputados João Leite (PSDB), que a presidiu, Ivo José (PT), Christiano Canêdo (PTB), José Alves Viana (PDT), Miguel Martini (PSN) e Ermano Batista e Maria Olívia (PSDB).


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