Comissão debate continuação das obras do metrô/BH
A Comissão de Transporte, Comunicação e Obras Públicas realizou nesta quarta-feira (14/4/99) audiência pública para d...
15/04/1999 - 18:19Comissão debate continuação das obras do metrô/BH
A Comissão de Transporte, Comunicação e Obras Públicas realizou nesta quarta-feira (14/4/99) audiência pública para discutir as perspectivas da implantação do trem metropolitano de Belo Horizonte no atual contexto político-econômico. O presidente da Comissão, deputado Álvaro Antônio (PDT), autor do requerimento que deu origem à reunião, disse que o metrô de Belo Horizonte é uma obra que vem se arrastando há 17 anos. Ele entende que falta no Estado um órgão centralizador do sistema de transporte. Ele justificou o convite às autoridades em razão do momento difícil que enfrenta o Estado, face ao desentendimento entre os governos federal e estadual. Foram convidados para debater o assunto o presidente da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), Luiz Otávio Ziza Valadares, e o presidente da BHTrans, Antônio Carlos Pereira.O superintendente do Demetrô, Mauro Lúcio Siqueira, e a assessora do presidente da CBTU, Maria Madalena Franco, fizeram exposição o histórico da construção do metrô e a situação atual do empreendimento, a pedido de Ziza Valadares.
Em seguida, o presidente da CBTU disse que a exposição solicitada era para demonstrar que não há paralisação das obras, e que o metrô está em fase de expansão. Neste ano, segundo ele, serão inauguradas três estações, as de São Gabriel e 1º de maio, na zona norte da cidade, e Vila Oeste, na zona oeste. Ele acentuou que o entendimento entre a CBTU, a BHTrans e o Demetrô é perfeito. Ele acrescentou que o metrô de Belo Horizonte tem a tarifa mais barata do país e condições de conservação e limpeza que estão entre as melhores do mundo.
Ziza Valadares apresentou os valores orçados e realizados em 1998, para demonstrar os investimentos feitos no metrô. A maior obra realizada em Minas Gerais hoje, segundo ele, teve orçamento de R$122 milhões para 1998 e realizou R$99 milhões. Para este ano, estão previstos investimentos de R$ 71 milhões. O metrô já consumiu US$ 705 milhões de um montante previsto de US$ 898 milhões. O presidente da CBTU enumerou também outras obras construídas na cidade pelo Demetrô, como pontes, viadutos, túneis, passarelas e conjuntos habitacionais, para reassentar populações que foram desalojadas nas desapropriações.
Histórico - O projeto original do metrô de Belo Horizonte previa a instalação de 22 estações entre os terminais de Betim e São Gabriel, com extensão de 60 quilômetros e um ramal para o Barreiro. Pelo projeto, a cada intervalo de três minutos e meio, 17 trens circulariam em cada sentido, atendendo a um milhão de passageiros por dia.
No período de 1987 a 1990, o metrô funcionava com cinco trens e chegava à estação Central. O projeto sofreu uma revisão, com redefinição da prioridade de atendimento para a região de Venda Nova, adiando-se a extensão até Betim e o Barreiro. Entre 1991 e 1999 foram construídas mais seis estações e o complexo de manutenção do São Gabriel. Hoje o metrô tem 21,25 quilômetros, 13 estações e funciona com quinze trens. Com a circulação em intervalos de sete minutos, o sistema atende à média de 90 mil passageiros por dia. O objetivo até o final do ano é o de atender a 120 mil passageiros/dia. Hoje, já estão em andamento as obras do ramal para Venda Nova. Orçada em US$198 milhões, a obra será financiada pelo BIRD, num prazo de 18 anos, com a contrapartida da União de US$99 milhões. O projeto do ramal do Barreiro foi retomado no ano passado e terá dois terminais de interligação, ao custo de R$ 160 milhões, para atender a uma demanda de 140 mil passageiros.
A técnica Maria Madalena Franco Garcia apresentou também para os deputados um estudo que aponta as próximas metas de ampliação do metrô. São as linhas Barreiro/Central, que já está sendo feita em parte, com 13,2 km: as extensões para Justinópolis, a partir de Venda Nova, e para a Betim (até a empresa Krupp), com 9,7 km; e a linha Pampulha-Savassi, totalmente subterrânea, com 11,4 km. Todo o complexo consumiria em torno de US$ 1,45 bilhão. Segundo Madalena Garcia, a grande prioridade seria o ramal Lagoinha-Savassi, com uma estação na Praça Sete.
Iniciando os debates, o vereador Totó Teixeira, que preside a Comissão de Transportes Urbanos da Câmara Municipal de Belo Horizonte, disse temer que a obra do metrô fique inacabada e quer mobilizar a população para levar ao presidente Fernando Henrique Cardoso abaixo assinado com pedido de que não se interrompa a destinação de recursos. O vereador Roberto Carvalho também manifestou preocupação com a perpetuação da obra, por falta de recursos. Lembrou quem em períodos como 1991 e 1992, foram pouquíssimos os recursos alocados para o metrô. Defendeu que se lute pela manutenção do fluxo de recursos do ano passado.
O representante da BHTrans, Rogério Carvalho, disse que o projeto do sistema de transporte coletivo é baseado no metrô, meio fundamental para melhorar a qualidade do transporte. Ele ressaltou que é importante trabalhar em conjunto para garantir o fluxo de recursos para a conclusão da Via Norte (extensão do metrô a Venda Nova). São importantes também, na avaliação de Carvalho, recursos adicionais para reforço da frota, para se alcançar o potencial de atendimento do metrô.
O presidente da CBTU insistiu na tese de que a obra do metrô não está paralisada, que é uma "obra viva". Disse também que não adianta terminar a obra se não tivermos os trens. Ele disse que deverá concluir esta semana documentação para liberação de trens que estão encaixotados em São Paulo. São 10 trens que estão guardados há 15 anos.
O presidente da Associação Mineira dos Usuários de Transportes (Amut), Marco Aurélio Carone tratou da questão das tarifas, que, segundo ele, poderiam ser barateadas se fosse reduzido o custo da energia elétrica consumida pelo metrô. No horário de pico, lembrou Carone, quando a energia é mais cara, o metrô também está no pico do funcionamento. "40% do custo da passagem é referente aos gastos com energia", esclareceu. O superintendente do Demetrô, Marcos Siqueira, sugeriu que a Assembléia Legislativa estude adoção de tarifa de energia diferenciada para empresas que lidam com "energia de tração".
A deputada Maria Olívia (PSDB) manifestou preocupação com relação ao atendimento da população pelo metrô. "Ele atende a 90 mil, quando poderia atender 300 mil, 400 mil pessoas. Ela acrescentou que estranha a compra de trens antes do trecho estar pronto. O presidente do Sindicato dos Metroviários, Raimundo Bartolomeu, criticou a lentidão das obras do metrô e a demora para a chegada a Venda Nova. Ele disse também que é contra a privatização do metrô. A essa questão, Ziza Valadares disse que trabalha para a "estadualização" do metrô e que a privatização, se houver, ficará para seus sucessores.
Particparam da reunião os deputados Álvaro Antônio (PDT), Diniz Pinheiro (PSD), Wanderley Ávila (PSDB), Maria Olívia (PSDB), Arlen Santiago (PTB) e Marcelo Gonçalves (PDT).
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