Polícia em segurança é tema de Comissão

O presidente do Sindicato dos Empregados de Empresas de Segurança e Vigilância do Estado de Minas Gerais, Edilson Sil...

14/12/1998 - 13:54

Polícia em segurança é tema de Comissão

O presidente do Sindicato dos Empregados de Empresas de Segurança e Vigilância do Estado de Minas Gerais, Edilson Silva Pereira, apresentou ontem (01/12), à Comissão de Direitos Humanos, denúncia que de existem hoje em Belo Horizonte quatro mil policiais civis e militares prestando serviço em empresas de segurança privada. Para ele, o chamado "bico" dos policiais é nocivo para a sociedade, pois para estes profissionais que exercem estes dois cargos não é interessante que a Segurança Pública seja eficiente. "Quanto pior for o serviço, melhor será o ramo de segurança particular e privada", ressaltou. Segundo o deputado Durval Ângelo (PT), autor do requerimento que originou a reunião, outro mal que pode ser identificado nesta realidade de trabalho duplo é a associação do aparelho do Estado em atividades particulares. "É incompatível esta realidade onde o policial, ao prestar serviços, oferece como vantagem o fato de ser membro da Polícia. Isso deve ser abolido", apontou.

O representante da Secretaria de Segurança Pública, delegado Jésus Trindade Barreto Júnior, afirmou que, para a Secretaria, não é conveniente que os seus policiais atuem em atividades paralelas ao serviço de segurança. Ele acrescentou que esta situação se configurou devido aos baixos salários dos policiais. Ele acredita que a solução deverá passar por uma reformulação das instituições policiais e a construção de uma cultura de segurança pública adequada ao Estado Democrático de Direito. "A preocupação básica deve ser a de recuperar, diante da sociedade, uma atividade e identidade ética, para que o policial se identifique com o meio onde atua", recomendou.

Para o representante da Polícia Militar (PM), coronel Rúbio Paulino Coelho, a questão em debate deve ser resolvida. Ele informou que somente neste ano a PM puniu 170 membros da corporação por estarem atuando em atividades de segurança privada. O coronel explicou que a PM só pode agir mediante denúncias formais, pois ela não consegue e não pode monitorar o horário de todo o seu efetivo, que é de cerca de 40 mil homens. Ele informou que a PM está tentando equacionar o problema com a possibilidade de implantação de um programa de extensão da jornada de trabalho (uma espécie de hora-extra para os policiais). "Esperamos que medidas como esta suprimam a prática do 'bico' entre os militares", afirmou.

O presidente da Comissão, deputado João Leite (PSDB), sugeriu que no próximo ano a Assembléia realize um Fórum Técnico para discutir a mudança dos estatutos das polícias e a melhoria das condições de trabalho dos policiais.

FAMÍLIA DENUNCIA DESAPARECIMENTO
Na mesma reunião, a Comissão de Direitos Humanos recebeu a denúncia de que o jovem Wellington da Silva Ferreira, 20 anos, está desaparecido desde que foi preso e encaminhado para a Delegacia de Furtos e Roubos. Segundo a mãe do rapaz, Joana D'arc Ferreira Narciso, seu filho foi preso no dia 25 do mês passado e, deste então, a Polícia não fornece informações sobre o paradeiro de Wellington. "Eles só falam que ele fugiu", lamentou.

A irmã do desaparecido, Fernanda Kelly Araújo, informou que, juntamente com seu irmão, outros dois amigos dele também foram presos. "Eles disseram que ouviram o Wellington chorando e gritando muito. Após um tempo ele parou e os policiais ficaram confusos dizendo que o 'cara' tinha apagado", contou.

Os familiares de Wellington alegaram estar sendo perseguidos e ameaçados pelos policiais e que os dois jovens que "sobreviveram" à prisão estão "escondidos" com medo de retaliações. "Quero saber onde está o meu filho; esteja ele onde for", pediu Joana D'arc.

O ouvidor de Polícia, José Roberto Resende, garantiu que, embora a Ouvidoria não possa fazer muito, por motivações legais, será oferecida toda assistência e monitoramento para que o caso seja solucionado. Para o delegado Jésus Trindade, a situação é constrangedora para a Polícia, mas ele espera que o rapaz seja encontrado bem e que tudo não tenha passado de um mal entendido. Ele acrescentou, ainda, que serão tomadas medidas para apurar o que de fato ocorreu na prisão dos três rapazes.

Presenças - Participaram da reunião os deputados João Leite (PSDB), que a presidiu, Ivair Nogueira (PDT), Ambrósio Pinto (PTB) e Durval Ângelo (PT). Participou, ainda, o deputado eleito José Alves Viana (PDT).


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