Produtores denunciam altos impostos e juros abusivos

Representantes dos produtores do Projeto Jaíba participaram, nesta quarta- feira (11/11/98), da reunião da Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial. Eles denunciaram que a carga tributária e as altas taxas de juros estão condenando os pequenos irrigantes da região à inadimplência. Segundo o presidente da Federação dos Trabalhadores em Agricultura de Minas Gerais (Fetaemg), Vilson Luiz da Silva, a inadimplência atinge mais de 70% das famílias do Jaíba. Entre elas, 117 já tiveram interrompido o fornecimento de água e de energia elétrica por falta de pagamento das contas. Para ele, este é o momento de a sociedade organizada, juntamente com os Legislativos estadual e municipal, procurar reverter a situação degradante em que se encontram os colonos da região.

O produtor Valdomiro Alves da Silva enfatizou que jamais criticaria o Projeto Jaíba, caso ele funcionasse. Para ele, é inadmissível que, no maior projeto de irrigação da América Latina, ainda existam pessoas morando em residências precárias, sem infra-estrutura básica. "O Jaíba é hoje uma favela rural", afirmou Valdomiro. Ele acrescentou que o Projeto é capaz de gerar uma média de cinco novos postos de trabalho por família assentada na região, mas para que essa realidade se concretize "é preciso que o governo tenha boa vontade".

Para o diretor do Distrito de Irrigação do Projeto Jaíba, Carlos Antônio Landi Pereira, embora os produtores da região estejam enfrentando uma crise, houve um considerável aumento na renda deles. Pereira informou que a renda média de cada família é de R$ 4.927, o que representa uma melhoria do padrão de vida dos moradores. Ele disse ainda que o Conselho Administrativo do Projeto Jaíba solicitou à Assembléia a elaboração de um projeto de lei que regulamente a existência de horários, com taxas reduzidas, para o fornecimento de energia para irrigação. Ele justificou a medida pelo fato dessas contas representarem, hoje, uma das principais causas da descapitalização dos produtores.

Outro problema que os agricultores têm enfrentado diz respeito às variações do preço da banana, principal produto da região, que, no momento, encontra-se em uma de suas maiores baixas - quando uma caixa de 22 quilos está sendo vendida por R$ 1,50. "O pequeno produtor perde nas baixas do preço porque ganha pouco e perde também nas altas porque não possui recursos para serem investidos", disse Carlos Landi.

O produtor Valdomiro Alves da Silva contestou o "bem-estar" descrito pelo diretor do Distrito de Irrigação do Projeto Jaíba, pois, para ele, o fato de alguns produtores terem adquirido, por exemplo, aparelhos de televisão e geladeiras não significa que tenham melhorado de vida. "Ainda falta muito para que nosso projeto funcione", ressaltou.

PRESENÇAS
Participaram da reunião os deputados Maria José Haueisen (PT), que a presidiu, Aílton Vilela (PSDB), Jorge Eduardo de Oliveira (PMDB) e Dimas Rodrigues (PPB). Participaram, ainda, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Jaíba e representante dos pequenos produtores, Adelmar Ramos Novais; o vereador do município de Jaíba João Aníbal de Souza; o secretário municipal de Agricultura daquele município, Ismael Oliveira Silva; e o produtor José aparecido do Nascimento.

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