BH pode ter epidemia de dengue hemorrágica

Belo Horizonte poderá ter uma epidemia de dengue hemorrágica nos próximos meses, com até 1.400 casos. Essa previsão p...

14/12/1998 - 13:54

BH pode ter epidemia de dengue hemorrágica

Belo Horizonte poderá ter uma epidemia de dengue hemorrágica nos próximos meses, com até 1.400 casos. Essa previsão preocupante foi feita nesta quinta- feira (10-12-98) pela médica Mônica Aparecida Costa, do Núcleo de Epidemiologia da Secretaria da Saúde da Capital mineira. Ela representou o secretário municipal, Marílio Malagutti, durante reunião da Comissão de Saúde da Assembléia, que discutiu a situação da dengue em Belo Horizonte e nas demais cidades do Estado, além das providências que estão sendo adotadas para evitar novo surto da doença. A reunião foi realizada a pedido do presidente da Comissão de Saúde, deputado Jorge Eduardo de Oliveira (PMDB).

Mônica Aparecida explicou que a projeção do número de possíveis casos de dengue hemorrágica foi feita a partir de uma situação semelhante ocorrida recentemente no Rio de Janeiro. Segundo ela, desses 1.400 casos, 600 precisariam de cuidados médicos, 60 de internação em hospital e 16 de internação em CTI. A partir de julho deste ano, já foram diagnosticados 244 casos de dengue clássica e três de dengue hemorrágica em Belo Horizonte. "Agora é maior o risco de febre hemorrágica", disse, ressaltando não acreditar que serão registrados os 1.400 casos projetados.

O aumento do número de casos de dengue hemorrágica, disse Mônica Aparecida, pode acontecer porque na terceira epidemia, que começou no ano passado e foi até o primeiro semestre deste ano, foram registrados 76 mil casos da dengue clássica, contraídos através do vírus tipo 1. Agora, a maioria dos vetores (mosquitos) transmite em Belo Horizonte o tipo 2 da doença, justamente a que provoca a dengue hemorrágica nas pessoas que já contraíram o tipo 1.

Mônica Aparecida afirmou que Belo Horizonte já recebeu R$ 4,180 milhões do Governo Federal para utilizar no combate à dengue, sendo que novos recursos, de R$ 2,041 milhões, serão destinados também para a Capital. Destes, já chegaram R$ 680 mil, com a Prefeitura de BH já tendo entrado com R$ 1,590 milhão como contrapartida.

Falta de recursos foi uma das causas da epidemia em BH
O representante da Secretaria da Saúde de Minas Gerais, Jorge Alves de Almeida, coordenador de Zoonoses, disse que a falta de recursos para o combate à dengue foi uma das causas da epidemia registrada em Minas. Atualmente, entretanto, existe uma preparação para enfrentar a doença: R$ 4,5 milhões do Governo Federal foram utilizados na compra de equipamentos, colocados à disposição de prefeituras; e 160 veículos foram adquiridos e também serão repassados aos municípios para o combate da dengue.

Ele alertou para a possibilidade de a doença ganhar fôlego novamente em Minas, pois é agora, após as chuvas e início do calor, que o mosquito transmissor se multiplica. Jorge Alves defendeu a necessidade de a mudança de governantes não prejudicar o combate à doença já estruturado e em andamento.

Já o coordenador regional da Fundação Nacional da Saúde, Frederico Carlos de Carvalho Soares, afirmou que este ano os governos federal, estadual e municipais estão mais preparados para enfrentar a dengue. "Antes não havia planejamento", disse, ressaltando que muitos municípios não sabiam nem como proceder para firmar convênio com o Governo Federal para receber recursos a serem investidos no combate à doença.

Presenças - Participaram da reunião, além do presidente da Comissão, deputado Jorge Eduardo de Oliveira (PMDB), os deputados Carlos Pimenta (PSDB) - vice-presidente, Adelmo Carneiro Leão (PT) e Wilson Pires (PFL), que fizeram vários questionamentos sobre a dengue em Minas, além de Mariana Gontijo de Brito, da Secretaria de Estado da Saúde.


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