Direitos Humanos discute problema dos Maxakali
Representantes do Povo Maxakali participaram nesta quinta-feira (10/12/98) da reunião da Comissão de Direitos Humanos...
14/12/1998 - 13:54Direitos Humanos discute problema dos Maxakali
Representantes do Povo Maxakali participaram nesta quinta-feira (10/12/98) da reunião da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia que discutiu a situação dos povos indígenas no estado, em especial dos Maxakalis que reivindicam a reintegração de posse de suas terras, localizadas no Vale do Mucuri. O cacique Milton Maxacali alertou que seu povo está disposto a enfrentar os fazendeiros instalados em suas terras se nenhuma providência governamental for tomada. "A gente esperava encontrar com o presidente da Funai, mas ele não veio. Todo mundo está esquecendo dos maxakalis. Nós temos coragem de enfrentar os fazendeiros", ressaltou.O assessor jurídico do Conselho Indigenista Missionário, Luiz Chaves, afirmou estar envergonhado com a realidade em discussão na Comissão. Para ele, a existência de uma situação semelhante à dos maxakalis, no dia em que se comemora os 50 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, demonstra o nível do respeito pelas garantias fundamentais no País. O indigenista disse, ainda, estar perplexo com o descaso do Governo com a questão, "em que os índios são desrespeitados em seus direitos fundamentais". Para o presidente da Comissão, deputado João Leite (PSDB), a atitude do presidente da Funai, que confirmou a presença e somente na tarde de quarta-feira ligou cancelando a vinda e solicitando uma nova data para discussão, foi uma ofensa à Comissão e ao povo Maxakali. A Comissão aprovou requerimento do deputado Ivair Nogueira (PDT), que solicita o envio de ofício ao presidente da República repudiando a postura da Funai e de seu presidente.
O representante da Funai, Hilton Madson Andrada, justificou dizendo que a ausência do presidente da instituição deveu-se a compromissos governamentais assumidos no Rio de Janeiro. Ele esclareceu que a entidade tem se dedicado a oferecer assistência aos povos indígenas de Minas e do Brasil. Ele disse que, atualmente, a Funai mantém em cada aldeia do estado um funcionário em tempo integral para mediar as relações entre os indígenas e o governo. "Este trabalho estará comprometido devido à previsão de cortes em nosso orçamento do próximo ano, que passará de 70 para 28 milhões de reais", informou.
Para o superintendente Regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), João Batista Rezende, a única medida que o Incra pode tomar é reunir os colonos instalados na área indígena para definir as medidas que serão tomadas para sua retirada e assentamento. Ele informou que já existe uma discussão sobre a transferência das 35 famílias para uma área de cerca de 1.800 hectares, mas que isso não pode ser feito sem que haja "um mínimo de consenso".
Alcoolismo é um dos problemas
O psicólogo e consultor da Associação Brasileira Comunitária e de Pais para a Prevenção do Abuso de Drogas (Abraço-Uberaba), Roque Hudson, disse que o aumento do alcoolismo entre os maxakalis é alarmante e que a entidade, em conjunto com as universidades de Uberada e de Governador Valadares estão trabalhando na montagem de um programa de recuperação dos indígenas. Segundo ele, o Ministério da Saúde já liberou um financiamento para realização do trabalho, que será liberado em janeiro do próximo ano. Para o representante da Secretaria de Estado da Saúde, Emanuel Guimarães, além dos problemas ligados ao alcoolismo, a Secretaria suspeita da ocorrência de cólera na região dos Maxacalis. "Estamos investigando para ver se nossas suspeitas se confirmam", ressaltou.
Presenças - Participaram da reunião os deputados João Leite(PSDB), que a presidiu, Maria José Haueisen (PT), Ivair Nogueira (PDT), e Durval Ângelo (PT).
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