Eleições revelam fragilidade dos partidos
A fragilidade do quadro partidário brasileiro e a necessidade de uma reforma política foram alguns dos aspectos acent...
25/10/1998 - 21:40Eleições revelam fragilidade dos partidos
A fragilidade do quadro partidário brasileiro e a necessidade de uma reforma política foram alguns dos aspectos acentuados no segundo debate desta terça-feira (6/10) na TV Assembléia, que discutiu o tema "Representação e participação política". Os debatedores fizeram uma avaliação da participação da sociedade nas eleições e discutiram questões como a eficácia dos partidos políticos no sistema de democracia representativa e o papel do terceiro setor e a participação política.A mesa-redonda, que teve início às 20h, reuniu os jornalistas Ângela Carrato, professora de Jornalismo da UFMG, e Rogério Perez, chefe de Redação do Hoje em Dia; o cientista político Fábio Wanderley; o advogado Anis Leão, especialista em Direito Eleitoral; e Ruth Schmidt, coordenadora do Núcleo de Pesquisa e Extensão da Escola do Legislativo. O âncora do debate foi o jornalista João Carlos Amaral.
Como exemplo da fragilidade dos partidos, os participantes chamaram atenção para o fato de que muitos dos candidatos mais votados não têm qualquer tradição ou identidade partidária, como no caso do cabo Júlio, do sargento Washington Rodrigues e do presidente do Cruzeiro Esporte Clube, Zezé Perrela, campeões de voto.
Dizendo-se preocupada com a situação dos partidos no país, uma vez que as entidades da sociedade civil, as ONGs e os sindicatos não são capazes de substituí-los na plenitude de suas atribuições, Ângela Carrato avaliou que o grande desafio que se coloca hoje para os políticos é a criação de laços sociais mais profundos entre as agremiações políticas e a sociedade. Ela lembrou que nos Estados Unidos um democrata não se torna republicano da noite para o dia, como acontece no Brasil, onde as mudanças partidárias são freqüentes. Fábio Wanderley argumentou que a consolidação dos partidos é algo que acontece ao longo do tempo, e que no tempo da UDN e do PSD as pessoas também não migravam de uma legenda para outra com facilidade. O cientista político criticou também os chamados "partidos ônibus", onde cabe todo mundo e qualquer um pode entrar, sem necessidade de maior identificação com um ideário partidário.
Anis Leão, por sua vez, defendeu que os partidos não são os únicos canais de participação política dos cidadãos, e que nos Estados Unidos não há diferença política ou ideológica entre democratas e republicanos. Ele criticou o grande número de legendas no Brasil atual, e defendeu a criação de barreiras que impeçam a proliferação de pequenos partidos.
A fidelidade partidária e voto pelo sistema distrital misto foram apontados como algumas das possíveis medidas que merecem ser melhor estudadas e que poderiam ajudar a fortalecer o quadro partidário no país.
A cobertura do processo eleitoral feita pelos meios de comunicações, especialmente a mídia eletrônica, também foi criticada e considerada responsável pela despolitização do debate. "Na Globo, as eleições parece que só chegaram na semana anterior à eleição", exemplificou Ângela Carrato.
Responsável pela informação: Jorge possa - GCS - 031-2907812