Valor do voto é tema de debate na Assembléia

A TV Assembléia transmitiu neste domingo (04/10/98) a primeira mesa redonda do dia, com o tema: "Democracia - o valor...

25/10/1998 - 21:40

Valor do voto é tema de debate na Assembléia

A TV Assembléia transmitiu neste domingo (04/10/98) a primeira mesa redonda do dia, com o tema: "Democracia - o valor do voto". Participaram do debate o consultor de Comunicação da Assembléia, Lélio Fabiano; o procurador da Assembléia Júlio César Esteves; o jornalista da TV Alterosa Ronaldo Martins, e os cientistas políticos Lucíola Neves e Luís Aureliano. Estão previstos para hoje, mais três mesas redondas com os temas "Reforma Política", às 14 horas; "Boca de urna", às 17 horas; e " A marcha da apuração em Minas e no Brasil", às 22 horas.

O consultor Lélio Fabiano acredita que o voto facultativo seria o meio mais democrático e politizado que a sociedade teria para escolher os seus representantes. Ele esclarece que para que esta realidade se efetive, a organização da sociedade é fundamental. "Desta forma, os partidos deveriam se organizar e articular mais politicamente", analisou. Para Luís Aureliano, teoricamente, o voto facultativo mudaria a atual concepção que temos das eleições. "Passaríamos a ver o voto de uma forma mais cidadã, como direito e não como dever", destacou.

Para o jornalista Ronaldo Martins, a implantação das urnas eletrônicas representará a redução do número de votos brancos e nulos nesta eleição. O jornalista acredita que, embora o emprego das urnas eletrônicas seja uma vantagem nestas eleições, a divulgação dos candidatos não está sendo efetiva. Ele explicou que nesta eleição o número do candidato é mais importante que o próprio nome. "As campanhas vêm ainda sendo feitas no modelo tradicional, que é centrado no nome, e não no número", ressaltou.

A cientista política Lucília Neves acredita que esta realidade eleitoral, onde o número é mais importante que o nome do candidato, representa uma falha, pois embora a linguagem da urna seja numérica, "o eleitorado é basicamente identificado com o candidato e com a pessoa, não com a legenda, portanto, o nome ainda é o grande referencial do cidadão", explicou. O procurador da Assembléia, Júlio Esteves, ressaltou a importância de se pensar em uma alternativa para esta questão. Segundo ele, o voto eletrônico como se encontra, é um limite diante da realidade do eleitorado.

O cientista político Luís Aureliano acredita que a utilização dos meios de comunicação de massa é importante no processo eleitoral, pelo fato do perfil da população de hoje ser de uma sociedade de massa. Ele ressaltou que, embora o emprego da comunicação de massa seja fundamental, existem algumas disfunções como a divulgação das pesquisas de opinião, as quais influenciam na decisão do eleitorado.

Ronaldo Martins acredita que o marketing surge como um desserviço quando usado somente para apresentar um candidato no período eleitoral. Ele explica que a utilização de estrelas da TV e cantores mexe com o emocional da população e exclui os "candidatos que pensam" e fazem uso de outras vias para apresentarem suas proposta e programas.

Lucília Neves disse que na política há uma necessidade constante de renovação e, no caso do marketing, não houve evolução alguma. Neves explicou que o eleitor não é motivado pelo formato atual da campanha, pois ele é ultrapassado por se basear no marketing de distribuição de santinhos. A cientista acrescentou que está realidade favorece a manutenção de candidatos que exercem algum cargo, pois estes já são conhecidos e garantem a manutenção do seu cargo..

Para o jornalista e consultor da Assembléia, Lélio Fabiano, a imprensa deve à população brasileira o esclarecimento sobre os mecanismos que envolvem o processo eleitoral. Ele acredita que, embora a cobertura tenha sido intensa, faltou clareza e serviço pelo fato do noticiário ter se pautado a partir da agenda dos candidatos sem ter como referência principal o eleitor e seus questionamentos diante do processo político, suas necessidades reais e suas aspirações diante dos candidatos. "Devemos isso à população", ressaltou.


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