Comissão debate problemas do futebol mineiro

Com a participação de representantes de diversos clubes e entidades que reúnem profissionais do futebol mineiro, a Co...

26/08/1998 - 16:32

Comissão debate problemas do futebol mineiro

Com a participação de representantes de diversos clubes e entidades que reúnem profissionais do futebol mineiro, a Comissão do Trabalho, da Previdência e da Ação Social da Assembléia reuniu-se ontem (25/08) para debater sugestões de mudanças da forma de disputa do campeonato mineiro de futebol e a situação de desemprego dos profissionais deste esporte. A principal proposta foi apresentada pelo ex-técnico e professor Maurício Magalhães, do Sindicato dos Treinadores Técnicos e Preparadores Físicos de Futebol do Estado de Minas Gerais - Sindbol -, que apresentou um documento onde são sugeridas a regionalização do campeonato mineiro, o retorno da Taça Minas Gerais, e a definição do vencedor a partir do número de pontos conquistados.

O documento propõe que haja uma fase de classificação regional, a partir da divisão de Minas Gerais em, por exemplo, quatro regiões: Triângulo; Sul; Centro e Vale do Aço; Nordeste e Norte mineiros. Dessa fase regional, Atlético, Cruzeiro, América e campeão do interior não participariam, por estarem em disputa do Campeonato Brasileiro. As equipes da fase regional estariam competindo entre julho e dezembro, sendo que duas equipes se classificariam em cada chave para a disputa do ano seguinte, quando se juntariam ao América, Atlético e Cruzeiro e ainda o campeão do interior.

Além dessa sugestão de mudança na forma de disputa do campeonato mineiro, o documento apresentado por Maurício Magalhães propõe ainda a criação de comissões representativas de cada região do interior para apresentação de sugestões junto à Federação Mineira de Futebol, e também a criação de uma competição, pela Federação, ainda este ano, para que equipes que ficam fora dos torneios oficiais possam empregar atletas, treinadores e outros profissionais ligados ao futebol, o que contribuiria para prepará-los para a competição do ano seguinte.

Maurício Magalhães ressaltou Minas Gerais tem hoje alguns dos melhores estádios de futebol do país, espalhados em cidades de diversas regiões do interior: Uberlândia, Varginha. Pouso Alegre, Juiz de Fora, Ipatinga, Governador Valadares, Uberaba e Poços de Caldas. Além disso, a forma como o Campeonato Mineiro é disputado atualmente emprega os profissionais apenas durante quatro meses. Ele destacou também a importância de o esporte receber o apoio e incentivo financeiro por parte das administrações estadual e municipais, através de subsídios e programas de incentivo ao esporte.

LEI FEDERAL
O representante da Federação Mineira de Futebol (FMF), Venício Fernandes, reconheceu que a forma como o campeonato é disputada limita realmente a participação dos clubes e o trabalho dos profissionais, mas que ele é regido por legislação federal, não podendo ser alterado pela FMF. Ele afirmou que a Federação vive com poucos recursos financeiros, sendo sua única fonte de receita os 10% da renda de cada jogo que é disputado pelo campeonato mineiro, o que é determinado em lei. Desse total, 2,5% são destinados á premiação dos jogadores. Ele disse que o código tributário da FMF que está em vigor foi editado em 1992 e será agora reformulado, reduzindo em 50% as taxas que devem ser pagas pelos clubes ás entidades, iniciativa que visa desonerar os clubes. Ele lembrou que a Federação não mais recebe subvenções da Loteria Esportiva, como há alguns anos, o que significou grande perda de receita para a entidade.

Venício Fernandes informou que o presidente da FMF viaja nos próximos dias para São Paulo, onde vai tentar negociar com empresários daquela cidade, mas ligados a Minas Gerais, o patrocínio do campeonato mineiro, visando inclusive a transmissão dos jogos pelas emissoras de televisão. Ele afirmou também que a Federação vem tentando empreender iniciativas que estimulem o comparecimento dos torcedores aos jogos, tais como uma campanha que vincula a apresentação de nota fiscal à obtenção de desconto na compra de ingressos, o que, inclusive, ajudaria o estado em sua arrecadação tributária. Segundo Fernandes, proposta nesse sentido foi encaminhado à Secretaria de Estado da Fazenda há cerca de três anos, mas até hoje nenhuma resposta foi dada pelo Executivo.

ESTADO TEM INTERESSE
O secretário adjunto de Estado de Esporte, Heleno Abreu de Oliveira, também presente à reunião, informou que o titular da pasta, Carlaile Pedrosa, recebeu na semana passada orientação expressa do governador Eduardo Azeredo, para que, em caráter de urgência, a Secretaria proceda a estudos que visem implementar ações para estimular o esporte mineiro, inclusive o futebol. Ele disse que a proposta da FMF de utilização de notas fiscais na compra de ingressos para os jogos será estudada em parceria com a Secretaria da Fazenda. Idêntica medida já foi adotada em outros estados, com sucesso.

Heleno Abreu disse que qualquer ação de estímulo ao esporte, seja o futebol ou outra modalidade, não pode ser isolada de uma entidade ou do governo, mas que deve reunir esforços de diversos segmentos, como empresariado, Imprensa, clubes, inclusive porque o esporte é fator de geração de empregos. O secretário falou sobre alguns projetos desenvolvidos pela Secretaria que visam não só estimular a prática desportiva como também empregar profissionais da área, seja, do futebol ou de outras modalidades, e citou, como exemplo, o Programa Toriba, voltado para adolescentes carentes, e o Torneio Rola Bola, competição estadual que envolve, dentre outros profissionais, 700 árbitros.

PARTICIPAÇÃO
Representantes de diversos clubes e entidade que reúnem profissionais ligadas ao esporte participaram da reunião, relatando as dificuldades que o futebol mineiro enfrenta e colaborando com o debate. O consenso geral é de que é preciso mobilizar todos os profissionais do futebol - jogadores, técnicos, árbitros, treinadores, massagistas, dirigentes, ex-atletas, jornalistas desportivos - para debater o problema e encontrar soluções que incrementem o esporte, sob pena do futebol mineiro morrer, uma vez que até mesmo os grandes e tradicionais clubes enfrentam crises e dificuldades atualmente.

Dentre as presenças na reunião, participaram dos debates, além das pessoas já citadas, Adilson Paiva Monteiro, presidente do Atlético Clube de Três Corações; Laurentino Xavier da Costa, presidente do Ipiranga Futebol Clube de Manhuaçu; Hilton Chaves, ex-jogador e ex-treinador do Cruzeiro e de diversos outros times mineiros e do Brasil; Adelchi Ziller, ex-dirigente do Atlético e jornalista esportivo durante 40 anos; Dilson Alves da Silva, presidente do Sindicato dos Treinadores Técnicos e Preparadores Físicos de Minas Gerais; Anísio Clemente Filho, presidente do Vila Nova; Paulo Henrique, presidente do Valério Doce, de Itabira; Ricaro Machado, representante dos times Associação Atlética Caldense, Uberlândia Esporte Clube, Montes Claros Futebol Clube e da categoria de base do Cruzeiro; Waldir de Castro, ex-árbitro de basquete e jornalista esportivo; Juarez Alves Pimenta, presidente do Sindicato dos Atletas de Minas Gerais. Foram convidados para a reunião dirigentes de todos os clubes de futebol mineiros e de entidades ligadas ao esporte, além de jornalistas especializados de todos os veículos de comunicação de Belo Horizonte e ainda o secretário de Estado do Trabalho, James Eustáquio Ladéia.

Os trabalhos da reunião foram coordenados pelo deputado Olinto Godinho (PTB), presidente da Comissão do Trabalho, da Previdência e da Ação Social, e estiveram presentes os deputados João Leite (PSDB), Anivaldo Coleho (PT), Alencar da Silveira Júnior (PDT) e Bené Guedes.


Responsável pela informação: Cristiane Pereira - GCS - 031-2907812