Campanha de prevenção de Acidentes é tema de debate

A Comissão de Saúde discutiu ontem (quinta-feira, 18) o Projeto de Lei (PL) 1.584/97 que cria a Campanha Estadual de ...

25/06/1998 - 10:03

Campanha de prevenção de Acidentes é tema de debate

A Comissão de Saúde discutiu ontem (quinta-feira, 18) o Projeto de Lei (PL) 1.584/97 que cria a Campanha Estadual de Prevenção de Acidente Doméstico. O projeto é do deputado Adelmo Carneiro Leão (PT). Segundo o deputado, o grande número de acidentes domésticos, registrados no Estado, tem as crianças como principais vítimas. Ele informou que em 1996, foram registrados 10.564 casos, no Hospital João XXIII (HPS). Ele informou que os acidentes, além de terem causado danos físicos e psicológicos para as vítimas, trouxeram ônus financeiro para o Estado. "Os gastos com queimados circulam em torno de R$ 500 ao dia, podendo chegar a R$1,5 mil, em casos mais graves que pedem por cuidados mais elaborados.

O presidente do Departamento de Seguridade na Infância da Sociedade Brasileira e Mineira de Pediatria, José Américo de Campos, disse que a prevenção de acidentes domésticos preocupa a classe médica há mais de duas décadas. Ele atribuiu à fome, a ausência dos pais e ao armazenamento inadequado de produtos tóxicos, medicamentos e lixo, as principais causas de intoxicação de crianças. Segundo ele, o pronto atendimento do HPS atende uma média diária de dez crianças acidentadas. Para ele, somente as campanhas educativas poderão reduzir estes índices. José Américo acrescentou que a prevenção não poderá se concentrar somente na patologia. "A ação deve ser ampla e abranger as vítimas potenciais que são as crianças, os adolescentes e os idosos. O projeto é um bom começo neste sentido", ressaltou.

Para o chefe do Serviço de Cirurgia Plástica do HPS, Carlos Eduardo Leão, a saída não é oferecer um bom tratamento aos acidentados. "Precisamos promover uma política efetiva de prevenção de acidentes". Segundo o médico, cerca de 50% dos pacientes atendidos em seu Centro, é composto por crianças de zero a dez anos. Carlos Leão acredita que a atuação preventiva deverá ser intensa nas áreas mais carentes do Estado, pois ficou constatado que o número de acidentes aumenta na medida que se aproxima das classes mais desfavorecidas da sociedade. Ele informou que a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) já está realizando uma série de visitas em 70 escolas da periferia de Belo Horizonte, no sentido de esclarecer os riscos dos acidentes domésticos e formas de prevenção. Negligência aumenta os riscos

Segundo o presidente da Associação Brasileira de Prevenção do Abuso e Negligência na Infância, José Raimundo Lippi, a maior conseqüência da pobreza é a ignorância. Para ele, somente o esclarecimento poderá reverter o quadro de exclusão no qual se encontram os mais desfavorecidos. Para ele, a negligência dos adultos é o principal fator do elevado número de acidentes domésticos, pois não é possível culpar uma criança pelos males que ela pode vir a sofrer. Lippi ressaltou que a proposta do PL 1.584/97 deve passar pelos lares, pois é lá que existe o "berço da cultura".

A Comissão aprovou parecer favorável de 1° turno ao PL 1.569/97, do deputado Alencar da Silveira Júnior, que assegura o oferecimento gratuito dos exames para diagnóstico de Aids, às gestantes atendidas pela rede pública de Saúde. O relator foi o deputado Wilson Pires (PFL). Foi aprovado, ainda, 2.608/98, do deputado Miguel Martini (PSN), que solicita a realização de um número maior de exames de DNA pela Secretaria de Estado da Saúde.

Presenças - A reunião foi presidida pelos deputados Jorge Eduardo de Oliveira (PMDB) e Jorge Hannas (PFL). Participaram, ainda os deputados Wilson Pires (PFL), Arnaldo Penna (PSDB) e Adelmo Carneiro Leão (PT). Participou, ainda, o chefe do Setor de Pediatria de Queimados do HPS, Tarcísio Lemos.


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