Fiscais criticam criação de Código de Defesa do Consumidor
A Comissão de Constituição e Justiça da Assembléia Legislativa começou, nesta quarta-feira (16) a discutir o Projeto ...
17/06/1998 - 12:14Fiscais criticam criação de Código de Defesa do Consumidor
A Comissão de Constituição e Justiça da Assembléia Legislativa começou, nesta quarta-feira (16) a discutir o Projeto de Lei Complementar (PLC) 34/98, do deputado Sebastião Navarro Vieira (PFL), que institui o Código de Defesa do Contribuinte, com uma série de convidados. Participaram da reunião representantes dos fiscais do Estado, do Conselho Regional de Contabilidade e da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL), a requerimento do relator da matéria na Comissão, deputado Antônio Júlio (PMDB). Sebastião Navarro Vieira (PFL) ressaltou que o projeto é inédito e importante porque consolida princípios e conceitos legais de proteção ao contribuinte. Para ele, é uma tentativa de estabelecer uma boa convivência através de uma lei clara e objetiva e de promover uma mudança cultural da imagem que o cidadão tem do Estado como algoz e do Estado, que vê o contribuinte como sonegador contumaz. O presidente do Sindifisco, José Aparecido de Pádua, e o representante da Associação dos Funcionários Fiscais de Minas Gerais (Affemg), Danilo Vilela Prado, criticaram o projeto. Para o presidente do Sindifisco, a iniciativa ameaça a administração pública como um todo e, em especial, a administração tributária. José Aparecido acredita que o PLC 34/98 cerceia a ação fiscalizadora do Estado protegendo, dessa forma, o sonegador, porque o contribuinte que prima pela correção não seria alcançado pelo Código. Para ele, a complexidade da legislação seria solucionada com a reforma tributária e, se há excessos na fiscalização, o contribuinte já tem como buscar amparo na legislação. O representante da Affemg, Danilo Prado, questionou a aprovação do Código como foi proposto porque, segundo ele, cerca de 10% do conteúdo do PLC 34/98 extrapolam as normas que já tratam do assunto de forma clara, objetiva e didática, como o Código Tributário Nacional (CTN), e a Lei Federal 4.898. Para ele, as relações entre o fisco e os contribuintes estão se deteriorando e o projeto vai acirrar esses problemas. Danilo Prado sugeriu a apresentação de um projeto de incentivo à educação tributária, para que cidadão seja informado de seus direitos e deveres, e a criação de uma lei que instituísse a escola fazendária, para evitar excessos dos fiscais. Ele propôs que seja feito um trabalho conjunto para modificar o projeto de forma a atender aos interesses de todas as partes e ressaltou que os excessos dos contribuintes contra o fisco são bem mais numerosos que os cometidos por fiscais. Questionou, ainda, se não seria competência exclusiva do governador a iniciativa dessa lei. Deputados, CDL e CRC defendem criação do Código O deputado Sebastião Navarro Vieira (PFL) reafirmou que o objetivo da criação do Código é mostrar ao contribuinte que ele não precisa temer a fiscalização porque tem direitos. "Se houver algum dispositivo que possa inibir a ação do Estado, peço aos meus companheiros deputados que o retirem", disse. O deputado lembrou, ainda, afirmação do professor Sacha Calmon, segundo quem a sonegação no Brasil é apenas periférica, já que 33% do Produto Interno Bruto (PIB) vão para a União, Estados e Municípios. "Se é verdade que para cada real pago um é sonegado, fica comprovado que a carga tributária no país é elevadíssima, pois atingiria 66% do PIB", ressaltou. A representante da CDL, Adalgisa Maria da Silva, defendeu a criação do Código que, segundo ela, não pretende estabelecer como não fazer a fiscalização, mas sim colocar limites para ambas as partes. "Não é a ação do Estado que está sendo limitada, mas a das pessoas que exercem a função de fiscalizar", ponderou. Ela discordou da afirmação do presidente do Sindifisco, de que o bom contribuinte não precisa do Código. O vice-presidente de Fiscalização do exercício profissional do Conselho Regional de Contabilidade, Janir Adir Moreira, defendeu o projeto dizendo que ele promove a consolidação de princípios da Constituição Federal e do Estado. Para ele, a matéria representa um avanço nas relações entre o fisco e os contribuintes. O deputado José Bonifácio (PSDB) também defendeu a aprovação do PLC 34/98 porque, seundo ele, os mecanismos apontados que os contribuintes recorram contra abusos existem apenas no papel. "Se um comerciante processar um fiscal, no mínimo vai ter que mudar de estado", disse. Ele reclamou dos altos impostos e da complexidade para pagá-los em Minas Gerais. Presenças - Participaram da reunião, presidida pelo deputado Hely Tarqüínio (PSDB), os deputado Antônio Júlio (PMDB), Sebastião Costa (PFL), João Batista de Oliveira (PDT), Sebastião Navarro Vieira (PFL) e José Bonifácio (PSDB).
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