Ciclo de Debates: Reforma do Estado - Abertura
A Assembléia Legislativa promoveu, na manhã de ontem (15/06), o Ciclo de Debates Reforma do Estado- As Organizações S...
15/06/1998 - 10:03Ciclo de Debates: Reforma do Estado - Abertura
A Assembléia Legislativa promoveu, na manhã de ontem (15/06), o Ciclo de Debates Reforma do Estado- As Organizações Sociais, com participação de deputados, administradores e servidores públicos envolvidos e interessados nas mudanças estruturais do Estado, notadamente no âmbito do Poder Executivo. O ciclo foi aberto pelo deputado João Leite (PSDB),para quem o Estado, como ente responsável pela regulação da vida em sociedade, não tem alcançado êxito na tarefa de promover o desenvolvimento equilibrado, de conciliar o progresso econõmico e as conquistas tecnológicas com o atendimento às necessidades básicas da parcela menos favorecida da população. Ele entende que a substituição do papel regulador do Estado pelos mecanismos de mercado, ou a redução das funções estatais a um nível mínimo, como tem proposto os adeptos da teoria neoliberal, também não foi capaz de estimular o crescimento econômico e ampliar a repartição dos benefícios sociais.. João Leite concluíu afirmando que o ciclo de debates promovido pela Assembléia , acima das naturais divergências, marcou o espírito público e o interesse maior do povo mineiro. O expositor Carlos Manoel Pedroso Neves Cristo, diretor da Secretaria Logística e Projetos Especiais do Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado-MARE abordou as reformas sob a ótica ministerial de execução , assinalando que o tamanho do Estado deve ser compatível com sua carga tributária, cerca de 30% (trinta por cento). Discorreu sobre as normas dos direitos público e privado e acentuou que as organizações do Estado devem, primordialmente, atender ao cidadão. DESMONTE DA ESTRUTURA PÚBLICA Para a secretária - adjunta de Governo do município de Camaragibe-PE, Vera Regina Paula Baroni, que atuou como debatedora, hoje vivemos no Brasil regido pelas normas constitucionais, e que a Constituição Federal tem caráter dirigente, voltado para as mudanças sociais. Ela vê essas mudanças sob dois aspectos: aquele que busca a verdadeira muduança e o fio condutor que vai na direção do ordenamento econõmico direcionado por princípios como a soberania nacional, defesa do consumidor, defesa do meio ambiente e redução das desigualdades sociais. Vera Regina entende que as organizações sociais estão trabalhando no sentido de desmontar a estrutura pública, particularmente do setor de saúde. Essas organizações primam por colocar para o servidor público apenas a possibilidade da demissão. Ela alertou a população brasileira, principalmente os trabalhadores para não se calarem diante da realidade reformista, porque por trás dessas reformas existem outras intenções. "A sociedade civil organizada deve arguir a ilegalidade dessas reformas, dos contratos de gestão, de forma a conquistar, no futuro, uma sociedade mais justa e igualitária." Outra debatedora, Sandra Mara Lopes Capriglione, secretária de Recursos Humanos da Prefeitura de Curitiba falou sobre a implantação de organizações sociais partindo da experiência curitibana. Ela demonstrou o quadro geral da Prefeitura de Curitiba em 1997, com uma estrutura pesada, recursos limitados e demanda social crescente. A saída encontrada foi a flexibilização da máquina pública, criação do hábito de planejar e compartilhar a gestão pública com a sociedade, como caminho mais curto para implantação do Programa Municipal de Publicização. O resultado, segundo Sandra Mara, foi uma maior qualidade dos serviços públicos, com os mecanismos de controle voltados para resultados; o excedente financeiro gerado aplicado nas atividades das organizações sociais e, uma boa parceria e co-responsabilidade da sociedade na prestação dos serviços públicos. Encerrando a fase de exposições e debates da parte da manhã, Ângelo D'Agostini Júnior, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde de São Paulo -SINDISAÚDE defendeu uma maior flexibilidade na gestão das unidades de saúde. Criticou o processo de qualificação das organizações sociais, que ele considera discricionário, cabendo exclusivamente ao ministro da Saúde, no âmbito da União, a indicação dos grupos que virão a constituir as referidas universalidades, integralidade e equidade. Ele finalizou considerando que o Poder Executivo, especificamente o MARE poderia, num esquema mais aberto e receptivo, pelo menos no tocante à área de saúde, onde o SUS já significa uma reforma do aparelho do Estado, discutir alternativas de aperfeiçoamento de estruturas, gerenciamento e financiamento de órgãos e entidades públicas da área de saúde.
Responsável pela informação: Eustaquio Marques - GCS - 031-2907800