Fórum discute crise do Estado e novas formas de organização
A crise de eficácia e representação do Estado Moderno está determinando o surgimento de uma nova esfera pública, cons...
15/06/1998 - 19:11Fórum discute crise do Estado e novas formas de organização
A crise de eficácia e representação do Estado Moderno está determinando o surgimento de uma nova esfera pública, constituída pelas instituições privadas e semi-públicas, como as organizações não- governamentais, associações de bairro ou entidades representantes de minorias. O espaço de atuação dessas organizações tem caráter público, mas ele não é controlado pelo Estado. Nos Estados Unidos essas entidades já somam 1,3 milhão, representando 7% do PIB americano. A partir dessa constatação, o prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro, que participou ontem(21) do Fórum Técnico Orçamento e Políticas Públicas, promovido pela Assembléia Legislativa e Secretaria de Estado do Planejamento e Coordenação Geral (Seplan), apontou uma nova direção para nortear a reforma do Estado moderno, em crise no mundo contemporâneo, mas acobertado política e ideologicamente pelo ideário neoliberal. Tarso Genro defendeu, contra o Estado mínimo, a desobstrução das barreiras burocráticas que separam o cidadão do Estado, ampliando a participação da sociedade nas decisões governamentais. "O Estado, abdicando de parte da sua capacidade de decisão, transferindo-a para a sociedade, perde, sem dúvida, parte de seu poder, mas garante mais legitimidade à sua decisão e às políticas públicas por ele implementadas" - disse Genro, citando exemplos de experiências participativas na administração pública, como a da prefeitura de Porto Alegre, de Belo Horizonte e as audiências públicas regionais, implantadas pelo Legislativo mineiro. O prefeito de Belo Horizonte, Patrus Ananias, fez um relato do processo de implantação do Orçamento Participativo, adotado pela municipalidade desde 1993, destacando os desafios que permanecem para a continuidade dessa experiência nas próximas administração. "Temos de viabilizar a realização do Fórum da Cidade, transformando-o num espaço onde iremos definir os programas estruturantes, aqueles que têm uma abrangência maior e afetam o espaço da cidade como um todo. Temos de viabilizar ainda o orçamento participativo setorial, ouvindo os segmentos da Saúde, Educação, Meio Ambiente e assim por diante. Já temos algumas iniciativas desenhadas, como das áreas de Educação e Saúde, mas precisam ser consolidadas" - disse ele. O representante do governador Tasso Jereissati, do Ceará, o sub- secretário do Estado da Fazenda, Alexandre Adolfo Alves Neves, fez também o relato das experiências desenvolvidas naquele Estado, visando ampliar a participação da sociedade nas decisões de governo. Ele ressaltou que são ainda iniciativas nascentes, que precisam ser aprimoradas, mas todas voltadas para esse objetivo maior, de ter a participação do cidadão na definição das políticas públicas. O 2º vice-presidente da Mesa da Assembléia, o deputado Sebastião Navarro Vieira (PFL), falou sobre as Audiências Públicas Regionais, que foram implantadas a partir de 1993 e visam garantir a participação da sociedade na elaboração do orçamento público estadual. Nesses três anos, o formato dessas audiências vem sendo aprimorado, visando sempre garantir o maior envolvimento da sociedade, a priorização das reivindicações e o melhor aproveitamento destas pelos poderes públicos estaduais. Sebastião Navarro ressaltou que as "Audiências Públicas Regionais representam uma nova concepção de planejamento e, conseqüentemente, de desenvolvimento, fundada na responsabilidade coletiva, na parceria com a sociedade e no efetivo exercício da cidadania". O fórum "Orçamento e Políticas Públicas" prossegue nesta quarta-feira (22/05), com a realização, pela manhã, do painel "Aspectos da Elaboração Orçamentária nos EUA", tendo como expositor o ex-assessor da Comissão de Orçamento do Kansas, de Ohio e Illinois (EUA), Jonh Lattimer. À tarde, o tema será "Indicadores de Desempenho na Avaliação dos Programas Governamentais", com a participação de técnicos do Ministério da Fazenda e do Planejamento e das secretarias de Estado de Minas.
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