Fundações e cooperativas em órgãos público são questionadas
A professora titular de Direito Administrativo da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, Maria Sylvia Di ...
15/06/1998 - 19:11Fundações e cooperativas em órgãos público são questionadas
A professora titular de Direito Administrativo da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, Maria Sylvia Di Pietro, afirmou nesta terça-feira (21-05) de manhã, na Assembléia Legislativa, ser uma questão preocupante a existência de fundações e cooperativas dentro de instituições públicas. Ela explicou que essas fundações e cooperativas, em muitos casos, não têm estrutura física nem financeira para receber concessão de serviços públicos e servem para se driblar a legislação que trata do Direito Público, podendo, desta forma, realizar contratações de pessoal sem concurso público e compras sem licitação. Maria Sylvia participou como expositora do Forum Orçamento e Políticas Públicas, na abordagem do tema "Desafios na Regulamentação de Políticas Públicas e na Prestação de Serviços pelo Estado", juntamente com o gerente do Departamento Jurídico da Telemig, Antônio Roberto Pires de Lima, e do professor da Universidade de Brasília e assessor legislativo da Câmara dos Deputados, Antônio Otávio Cintra. A professora da USP ressaltou que essas fundações e cooperativas estão na fronteira da legalidade e ilegalidade e, na própria USP, existem 28 fundações que não têm patrimônio próprio. Ela ainda afirmou que deve-se atentar para a distinção existente entre terceirização e concessão, que são muitas vezes confundidas. No caso da terceirização, o objetivo é passar para a iniciativa privada uma atividade meio ou acessória do objetivo público. Já a concessão implica na transferência do próprio serviço público, ou atividade fim, para a iniciativa privada, o que é regulamentado pela Lei 8.987. O professor Otávio Cintra criticou - no debate que foi aberto pelo presidente da Assembléia, deputado Agostinho Patrús, e coordenado pelo deputado Arnaldo Penna - as organizações financiadoras internacionais, que, em sua avaliação, estabelecem modismos na definição das prioridades para concessão de empréstimos. "A lógica do financiamento conduzir a política social (do governo) não é a mais correta", defendeu. Cintra ressaltou que a política social enfrenta dificuldades para ser estabelecida e implementada porque sempre depende de arranjos políticos. Ele disse que as áreas sociais enfrentam dificuldades que não se observam em outras áreas, como a de infra-estrutura. O professor ainda afirmou que ações sociais se desenvolvem com muitas pessoas e grandes organizações, e isso implica em problemas de gerenciamento, o que constitui mais um desafio para os poderes públicos. Já o gerente do Departamento Jurídico da Telemig se posiconou contra a concessão de serviços públicos a empresas pertencentes ao próprio Estado. Pires de Lima disse que o Estado não pode fazer concessões a ele mesmo, isso sendo possível apenas na falta de particulares. "Se o Estado é concedente, não pode ser concessionário", afirmou. O Forum foi presidido, em parte, de manhã, pelo deputado Sebastião Navarro Vieira.
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