Presidente da Associação Médica critica planos de saúde
No Brasil, existem 650 planos de saúde que são administrados, em muitos casos, por pessoas inescrupulosas ou que não ...
15/06/1998 - 19:03Presidente da Associação Médica critica planos de saúde
No Brasil, existem 650 planos de saúde que são administrados, em muitos casos, por pessoas inescrupulosas ou que não têm preparo para atuar no setor. A afirmação foi feita nesta quinta-feira (30-05) pelo presidente da Associação Médica de Minas Gerais (AMMG), Lincoln Marcelo da Silveira Borges, durante reunião da Comissão de Saúde e Ação Social da Assembléia Legislativa. Ele e outros representantes da AMMG debateram com os deputados questões relacionadas aos planos e seguros de saúde. A Comissão decidiu enviar à Câmara Federal um documento com o resultado das discussões realizadas até agora no Legislativo mineiro sobre os planos de saúde. No documento, os deputados defenderão o Sistema Único de Saúde (SUS) e solicitarão empenho dos parlamentares federais para que sejam dadas garantias à população que utiliza os planos no sentido de as empresas prestarem serviço de saúde de qualidade. Em sua exposição, Lincoln Marcelo afirmou que os médicos, em todo o País, estão enfrentando progressiva perda de remuneração. Segundo ele, 10% dos médicos ganham R$ 500 mensais, sendo que 73% ganham menos de R$ 2 mil. Enquanto os médicos ganham cada vez menos, disse, os balanço dos planos de saúde demonstram um lucratividade extremamente elevada. Ele contestou as alegação das empresas de planos e seguros de saúde de que o atual aumento das mensalidades, em torno de 40%, foram causadas pela majoração da tabela de serviços da Associação Médica do Brasil. Lincoln Marcelo afirmou que a AMB nunca teve acesso à planilha de custos das empresas para poder examinar o peso dos honorários médicos no custo final, que, segundo ele, é de 20%. Já o integrante da Comissão de Honorários Médicos da AMMG, Claudio Drumond, pediu apoio dos deputados estaduais para que estes façam pressão junto à Câmara dos Deputados para que seja modificado, na Comissão de Fiscalização, o Projeto de Lei 4.425, que regulamenta os planos e seguros de saúde. Drumond defendeu alterações, principalmente em relação à fiscalização dos planos e seguros de saúde, que está prevista em substitutivo para ser feita pelo Conselho Nacional de Seguros e não pelo Ministério da Saúde. Também falou sobre o tema o presidente da Comissão, Reinaldo Guimarães. O autor do requerimento para realização da reunião desta quinta, deputado Jorge Eduardo de Oliveira (PMDB), ressaltou que o assunto é de muita importância. Ele criticou a atuação dos planos e seguros de saúde, que não são regulados por nenhuma lei. "O contribuinte está sendo constantemente penalizado", disse. O presidente da Comissão, deputado Carlos Pimenta (PL), também criticou as empresas do setor e salientou que elas são muito corporativistas e querem desmoralizar o Sistema Único de Saúde para obterem maiores lucros. Já o deputado Jorge Hannas (PFL) chamou a atenção para o excessivo número de escolas de Medicina existente no Brasil. De acordo com ele, a média no País poderá chegar em breve a um médico por 200 habitantes, quando o defendido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é de um médico por 1.000 habitantes. Devido a isso, disse, a classe médica está desvalorizada. E o deputado Marco Régis (PPS) defendeu que a Comissão reitere o apoio ao SUS, no que foi apoiado pelos demais parlamentares, e que seja feita pressão junto à Câmara dos Deputados para que seja modificado o projeto que regulamenta os planos e seguros de saúde. O presidente da Comissão de Defesa do Consumidor, deputado Marcos Helênio (PT), também participou da reunião. Ele disse que a legislação de defesa do consumidor deve ser empregada para garantir que somente empresas sérias permaneçam no mercado. Helênio ressaltou que será realizada audiência pública das Comissões de Saúde e de Defesa do Consumidor para tratar de novas denúncias de irregularidades e crimes cometidas pelo Hospital Unimed de Betim. Durante a reunião, foram aprovados oito projetos que declaram a utilidade pública de entidades, além de um requerimento de autoria do deputado Carlos Pimenta. Nele, o deputado solicita que seja realizada reunião da Comissão para ser discutida a situação do Instituto de Previdência dos Servidores Públicos de Minas Gerais (Ipsemg).
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