Representantes de distritos emancipados discutem seu futuro
Os quase 500 representantes dos 97 distritos emancipados em Minas no ano passado ouviram, nesta terça-feira (28/05), ...
15/06/1998 - 19:03Representantes de distritos emancipados discutem seu futuro
Os quase 500 representantes dos 97 distritos emancipados em Minas no ano passado ouviram, nesta terça-feira (28/05), no Plenário da Assembléia Legislativa, o conselho e a advertência do secretário de Estado de Assuntos Municipais, deputado José Militão Costa, para não superdimensionarem a máquina administrativa dos novos municípios, evitando o seu engessamento com os gastos burocráticos já no seu nascedouro. Para Militão, é possível se obter uma administração eficiente e econômica em cada novo município com apenas R$ 100 mil. "Usem os recursos da informática para agilizar os procedimentos administrativos e não deixem a folha de pessoal ultrapassar 30% da receita. Desta forma, poderão destinar R$ 70 mil por mês para outros gastos e investimentos, totalizando, no final de quatro anos, R$ 2,5 milhões, dinheiro suficiente para fazer uma boa administração a cada mandato". A situação dos novos municípios foi discutida durante a reunião da Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização, presidida pelo deputado José Henrique (PMDB), transferida para o Plenário em função do grande número de participantes que responderam ao chamamento da Comissão, acatando a solicitação do requerimento do deputado João Batista de Oliveira (PSB). Militão fez uma avaliação positiva dos processos de emancipação de distritos, tomando como exemplo os 33 novos municípios criados em 1992. "Hoje eles oferecem melhores condições de vida para sua população e fazem uma distribuição mais justa dos benefícios alcançados com essa divisão", argumentou. O presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MG), desembargador Sebastião Helvécio Rosenburg, esclareceu aos representantes dos novos municípios aspectos da legislação eleitoral que irá reger o pleito de outubro próximo - o primeiro a ser realizado nos novos municípios, deflagrando, efetivamente, a sua nova existência. ICMS - O representante da Secretaria Estadual da Fazenda, o superintendente da Receita Estadual, João Alberto Vizzotto, tratou da questão da distribuição do produto da arrecadação do ICMS entre os novos municípios, afirmando que o cálculo da parcela correspondente ao Valor Adicionado Fiscal (VAF) só deverá ter um índice definitivo a partir do ano 2000. Vizzoto adiantou que, até lá, a proposta da Secretaria da Fazenda é calcular a participação dos novos municípios, dividindo o bolo da arrecadação municipal do município remanscente de forma proporcional ao tamanho dos novos territórios e da nova população. Essa sistemática deverá ser adotada a partir do ano que vem, após o processo eleitoral e a instalação efetiva do novo município, com a formação do legislativo municipal e a apreciação da proposta orçamentária. Polêmica - Esse tema foi o mais polêmico da reunião. Depois da exposição da procuradora da Assembléia Legislativa, Maria Coeli Simões Pires, que falou sobre Autonomia Municipal, o deputado Anderson Adauto (PMDB) subiu à Tribuna para advertir os participantes de que a Lei Complementar nº 37, aprovada pelo Plenário, garante receita aos novos municípios já a partir deste ano, nesta fase de transição - da criação para a instalação do novo município. "Essa possibilidade está prevista nos artigos 17 a 24", disse, advertindo que já tentou conversar com o Executivo por diversas vezes, sem retorno. "O Poder Executivo não está cumprindo a lei. Acho que não é mais possível argumentar politicamente para fazer prevalecer a LC nº 37. A opção é a via do Judiciário e, por isso, me coloco à disposição de vocês para encabeçar uma lista nesse sentido", disse. O secretário de Assuntos Municipais respondeu ao deputado, esclarecendo que a Lei Complementar Federal nº 62 é hierarquicamente superior à LC 37 e, conforme determina, o novo município só estará apto a receber transferências após a sua instalação definitiva. "Além disso, não há como autorizar gastos sem previsão orçamentária, portanto essa é discussão que não procede", argumentou o secretário José Militão. Ao final da exposição, os participantes tiveram oportunidade de encaminhar suas dúvidas aos membros da Mesa, esclarecendo vários aspectos da legislação eleitoral e da futura receita a que terão direito para administrar os novos municípios. A reunião foi presidida pelo presidente da Assembléia, deputado Agostinho Patrús (PSDB), e os debates, coordenados pelo presidente da Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização, deputado José Henrique. Participaram ainda da reunião os deputados Dimas Rodrigues (PPB), Sebastião Costa (PFL), Dilzon Melo (PTB), José Maria Barros (PSDB), João Batista de Oliveira (PSB) e Ivair Nogueira (PDT), membros efeitos da Comissão.
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