Combate ao analfabeto é tema de debate na Assembléia
Os consultores do Fundo das Nações Unidas para a Infância e Juventude (Unicef), Mário Ramos Vilela e Manoel Rojas Bow...
15/06/1998 - 19:04Combate ao analfabeto é tema de debate na Assembléia
Os consultores do Fundo das Nações Unidas para a Infância e
Juventude (Unicef), Mário Ramos Vilela e Manoel Rojas Bowerick,
participaram, nesta terça-feira (25), de reunião conjunta das
Comissões de Agropecuária e Política Rural e de Educação, Cultura,
Desporto e Turismo e Lazer. Eles discorreram sobre a situação da
educação no meio rural em Minas Gerais.
Mário Vilela disse que a atuação de prefeituras e da própria
comunidade na área mineira da Sudene e no Vale do Jequitinhonha vem
mudando a realidade escolar daquelas regiões. Os indíces de evasão
escolar e de repetência, que em 1991 chegavam a 25% e 52%, já caíram à
metade. "Em três anos, foi possível mudar uma realidade de quatro
séculos", afirmou Vilela.
Manoel Rojas Bowerick apresentou diversos dados sobre o
analfabetismo de jovens entre 15 e 17 anos, em Minas Gerais, cujo
índice é de 7,5%, o maior da região Sudeste. No Estado, as variações
são grandes, com 3,7% de analfabetos nas cidades, contra 11,4% no
campo. Cerca de 250 municípios mineiros têm taxas acima de 10% e
outros 236 estão com os índices acima de 25%. Bowerick enumerou
algumas ações para reduzir o analfabetismo, como a oferta de bolsa-
escola para crianças e adolescentes nas regiões onde existe trabalho
infantil; a mobilização de empresários e produtores; a criação de
condições para facilitar o acesso, por transporte, à escola; e a
adoção de ações complemantares, para evitar que a criança abandone a
escola. Outra medida importante seria a alfabetização das mães
jovens, que, além de estimularem as crianças a estudar, conseguem
oferecer mais atenção à saúde básica. O consultor afirmou que o
combate ao analfabetismo e à evasão escolar não é só tarefa do
Governo, mas de toda a comunidade.
Participaram ainda da reunião o presidente do Sindicato dos
Trabalhadores Rurais de Teófilo Otoni, Sílvio Rodrigues Gomes; a
secretária municipal de Educação de Águas Vermelhas, Cesarina Saraiva
Ferreira; e o diretor da Escola Ribeirão do Altar, de Berilo, Everaldo
Moreira Martins, que relataram as experiências desenvolvidas em suas
regiões para combater o analfabetismo, a evasão escolar e a
repetência.
Everaldo Martins disse que, ao assumir a direção da escola, em
1992, mandou fazer um levantamento sobre a situação dos ex-alunos. O
levantamento concluiu que a escola, fundada em 1965, tinha apenas um
ex-aluno com 2º grau completo e três ex-alunos concluíram a 8ª série.
O envolvimento da comunidade com a escola vem reduzindo os índices de
evasão escolar (52%, em 1992) de repetência (25%, no mesmo ano) e de
crianças fora da escola, que era de 11%.
O consultor Mário Vilela disse que é "preciso tratar
desigualmente os desiguais", para solucionar os problemas de educação
do Vale do Jequitinhonha e do Norte de Minas. "Está na hora de o Sul
do Estado, o Triângulo e outras regiões prósperas devolverem um pouco
do que já receberam de recursos públicos para a parte sacrificada do
Estado", afirmou. Os deputados Paulo Piau (PFL), que presidiu a
reunião, João Leite (PSDB) e Geraldo Rezende (PMDB) debateram a
questão com os convidados. Rezende disse que, por coincidência,
estaria apresentando em Plenário um projeto de lei que visa erradicar
o analfabetismo em Minas Gerais.
Responsável pela informação: Francisco Mendes - GCS -031-2907800