CPI comprova indicíos de irregularidade
Os deputados Carlos Pimenta (PL) e Gilmar Machado (PT) - integrantes da CPI que investiga irregularidades no processo...
15/06/1998 - 19:04CPI comprova indicíos de irregularidade
Os deputados Carlos Pimenta (PL) e Gilmar Machado (PT) - integrantes da CPI que investiga irregularidades no processo de apuração do Valor Adicionado Fiscal (VAF) dos municípios mineiros - comprovaram, nesta segunda-feira (24), indícios de irregularidades na declaração da empresa Atacadista Tupamaro Ltda. Bloqueada pela Secretaria de Estado da Fazenda em 1995 por inscrição fraudulenta, a empresa, que ficava em Contagem, é uma das 12 selecionadas pelos deputados para serem inspecionadas "in loco" na cidade. Pelo fato de ter sido fechada em 1995, as informações foram obtidas na sede da Administração Fazendária (AF) do município, através da checagem das Declarações Anuais de Movimentação Econômica e Financeira (Damefs). No anexo-VAF da Damef entregue, pela Tupamaro, em 29 de julho de 1994, os valores de entrada, em cruzeiros reais, são de mais de 104 milhões e os de saída, de mais de 94 milhões. O VAF é o resultado da diferença entre esses dois valores. O valor declarado de "outras saídas" (não especificadas) ultrapassa, em contrapartida, CR$ 1,37 bilhão - ou R$ 3 milhões. Na verificação feita pelos deputados nos arquivos da AF de Contagem, também não conferem as assinaturas do contador João Batista Pereira de Souza Rates. O contador não está cadastrado na Secretaria da Fazenda e nem é identificado pelo CPF. Estoques - Os deputados visitaram, ainda, a empresa ABC Bull S.A. Telematic, especializada em informática. A empresa corrigiu o VAF de CR$ 813 milhões (US$ 2,2 milhões), encaminhado à AF em julho de 1994, para mais de CR$ 2 bilhões (US$ 6,4 milhões). O "salto", segundo justificou a diretoria, ocorreu por causa da inclusão do item "estoques internacionais" na declaração. A empresa alega que seguiu orientação da Prefeitura de Contagem, que era assessorada pela Tema Consultoria Econômica - acusada de aumentar o índice do VAF para favorecer os municípios que assessorava. Segundo informou o deputado Carlos Pimenta (PL), relator da CPI, será feita, agora, a análise da legislação para verificar a possibilidade de inclusão desses estoques nas declarações. "Pode ainda ter ocorrido erro da Prefeitura ou da Tema", explicou o deputado Gilmar Machado (PT), autor do requerimento que solicitou a instauração da CPI. O chefe da Secretaria de Estado da Fazenda em Contagem, Edvaldo Pereira Sales, informou que os livros fiscais serão verificados para confirmar se a explicação da empresa está correta. Na próxima semana, a AF encaminhará o resultado da pesquisa à CPI. Outra dúvida é com relação ao prazo para se fazer a correção na declaração da ABC Bull. Em dezembro de 1994, mês em que a mudança do índice foi comunicada, houve a divulgação, pela Secretaria da Fazenda, do índice definitivo do VAF dos municípios mineiros. O curto prazo entre uma ação e outra pode indicar tratamento diferenciado a Contagem. Relatório - Nesta quarta-feira (26), durante reunião da CPI, marcada para as 16 horas, os deputados divulgam um relatório sobre a visita. Outras empresas deverão ser analisadas ainda em Contagem. Na próxima semana, não está descartada uma viagem a Congonhas para novas inspeções - os deputados pretendem selecionar 20 empresas para serem pesquisadas. O diretor da área de Assuntos Municipais da Secretaria de Estado da Fazenda, Jânio Ramos, também acompanhou os deputados na inspeção desta segunda-feira. Ele justificou a comprovada falta de fiscalização alegando que, todos os anos, são entregues à Secretaria uma média de 350 mil Damefs, referentes ao VAF de todos os municípios mineiros. Ramos ocupa o cargo antes exercido por Aloísio Guimarães, acusado de envolvimento nas irregularidades e que já prestou depoimento à CPI. Até o ano passado, as Prefeituras eram as encarregadas de recolher, dos contribuintes, as Damefs e os anexos do VAF das cidades mineiras. Somente este ano esta função foi absorvida pelas Administrações Fazendárias (AFs).
Responsável pela informação: Fabiana Oliveira - GCS - 031-2907800