Fiscalização e preservação de emprego são debatidas na ALEMG
A Comissão de Agropecuária e Política Rural, presidida pelo deputado Paulo Piau (PFL) ouviu nesta quinta-feira (13/6)...
15/06/1998 - 19:04Fiscalização e preservação de emprego são debatidas na ALEMG
A Comissão de Agropecuária e Política Rural, presidida pelo deputado Paulo Piau (PFL) ouviu nesta quinta-feira (13/6) representantes dos produtores rurais, do Ministério do Trabalho e da Secretaria do Trabalho e Ação Social, para debater a fiscalização em propriedades rurais do Estado e a preservação do emprego no campo. Paulo Piau disse que a legislação trabalhista, por ser homogênea, cria situações absurdas, face a diversidade regional e às características próprias de cada atividade, sendo preciso promover sua adequação à realidade. O presidente da Associação dos Pequenos e Mocroruralistas de Minas Gerais, Manoel Rodrigues da Silva Pontes, criticou duramente a legislação trabalhista em vigor, responsabilizando-a pelo esvaziamento da área rural, pela geração dos excluídos e dos sem-terra. "Uma lei não pode ir contra a tradição e leis como o Estatuto da Terra e a legislação trabalhista destruiram as relações de camaradagem que havia entre proprietários, agregados e meeiros no Interior, prejudicando sobretudo os pequenos produtores", disse. Manoel Pontes disse também que as exigências da medicina do trabalho são outro fator que traz prejuízos para o produtor rural. O representante da Federação da Agricultura do Estado de Minas Gerais, Marcos Abreu, que esteve acompanhado da assessora jurdídicada entidade Valdicele Fátima Pereira, disse que o nível de exigência da legislação beira o absurdo e que "advogados têm instalado uma indústria ações no meio rural". De outro lado, criticou os excessos da fiscalização, que deixa de observar peculiaridades de certos setores da produção. Abreu acrescentou que os sindicatos patronais rurais estão procurando dialogar com os sindicatos de trabalhadores, para evitar confrontos na Justiça, e que, entre outras coisas, oferecem hoje assistência ao trabalhador rural. O secretário-adjunto do Trablaho, Júlio César Delgado, disse que o Brasil vive o dilema de ser o 16º país em exploração do trabalho infantil e que no campo crianças e adolescentes trabalham em lavouras com alto grau de toxicidade, como as de morango e batatas. "Precisamos sair desse índice", disse. Outro ponto que preocupa a Secretaria é o grande êxodo para as cidades. Com dados da conferência de Istambul, Delgado disse que daqui a 19 anos, 3/4 da população mundial estará em núcleos urbanos. O Delegado Regional do Trabalho, Jorge Machado, disse que vem procurando adotar uma nova mentalidade nas relações de trabalho em Minas Gerais. Enquanto a fiscalização é muito utilizada, foi deixado de lado o setor de Relações do Trabalho do Ministério, através do qual tentamos estimular o diálogo com produtores rurais e sindicatos de trabalhadores, disse. Lembrando que a aplicação da lei deve levar em conta as finalidades sociais, é possível buscar um tratamento adequado à realidade rural, que evite sobretudo o desemprego no campo. As normas para grandes empresas não podem ser aplicadas a todos os produtores. A deputada Elbe Brandão (PSDB) disse que todo o problema do campo pode ser definido a partir da falta de receita dos produtores e da desvalorização do trabalho. Ela defendeu menor rigidez na aplicação da legislação e a busca do diálogo entre os setores envolvidos. A Comissão aprovou requerimento do deputado Paulo Piau, em que solicita ao Presidente da Assembléia a realização de um seminário para tratar das questões da produção rural, incluindo aspectos como moradia e legislação. Ele justificou o requerimento dizendo que "a solução do problema rural é a solução do problema urbano". Participou também da reunião o deputado José Maria Barros (PSDB).
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