Trabalhadores denunciam ações da Usiminas
Representantes de entidades sindicais e das famílias de vítimas de acidentes nas dependências da Usiminas denunciaram...
29/05/1998 - 02:06Trabalhadores denunciam ações da Usiminas
Representantes de entidades sindicais e das famílias de vítimas de acidentes nas dependências da Usiminas denunciaram ontem (quinta-feira, 28) ações irregulares na Usiminas nas cidades do Vale do Aço. Eles participaram de reunião conjunta das Comissões de Saúde, Direitos Humanos e do Trabalho, da Previdência e da Ação Social. Para o deputado Geraldo Nascimento (PT), autor do requerimento que originou a reunião, faz-se necessária a apuração das denúncias apresentadas pelos trabalhadores como forma de garantir a democracia e os direitos adquiridos pela categoria. O diretor-adjunto do Sindicato dos Metalúrgicos de Ipatinga, Geraldo Vilar Guimarães, denunciou que desde a privatização da Usiminas, em 1991, morreram 14 trabalhadores em acidentes dentro da usina. Ele informou que o atestado de óbito dos trabalhadores acidentados trazem informações "absurdas" quanto as causas das mortes. "Como um homem que teve cerca de 50% de seu corpo esmagado por uma máquina pode ter como causa mortis anemia profunda?", indagou. O dirigente sindical acrescentou que ao lado da manipulação de documentos, a Usiminas exerce elevado controle e "pressão" sobre a vida de seus empregados. Ele afirmou existir um serviço de informação dentro da empresa que monitora a vida de seus empregados e de diversos personagens em suas cidades de atuação. Para ele, as atitudes da siderúrgica lembram atrocidades cometidas pelos Governos Militares, e são inconcebíveis em um Estado democrático. Geraldo Guimarães informou que desde a privatização da Usiminas, o número de funcionários foi reduzido de 12 para sete mil. Ele considera a redução do quadro funcional e também dos benefícios adquiridos antes da privatização como as principais responsáveis pelo aumento dos lucros da empresa. O sindicalista disse que os rendimentos da Usiminas aumentaram de 63 milhões em 1991, para 300 milhões em 1997, ao passo que os gastos com a folhas de pagamento reduziram-se de 415 para 200 milhões. O diretor da Federação Democrática dos Metalúrgicos de Minas Gerais, Oraldo Paiva, acrescentou que o "serviço de informação" da empresa possui uma lista suja com cerca de quatro mil nomes. O funcionário aposentado da Usiminas, Ronaldo Diniz de Abreu, alegou ser, enquanto efetivo, responsável pela digitação dos dados obtidos pela empresa. Ele informou que teve noites sem dormir devido ao "peso da consciência". "Só não abandonei o serviço porque tenho 5 filhos", desabafou. Os deputados Geraldo Nascimento e Adelmo Carneiro Leão (PT) lamentaram a ausência de representante da Usiminas. Eles ressaltaram a necessidade de uma nova reunião para obtenção de esclarecimentos por parte de empresa. Presenças - Participaram da reunião os deputados Jorge Eduardo de Oliveira (PMDB), que a presidiu; Jorge Hannas (PFL), Adelmo Carneiro Leão (PT) e Geraldo Nascimento (PT). Participou, ainda, o pai de uma vítima, Antônio Paulo Araújo.
Responsável pela informação: Leonardo - GCS - 031-2907800