Major diz que PM tem documentos sobre presos políticos
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) formada para apurar a destinação dos arquivos do Dops ouviu, nesta terça-fe...
19/05/1998 - 10:16Major diz que PM tem documentos sobre presos políticos
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) formada para apurar a destinação dos arquivos do Dops ouviu, nesta terça-feira (19), o major Sérgio Ricardo Bueno, do Sistema de Inteligência da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG). Segundo ele, a PM não tem informações sobre presos políticos. Estava previsto, também, o depoimento de representantes do Exército Brasileiro e da Polícia Federal, para verificar se nessas instituições, conforme informações colhidas pela CPI, também há documentos relativos a presos políticos. A Comissão não recebeu justificativa para a ausência de representantes do Exército. O superintendente regional da Polícia Federal, Agílio Monteiro Filho, enviou ofício dizendo não ter condições de opinar sobre a destinação dos arquivos do Dops "por não manter vínculo funcional com o Dops da SSP/MG". O deputado Ivair Nogueira (PDT), relator da Comissão, solicitou que o pedido de informações à Polícia Federal seja reiterado porque o questionamento - sobre a existência de informações sobre presos políticos da época do regime militar - não foi respondido. Major diz que PM faz incineração periódica de documentos Segundo o major Sérgio Ricardo, a PM não tem qualquer dado ou documento com informações políticas sobre pessoas porque essa era uma atribuição da polícia de investigação e carcerária - Polícia Civil. Ele disse que a Polícia Militar só repassava informações pedidas pelo órgão central do Sistema Nacional de Informações (Sisni), que era o Serviço Nacional de Informações (SNI). Segundo ele, o papel do Serviço de Informações da PM era coletar dados operacionais para a atuação das tropas, como o número de pessoas que participariam de uma manifestação, o itinerário, o ânimo dos manifestantes e se haveria uso de armas ou não. O major informou, ainda, que o Regulamento para Salvaguarda de Assuntos Sigilosos (RSAS), de 1979, impunha a destruição de documentos à medida que se tornavam irrelevantes ou inoportunos. O Decreto 2.134, de 24 de janeiro de 1997, revogou o RSAS, mas mantém a determinação de incineração periódica de documentos. Segundo ele, o arquivo do Serviço de Inteligência é pequeno - ocupa uma área de 12 m² - e ainda hoje os documentos passam por exame e são incinerados. O representante da PM disse que o arquivo está aberto para a visita dos deputados que compõem a CPI. Sandra Starling confirma representação junto a Ministério Público A CPI recebeu correspondência da deputada federal Sandra Starling (PT), encaminhando cópia de representação feita por ela, junto à Procuradoria Geral de Justiça, sobre a eventual incineração dos arquivos do Dops. A correspondência contradiz informação prestada pela Procuradoria à CPI do Dops segundo a qual nos arquivos do Ministério Público nada consta sobre representação feita pela deputada a respeito do assunto. Participaram da reunião, presidida pelo deputado Ivair Nogueira (PDT), os deputados Ambrósio Pinto (PTB) e Adelmo Carneiro Leão (PT) - que pediu a formação da CPI.
Responsável pela informação: Fabiola Farage - GCS - 031-2907800