Pesquisadora aponta potencialidade do cerrado p/ exploração
O aproveitamento do cerrado mineiro foi tema de palestra da botânica e pesquisadora da Epamig, Mitzi Brandão. Embora ...
13/05/1998 - 10:15Pesquisadora aponta potencialidade do cerrado p/ exploração
O aproveitamento do cerrado mineiro foi tema de palestra da botânica e pesquisadora da Epamig, Mitzi Brandão. Embora reconheça a necessidade de aproveitamento do cerrado pela agropecuária, próprio de um país em crescimento, Mitzi Brandão disse que a essa ocupação está extinguindo diversas espécies importantes para a área farmacêutica. É o caso das plantas que são tóxicas para o gado, que produzem entre outras, a rutina, substância vaso- constritora de largo emprego na indústria farmacêutica. O cerrado brasileiro ocupa uma área de 1 milhão 849 mil quilômetros quadrados em 15 estados e Distrito Federal. Minas Gerais tem 53% de seu território de domínio de cerrado, área de 308 mil quilômetros quadrados. O cadastro da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) registra 901 espécies no cerrado. "É um potencial muito grande, que deve ser explorado racionalmente", disse a pesquisadora. 197 municípios mineiros têm catalogadas as espécies do cerrado e 34 ainda estão sem levantamento. A pesquisadora disse que há muitas ocorrências de cerrado que podem ser preservadas. São as que localizam-se em áreas não mecanizáveis para a agricultura, em regiões montanhosas, rochosas e arenosas. É necessário mais controle e monitoramento das áreas. Ele disse também que são necessários mais recursos para a pesquisa no cerrado. E lembrou que laboratórios europeus exploram diversas áreas, para fins industriais. "É exploração extrativista, que precisa ser controlada", advertiu. A riqueza do cerrado - Mitzi Brandão é também farmacêutica-bioquímica, especialização em taxinomia, ramo da biologia, que trata da classificação de espécies. Em suas pesquisas no cerrado, ela concluiu que Minas Gerais possui uma variedade muito grande de espécies de plantas, com grande potencial de uso. São 18 espécies de corticosas (produzem cortiça), 23 de fibrosas (cordas, etc), 21 de oleaginosas (alimento e medicamentosas), 20 de tintoriais e 19 de tanino. Das espécies consideradas tóxicas para o gado foram encontradas 19 ocorrências. Mitzi Brandão mencionou ainda 106 espécies de leguminosas e 20 com potencial apícola. Num trabalho sobre plantas medicamentosas de uso popular dos cerrados mineiros, a professora relacionou 170 espécies de plantas. São muito usadas para tratamento de diabetes, câncer, vitiligo e doenças pulmonares. Mitzi Brandão destacou o pequi entre as grandes espécies do cerrado. "É uma planta riquíssima, pois é frutífera, melífera, tintorial e medicamentosa", enumerou. A palestra de Mitzi Brandão foi proferida em reunião conjunta das comissões de Política Agropecuária e Agroindustrial e de Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia. O deputado Paulo Piau, autor do requerimento que deu origem à reunião, criticou a utilização do cerrado pela agricultura e pecuária, sem os cuidados com o desenvolvimento sustentável. Estiveram presentes os deputados José Maria Barros (PSDB), Paulo Piau (PFL), que dividiram a presidência dos trabalhos, Aílton Vilela (PSDB), Adelmo Carneiro Leão (PT), Gilmar Machado (PT), Mauro Lobo (PSDB) e Luiz Fernando Faria (PPB).
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