CPi do Garimpo
A CPI do Garimpo aprovou, nesta quarta-feira (13), uma série de requerimentos apresentados pelo deputado Raul Lima Ne...
14/05/1998 - 02:45CPi do Garimpo
A CPI do Garimpo aprovou, nesta quarta-feira (13), uma série de requerimentos apresentados pelo deputado Raul Lima Neto (PDT), que pediu a formação da CPI. Em um dos requerimentos, Lima Neto solicita informações à Polícia Federal sobre a última data registrada em que Mark Bosly e Chang Ya Ching deixaram o Brasil. Outro requerimento, do mesmo autor, pede a quebra do sigilo telefônico e fiscal de 15 pessoas e empresas, como Marcos Hartmann, Viviane Albertino Santos e Valmir Cláudio da Cruz, já ouvidos pela Comissão, e as empresas Braspedras Indústria e Comércio, Cidama Comércio Exportação Ltda. e Cindam Comércio Exportação Ltda. A Comissão Parlamentar de Inquérito aprovou, ainda, requerimentos solicitando o envio à Polícia Civil e à Polícia Militar de Minas Gerais de cópias do depoimento de Robson Caio de Andrade. A CPI vai solicitar, ainda, relatório detalhado do que aconteceu em 1987 no município de Antônio Dias, distrito de Hematita, quando cinco mil garimpeiros teriam sido expulsos ou desalojados. O requerimento especifica que o relatório deve conter dados completos de como os garimpos passaram ao domínio de Chang Ya Ching e Stravos Panagiote Papadopoulos, e a indicação de quem comandou a operação e a mando de quem. A CPI vai convidar a prestar depoimentos José Martins de Oliveira, de Teófilo Otono, e Francisco Antônio Modenese, de Itaipé. Coronel nega existência de polícia especial Na reunião realizada nesta quarta-feira (13), o Coronel PM da reserva João Natal Filho disse que talvez seja o funcionário mais antigo da Alexandrita Mineração Comércio e Exportação Ltda., tendo sido contratado após agosto de 1988, quando entrou para a reserva. A empresa tem quatro sócios, segundo o Coronel, todos brasileiros. Entre eles está o presidente da Companhia Aérea Transbrasil, Antônio Celso Cipriani, que pretou depoimento à CPI na semana anterior. João Natal Filho disse que não é responsável exclusivamente pela segurança, mas trabalha no setor de logística, organização de pessoal e colaborou também na parte operacional. Ele afirmou que só teve conhecimento de problemas com invasões e desocupações de garimpeiros em 1987, pelos jornais, quando ainda estava na ativa. Ninjas - O coronel negou a existência de uma polícia especial para fazer a segurança da empresa e dos "ninjas". Segundo João Natal Filho, a Alexandrita tem uma empresa contratada para fazer a segurança, com cabos, sargentos e soldados aposentados. O Coronel não falou sobre como é a extração, o volume e como é lapidada ou vendida a alexandrita. Garimpeiros também são ouvidos O garimpeiro Valmir Cláudio da Cruz, que tem uma firma de compra e venda de diamantes em Diamantina, disse que está preocupado com as notícias veiculadas nos jornais sobre quantias enormes no comércio de pedras. A CPI do Garimpo, conforme explicou o deputado Wanderley Ávila (PSDB), e as declarações do lapidário Paulo Henrique Tibães - que não corresponderiam à verdade - estariam colocando em risco a vida de garimpeiros. Valmir disse que um amigo foi assassinado no início da semana, em Diamantina. Disse, ainda, que já vendeu para a Cindam e para Viviane Albertino dos Santos, mas que nunca teve negócios com Tibães. Ele defendeu que a CPI deveria procurar informações sobre o lapidário. Acareação - Outro garimpeiro, Geraldo Antônio da Cunha, também negou conhecer Tibães e disse que nunca teve negócios com ele. Numa acareação com Paulo Henrique Tibães, os dois garimpeiros reafirmaram as informações prestadas, enquanto o lapidário garantiu ter comprado e vendido diamantes para Valmir e Geraldo. Tibães afirmou ter uma dívida de US$ 5 mil com Valmir, que negou. O presidente da Comissão, deputado Anivaldo Coelho (PT), reafirmou a exigência de que os depoentes digam a verdade, sob pena de sofrerem sanções legais. Paulo Henrique Tibães também entregou documentos à CPI que, segundo ele, comprovam que há fraudes no Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), como uma certidão de manifesto de lavra para a Mineração Rio Novo que teria sido assinada por Sílvio Barbosa - ex-diretor do DNPM que, na época, em 1975, nem mesmo era funcionário do órgão. A CPI também recebeu documentos da Câmara Municipal de Antônio Dias, que mostrariam irregularidades na atuação do DNPM. O dossiê tem cópia de matéria publicada pelo jornal Folha de S.Paulo, sobre a falta de fiscalização no comércio de alexandrita em Antônio Dias, pela Alexandrita Mineração Comércio e Exportação Ltda. e sobre suborno que a empresa teria pago a servidores públicos para obter o direito de lavra da área. Inclui, ainda, ofício datado de 12 de setembro de 1996, do procurador da República Wellington Cabral Saraiva, comunicando ao presidente da Câmara a instauração de procedimento administrativo para investigar denúncias do jornal. Deputado sugere medidas em projeto de lei O deputado Wilson Pires (PFL) apresentou sugestão ao relatório final da CPI na forma de um projeto de lei que dispõe sobre a exigência de licenciamento de pessoas físicas ou jurídicas que exerçam atividade de exploração mineral, para a impressão ou aquisição de documentos e dá outras providências. Presenças - Participaram da reunião, presidida pelo deputado Anivaldo Coelho (PT), os deputados Raul Lima Neto (PDT), Wanderley Ávila (PSDB), Ambrósio Pinto (PTB) e Wilson Pires (PFL).
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