CPI do Garimpo ouve quatro depoimentos
O diretor administrativo da Alexandrita Mineração Ltda., Antônio Celso Cipriane, disse, nesta quarta-feira (06/05), d...
07/05/1998 - 02:43CPI do Garimpo ouve quatro depoimentos
O diretor administrativo da Alexandrita Mineração Ltda., Antônio Celso Cipriane, disse, nesta quarta-feira (06/05), durante depoimento à CPI do Garimpo, que as autoridades estaduais deveriam estimular a formação de escolas de lapidação para formar mão-de-obra especializada, criar empregos e renda. Segundo ele, a falta de opção obriga as empresas a vender a pedra bruta ou lapidá-las em países asiáticos, onde há know-how e mão-de-obra mais barata. O empresário, que também é presidente da empresa de aviação Transbrasil, negou qualquer envolvimento de empresas de transporte aéreo com o contrabando de pedras. Disse que a sua empresa paga rigorosamente todas as obrigações sociais e trabalhistas, além de fornecer alimentação, assistência médica e odontológica aos seus funcionários. Os próprios deputados atestaram a organização da mineradora, segundo relatou o presidente da CPI, deputado Anivaldo Coelho, na abertura dos trabalhos. Antônio Celso Cipriane também disse desconhecer como se deu o processo de aquisição da área onde a empresa ocupa, já que ele chegou no momento posterior à desocupação da região, que chegou a ser ocupada por cerca de 5 mil garimpeiros, segundo informações da própria CPI. Ele informou que o seu sócio, Chang Ya Ching, detinha o alvará de pesquisa e teria adquirido a área da Companhia Ferro-Brasileiro. O empresário negou a existência de uma brigada armada no local, afirmando que há uma segurança com cerca de 8 a 12 homens treinados pela empresa. Consultor defende criação de bolsa de diamantes O geólogo Marcos Borghetti Hartmann, que compra diamantes em Diamantina para a empresa Cindam, responsável por 95% das exportações de diamante registradas pelos órgãos federais, defendeu, ontem, a criação de uma bolsa de diamantes em Minas Gerais, para permitir que o processo de comercialização das pedras seja feito no Estado. Também defendeu uma política de fortalecimento das cooperativas dos garimpeiros e a legalização da atividade garimpeira. Consultor de empresas, Marcos Hartmann disse que a grande dificuldade das cooperativas de diamante, a exemplo do que ocorre em Diamantina, é a falta de espaço para a atividade. Ele explicou também que a lapidação das pedras se dá nos países asiáticos porque a mão-de-obra é cerca de cinco vezes mais barata em relação ao que oferecem os lapidários brasileiros, situados, historicamente, em Minas Gerais, nos municípios de Mar de Espanha e Leopoldina. Hartmann negou as denúncias veiculadas pela imprensa de irregularidades na empresa Cindam. Disse que ela possui mais de 50 anos de atuação nesse mercado e que é a maior interessada em eliminar o contrabando, em função da concorrência desigual. Ao contrário do que afirmaram os representantes da Receita e da Polícia Federal, Hartmann disse que esses órgãos possuem especialistas capazes de avaliar as pedras e explicou como se dá o processo de exportação e a documentação que é necessária. Disse, ainda, que a própria Universidade Federal de Minas Gerais possui técnicos capazes de fazer esse serviço e que bastaria credenciar pessoas para que isso fosse feito, "se houvesse vontade política". Cotação - Ainda na reunião da CPI foram ouvidos a empresária Viviane Albertino Santos, dona de uma empresa que faz avaliação e comercialização de pedras, e o presidente da Associação dos Corretores de Pedras Preciosas e Semi-preciosas de Teófilo Otoni, Robson Caio de Andrade. Viviane Santos disse que apenas presta um serviço que é uma tradição de mais de 50 anos de sua família, fazendo avaliações de pedras para a Mineração Rio Novo. Disse que nunca exportou pedras, que desconhece atos de contrabando e que se coloca à disposição das autoridades para uma acareação com os responsáveis pelas denúncias que envolveram seu nome. Legislação prejudica trabalho individual O garimpeiro Robson Caio de Andrade fez um relato da ocupação violenta da área hoje ocupada pela empresa Alexandrita Mineração Ltda. Também falou das dificuldades dos garimpeiros e de como a legislação prejudicou as pessoas que trabalham individualmente, em detrimento das empresas e cooperativas, que possuem recursos para explorar grandes áreas, causando, conseqüentemente, maior depredação e prejuízos ao meio ambiente. A legislação, segundo ele, protege as grandes empresas, enquanto os garimpeiros passam fome ou são presos acusados de degradar o meio ambiente com uma pá e a batéia. CPI pede quebra de sigilo bancário A CPI do Garimpo aprovou, ainda na reunião de ontem, quatro requerimentos do deputado Raul Lima Neto. Através desses requerimentos, foram convidados a participar de reuniões da Comissão o presidente da Cooperativa dos Garimpeiros dos Três Vales, Salvador Moreira Gomes; e os senhores Walmir Cláudio da Cruz e Geraldo Antônio Cunha. Um terceiro requerimento solicita a realização de mais uma reunião semanal da CPI, a fim de que os prazos regimentais para a conclusão dos trabalhos possam ser cumpridos. Por fim, um quarto requerimento solicita a quebra do sigilo bancário das seguintes pessoas: Marcos Hartmann, Maurício Marques Silveira, Ivete Marques Silveira, Alcides Rogério Branco, José Wilson Coelho, Viviane Albertino Santos, Marcelo J. Santos, Victor Sião Rin Fa, Leandro Santos, Valmir Cláudio da Cruz, Mark Bosly e Geraldo Antônio Cunha. E, ainda, das empresas Mineração Rio Novo, Cidama e Cindam. Presenças - Participaram da reunião os deputados Anivaldo Coelho (PT), presidente da CPI; Wanderley Ávila (PSDB), Wilson Pires (PFL) e Raul Lima Neto (PDT).
Responsável pela informação: Rodrigo Lucena - GCS - 031-2907800