cantor nega ter ganhado 400 carros nos bingos
"Quem não conhecia a dupla Antônio Carlos e Renato agora já conhece, porque todos me chamam de rei do bingo. Falei qu...
30/04/1998 - 06:46cantor nega ter ganhado 400 carros nos bingos
"Quem não conhecia a dupla Antônio Carlos e Renato agora já conhece,
porque todos me chamam de rei do bingo. Falei que tinha ganhado 418 carros nas
jogadas, mas é tudo brincadeira", disse o cantor sertanejo Antônio Carlos dos
Santos à CPI dos Bingos, em depoimento nesta quarta-feira (30), que provocou
risos nos deputados e nos presentes à reunião.
Perjúrio - Ele disse que ganhou "apenas" 50 carros e creditou às apostas
o patrimônio de R$ 500 mil que diz ter conseguido em apenas dois anos. Segundo
o deputado Durval Ângelo (PT), integrante da CPI, Antônio Carlos vai responder
por perjúrio diante da Comissão por conta das "bravatas". "A CPI é coisa
séria. O cantor está incorporando agora o espírito do ex-deputado federal
Sérgio Naya, tentando desmentir as declarações que deu à imprensa. Vamos
encaminhar à Receita Federal todas as fitas com as reportagens", afirmou
Durval Ângelo (PT), ao término da reunião, em entrevista.
Empresário depõe - Além de Santos, os parlamentares ouviram nesta quarta
o empresário Munir Khalil Lebbos, dono das danceterias "Três Lobos" e "Noiva
do Cowboy" (onde a dupla "Antônio Carlos e Renato" faz shows) e ex-
proprietário dos bingos Eldorado, em Contagem, e Cidade (onde Santos jogava
regularmente). Khalil negou as denúncias de fraude, sonegação fiscal e
utilização de policiais civis como seguranças nas casas de jogos, quando era
proprietário.
CPI vai convocar proprietários dos 14 bingos do Estado
A CPI aprovou, também nesta quarta, requerimento do deputado Durval
Ângelo (PT), convocando para depor à CPI os donos dos 14 bingos licenciados
para atuar em Minas Gerais, bem como pessoas que trabalham nesses locais. A
relação contém 23 nomes, entre eles o do proprietário dos bingos Savassi,
Minas e Alterosa, Fernando Mendes Dias. Respondendo a indagação dos deputados,
Antônio Carlos dos Santos disse que Dias não financiou a produção dos CDs da
dupla "Antônio Carlos e Renato", apenas comprou alguns discos do cantor.
INSS instaura sindicância para investigar denúncias
O chefe da Divisão de Fiscalização do INSS, Márcio Soares Pereira, que
acompanhou a reunião da CPI desta quarta, disse que já foi instaurada
sindicância para apurar as denúncias de sonegação, pelos bingos, da
contribuição previdenciária obrigatória. "Há indícios fortes de sonegação. Se
for necessário, podemos visitar as casas de jogos", disse o fiscal.
Segundo Pereira, a contribuição é de 36,8% do salário dos empregados. No
caso do contrato de trabalho entre Munir Khalil Lebbos e a dupla "Antônio
Carlos e Renato" - cujo valor seria de R$ 1,6 mil por show -, a contribuição é
de 15%. No caso de Antônio Carlos dos Santos, que remunera pessoas físicas
integrantes de sua banda, a contribuição ao INSS também precisa ser feita.
Depoimentos de empresário e cantor são contraditórios
Os depoimentos de Munir Khalil Lebbos e de Antônio Carlos dos Santos
foram contraditórios. O empresário - primeiro depoente - disse não conhecer o
paraguaio Jorge Escobar, que seria um dos sócios da Nevada Super Lanches, de
São Paulo, envolvida no escândalo das máquinas de caça-níqueis. Santos - o
segundo depoente - disse, no entanto, que conheceu Escobar na danceteria
"Noiva do Cowboy", em Contagem, onde faz shows e cujo proprietário é Khalil
Lebbos.
Segundo Santos, o paraguaio estava, na época, intermediando a venda dos
Bingos Eldorado e Cidade para um grupo de São Paulo. Khalil disse aos
deputados que foi proprietário do Bingos Eldorado até agosto de 1996; e do
Cidade até outubro de 1995.
Laranja - Munir Khalil negou, ainda, que Antônio Carlos dos Santos fosse
"laranja" dos Bingos Eldorado e Cidade. Disse que só ficou sabendo que o
cantor era apostador, por conta dos atrasos de Santos em começar os shows nas
danceterias. "Todos diziam que ele estava nos bingos, jogando". Khalil afirmou
que, depois disso, pediu para Santos parar de apostar nos bingos de sua
propriedade. O cantor replicou, no entanto, que continuou apostando e negou
ser "laranja".
Fantasmas - Tanto o empresário quanto o cantor foram citados, em
depoimento anterior, pelo ex-relações públicas dos Bingos Eldorado e Cidade,
Roberto Pereira da Silva. De acordo com Silva, a dupla "Antônio Carlos e
Renato" teria recebido mais de 50 premiações sem comparecer aos jogos. "Os
clientes reclamavam comigo de ganhadores-fantasma", atestou o ex-relações
públicas. No depoimento desta quarta, Khalil disse, no entanto, que conheceu
Roberto Pereira da Silva dois meses antes de vender os bingos.
Empresário alega inocência e cantor não responde indagação
Munir Khalil disse não saber o porquê de seu nome estar ligado às
denúncias contra os bingos. "Não sou proprietário desde 1995 e não sou alvo de
inquéritos nem na Receita nem na Polícia Federal", replicou, quando indagado
pelos deputados. O dono da "Três Lobos" negou conhecer vários dos envolvidos
nas denúncias, mas afirmou ter tido contato com Edivaldo Gonçalves Vieira
Filho, na época em que vendeu para ele os Bingos Eldorado e Cidade. Khalil
também negou ter contratado a empresa do delegado titular da Seccional Norte,
Jaime Monteiro de Barros, para fazer a segurança dos bingos.
Rapidez - O cantor Antônio Carlos dos Santos não respondeu aos
questionamentos do deputado Durval Ângelo (PT), que quis saber os motivos de
seu enriquecimento rápido. No final de 1995, Santos afirmou ter apenas um
"Chevette velho" e viver de aluguel. Dois anos depois, já acumulava um
patrimônio de R$ 440 mil.
Presenças - Compareceram à reunião os deputados Alencar da Silveira
Júnior (PDT), que a presidiu; Durval Ângelo (PT), Irani Barbosa (PSD), Antônio
Roberto (PMDB), Marcelo Gonçalves (PDT), Ivair Nogueira (PDT) e Luiz Fernando
Faria (PPB).
Responsável pela informação: Fabiana Oliveira - GCS -031-2907800