Reitor da UEMG fala sobre universidade e critica recursos

"Os governos federal e estadual não têm um projeto educacional - têm, no máximo, metas para a educação". A afirmação ...

16/04/1998 - 06:34

Reitor da UEMG fala sobre universidade e critica recursos



     "Os governos  federal e estadual não têm um projeto educacional - têm, no

máximo, metas  para  a  educação".  A  afirmação  foi  feita  pelo  reitor  da

Universidade do  Estado de Minas Gerais (Uemg), professor Aluísio Pimenta, que

participou ontem  (15) de reunião conjunta das Comissões de Educação, Cultura,

Ciência e  Tecnologia e de Assuntos Municipais e Regionalização, especialmente

para falar  sobre o  processo de  implantação  da  Uemg  e  as  diretrizes  da

instituição para  1998.  Em  sua  explanação  inicial,  o  reitor  destacou  a

circunstância em que a Uemg foi criada, afirmando que a Universidade do Estado

"é filha  da Assembléia,  é filha da Constituição do Estado, é fruto do desejo

do  povo".   A  Uemg  foi  criada  pela  Assembléia  Legislativa,  através  da

Constituinte estadual, em 1989 e, desde então, vem sendo implementada.

     Aluísio Pimenta  destacou  também  que  o  Brasil  escolheu  "um  momento

equivocado" de  valorização apenas da educação básica, em detrimento do ensino

superior e  do ensino pós-médio, que abrange cursos de formação profissional e

de curta  duração para aqueles que completaram o ciclo médio (antigo 2º grau).

"O mundo  vive um  processo de  globalização da  economia,  das  culturas,  do

trabalho -  e é  nesse momento que o Brasil coloca em segundo plano a formação

superior, a pesquisa, o desenvolvimento da ciência e da tecnologia", criticou.

     O Brasil  tem cerca  de 1  milhão e 600 mil estudantes nas universidades,

disse o  professor, o  que, na  Amércia do  Sul,   coloca  o  país  abaixo  da

Argentina, Chile  e Colômbia na relação população/estudante de nível superior.

Em Minas  Gerais estão 10% desses alunos - cerca de 160 mil, que ocupam 40 mil

vagas  oferecidas   pelas  universidades   públicas  e  privadas,  federais  e

estaduais. "Lembrando  que, atualmente, o ciclo médio é concluído por cerca de

700 mil  alunos e,  desses, 300 mil disputam um lugar nas universidades, temos

uma carência  de oferta de vagas enorme, absurda, inaceitável para um país que

quer avançar econômica e culturalmente", disse Pimenta.

     "Orçamento ridículo"  - Aluísio  Pimenta  reconheceu  todo  o  esforço  e

empenho do  governo do  Estado -  "do qual me orgulho de fazer parte" - para a

implantação e  funcionamento da  Uemg, mas  foi enfático  ao afirmar  que "são

ridículos" os recursos públicos destinados à Universidade. Para o ano de 1998,

está prevista  a liberação  de recursos  do Tesouro  Estadual na  ordem de  R$

12.399.965,00, que,  complemetados por recursos advindos de convênios diversos

e receita própria da Uemg, resultante de prestação de serviços, totalizarão R$

17 milhões 309 mil para custear todas as despesas da Universidade.

     O professor  José Oswaldo Lasmar, pró-reitor de Planejamento da Uemg, fez

uma  explanação  sobre  seu  processo  de  implantação  e  sobre  as  metas  e

perspectivas para  1998, apresentando  diversos dados  sobre  a  Universidade.

Oficialmente, a  Uemg funciona  desde o  dia 2  de outubro de 1997, quando seu

funcionamento  foi  autorizado,  através  de  decreto  do  governador  Eduardo

Azeredo. Em 1996, a Uemg reconhecida pelo Conselho Estadual de Educação.

     Compromisso com o desenvolvimento regional

     Lasmar ressaltou o princípio em que se baseou a própria criação da Uemg -

trabalhar a  educação visando  o desenvolvimento de Minas Gerais, a integração

das diversas  regiões do  Estado e  a redução das desigualdades sociais. "Esse

aspecto faz  da Uemg uma universidade realmente diferente, por estar espalhada

por todo  o Estado  e ser  extremamente ligada  e comprometida com as diversas

realidades regionais".

     A Uemg  é formada  por 21  faculdades sediadas  em 10  cidades  mineiras,

incluindo Belo  Horizonte. São  mais de  15 mil  alunos, dsitribuídos entre 65

crusos de graduação e 45 de pós-graduação. São oferecidas 4.91o vagas por ano.

Além da  Capital, a  Uemg tem  "campi" nas  cidades  de  Campnaha,  Carangola,

Diamantina,  Divinópolis,  Ituiutaba,  Lavras,    Passos,  Patos  de  Minas  e

Varginha, que atendem estudantes de cerca de 300 cidades. A

     A grande  vocação da  Uemg, segundo o pró-reitor de Planejamento, está na

formação de  professores de  1º e 2º graus e, numa parceria com as secretarias

de Estado  da Educação  e  de  Cieência  e  Tecnologia,  a  Universidade  está

capacitando e  graduando cerca  de  47  mil  professores  das  redes  públicas

estadual e municipal, através de programas específicos. Estão sendo instaladas

em todos os "campi" Cãmaras Especiais de Integração Comunitáira, para suprir a

Uemg com  informações e  subsídios sobre  as demandas  e prioridades  de  cada

região. Na  área de  extensão, a  Universidade mantém  projetos nas  áreas  de

saúde, cultura, meio ambiente, engenharia e educação.

     Perspectivas para  1998 -  Segundo José  Oswaldo Lasmar,  foram  traçadas

quatro metas  básicas de desenvolvimento da Uemg para este ano. Para atender a

área física  da Universidade, está sendo firmado convênio com o  Ministério da

Educação e  com o  Banco  Nacional  de  Desenvolvimento  Econômico  e  Social,

paralelamente à  doação de  imóveis que  será feita  à Uemg  pelo  governo  do

Estado, para a construção e modernização dos "campi" no interior.

     Institucionalmente, estão  sendo planejadas  uma reforma estatutária para

que seja  formada  uma  "rede"  de  faculdades  e  universidades  que  ficarão

diretamente subornidadas  ao reitor,  e também  a modernização  da política de

pessoal. No  setor acadêmico,  está programada  a revisão curricular de vários

cursos e  uma avaliação  institucional de  todo o  trabalho  feito  até  aqui,

visando a consolidação das estratégias de inserção regional da insttiuição.

     Quanto ao  planejamento orçamentário,  a maior  luta da  Universidade  do

Estado será  mesmo, segundo  o pró-reitor, voltada para a efetiva participação

do  poder   público  no  financiamento  de  universidade.  "Nossa  intenção  é

reformular a  maneira de  distribuição dos  recursos do tesouro estadual já no

projeto do  Orçamento para  1999 que será enviado para a Assembléia, definindo

quanto vai  para cada  "campi" e  a que  se destinará cada montante. Assim, se

forem feitos  cortes, o governo vai saber quanto vai tirar de qual região e de

quais escolas", disse José Oswaldo Lasmar.

     Teleconferência para todo o Estado

     Ao final da reunião, o professor Aluísio Pimenta manifestou desejo de que

fosse feita  uma nova  exposição e um amplo debate sobre a Uemg, semelhante ao

de ontem,  mas voltadopara  todos os deputados. O deputado José Militão (PSDB)

sugeriu a  reazliação de  uma teleconferência,  que poderia ser acompanhada em

todo o  interior do  estado, diretamente  nos  "campi"  da  Universidade,  por

professoresm alunos, funcionários e população.

     O deputado  Adelmo Carneiro  Leão (PT)  fez críticas ao governo do estado

pela diminuição  dos recursos  públicos destinados à Uemg e disse que, se isso

acontece, é porque não existe unidade dentro do próprio governo. Ele ressaltou

que deve  ser cobrada  da Assembléia  e dos  depuatdos um  compromisso  com  a

educação e  com a  Uemg, especialmente  na hora  em que  o orçamento é votado.

"Existe uma  grande diferença entre a palavra e a ação, que no nosso caso, é o

voto", disse  o deputdo petista, ressaltando que a bancada do Pt votará sempre

pelos interesses da Universidade.

     O presidente  da Comissão  de Assuntos Municipais, deputado José Henrique

(PMDB), informou  que as  duas  Comissões  encaminharão  ao  presidente  Romue

Queiroz a solicitação de realização de uma teleconferência para todo o Estado,

conforme sugerido pelo deputado José Militão.

     Presenças -  Participaram da  reunião  os  deputados  José  Maria  Barros

(PSDB), presidente  da Comissão  de Educação,  Cultura, Ciência  e tecnologia;

José  Henrique  (PMDB),  presidente  da  Comissão  de  Assuntos  Municipais  e

Regionalização; José  Militão (PSDB), Sebastião Navarro (PFL); Adelmo Carneiro

Leão (PT),  Gilmar Machado (PT), José Braga (PDT) e Marco Régis (PPS). Além do

reitor, professor  Aluísio Pimenta, e do pró-reitor de Planejamento, professor

José Oswaldo lasmar, estiveram presentes e acompanharam, a reunião outros pró-

reitores, diretores,  professores e  funcionários da Universidade do Estado de

Minas Gerais.

Responsável pela informação: Cristiane Pereira - GCS - 031-2907800