CPI ouve empresário do setor joalheiro
A Comissão Parlamentar de Inquérito formada para apurar a instalação de garimpos nos rios do território do Estado de ...
01/04/1998 - 10:03CPI ouve empresário do setor joalheiro
A Comissão Parlamentar de Inquérito formada para apurar a instalação de garimpos nos rios do território do Estado de Minas Gerais ouviu nesta quarta- feira (1/4), depoimentos de empresários do setor joalheiro e do vereador de Nova Era Sebastião Siqueira. O delegado Inácio Gabriel Prata Neto e o presidente da Cooperativa Regional dos Garimpeiros de Diamantina, Antônio Fernandes Martins, apesar de convidados, não compareceram à reunião. O primeiro a ser ouvido foi o presidente da Associação dos Joalheiros de Minas Gerais e diretor-executivo da Fiemg, Raimundo de Almeida Vianna. Ele foi questionado pelos deputados Raul Lima Neto (PDT), que teve a iniciativa de formar a CPI, e Anivaldo Coelho (PT), presidente e relator da Comissão. O empresário reclamou dos altos impostos e disse que muitas vezes a evasão é feita não por vontade do comprador, mas porque as dificuldades impostas são muitas. A liberação de um produto, por exemplo, pode levar até dez dias. Fiscalização - Além dos impostos, que estimulam a clandestinidade, Raimundo Vianna disse que é muito difícil fiscalizar o contrabando, já que o transporte de pedras pode ser feito até mesmo em um maço de cigarros. Segundo o empresário, apenas o atual Governo do Estado teve sensibilidade para reduzir o IMCS de 18% para 12%. Raimundo Vianna ressaltou, ainda, que o setor gera divisas e empregos e indagou: "será que o whisky é considerado supéfluo para a Escócia?". Ele defendeu o fortalecimento da indústria joalheira como forma de inibir irregularidades e entregou à CPI um relatório do Instituto Brasileiro de Pedras e Metais Preciosos. Segundo esse documento, a exportação de gemas, metais preciosos, jóias e afins em Minas Gerais teve queda de 6,6% em 1997, tendo como base o ano de 1996. Em 1996 foram exportados US$ 221,48 milhões e em 1997, US$ 206,7 milhões. A exportação de ouro em barras, fios, etc. também teve queda de 5,8% em 1997. Empresário diz que ZPE é chance de legalização do setor Para o presidente da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) de Teófilo Otoni, Kalil Kassim Elawar, a legalização virá quando os garimpeiro receberem algum benefício com isso. Ele lembrou que os primeiros a trabalharem com garimpo eram pessoas que tinham problemas com a lei e que a clandestinidade é própria da atividade. Elawar defendeu que a ZPE é a chance de legalização do garimpo e que pode gerar até 3 mil empregos. Apesar disso, o investimento do Estado no empreendimento ainda é tímido. A deputada Maria José Haueisen (PT) concordou, lembrando que pelo terceiro ano foi incluída uma emenda ao orçamento do Estado destinando R$ 1,6 milhão para a ZPE, mas os recursos não foram liberados. Nova Era - O vereador de Nova Era Sebastião Siqueira defendeu os garimpeiros dizendo que a maioria continua na miséria. Segundo ele, os pequenos não têm técnica nem maquinário, dedicam-se a um trabalho perigoso, mas quano descobrem alguma jazida são obrigados pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) a sair, porque o título já pertence a algum empresário. Ele acusou, ainda, o órgão, de dificultar a concessão de títulos de lavras para garimpeiros - que demorariam até um ano para isso - e facilitar para empresários, que em uma semnaa conseguiriam o título. Criticou, ainda as cooperativas, como a Coogemig, dizendo que ela só defende interesses próprios, já que a maior parte da diretoria possui títulos de lavras. O verador também criticou os altos impostos. A reunião foi presidida inicialmente pelo deputado Anivaldo Coelho (PT) e depois pelo deputado José Militão (PSDB). Participaram, ainda, os deputados Kemil Kumaira (PSDB), Maria José Haueisen (PT), Raul Lima Neto (PDT), Paulo Piau (PFL) e Wilson Pires (PFL).
Responsável pela informação: Fabiola Farage - GCS - 031-2907800