Teleconferência mostra que ainda há dúvidas sobre o Código
A Assembléia Legislativa realizou na manhã desta terça-feira (17) sua segunda teleconferência com transmissão ao vivo...
18/02/1998 - 03:05Teleconferência mostra que ainda há dúvidas sobre o Código
A Assembléia Legislativa realizou na manhã desta terça-feira (17) sua segunda teleconferência com transmissão ao vivo para todo estado, pela TV Assembléia (TV a cabo), e por antena parabólica. O tema do evento foi o novo Código de Trânsito Brasileiro, que entrou em vigor em janeiro deste ano e ainda desperta uma série de dúvidas sobre seus vários dispositivos. Foram feitas 200 perguntas, via telefone, fax, ou pelo público presente - aproximadamente 100 pessoas. Também participaram vários deputados estaduais, representantes de associações não-governamentais, representantes de Câmaras e Prefeituras municipais. Muitas outras dúvidas foram esclarecidas pelos consultores da Assembléia, pelo telefone, nas três horas de realização do debate, e as perguntas que não puderam ser respondidas foram encaminhadas aos palestrantes. Telespectadores de outros estados, como Bahia, Pernambuco, Santa Catarina, São Paulo e Espírito Santo, também enviaram suas dúvidas. O presidente da Assembléia, deputado Romeu Queiroz (PSDB), ressaltou que os quase dez anos de discussões fizeram com que o novo Código tivesse um nível comparável ao de diversos países desenvolvidos com legislações cidadãs e desenvolvidas. Romeu Queiroz destacou que as possíveis falhas que forem apontadas, no decorrer do tempo, poderão ser sanadas, pois "não faltarão oportunidades de adequar a legislação às exigências da população". Detran/MG descentralizado facilitará fiscalização Para o diretor do Detran/MG, Raimundo Inácio de Oliveira, o Código não traz muita novidade. Ele disse que 90% do conteúdo do código se refere à penalidades já existentes no Código anterior. "A questão é que agora as penas são mais duras". O diretor acrescentou que há um esforço do Governo do Estado em atuar na aplicação da nova legislação. Segundo ele, a descentralização do Detran-MG é um passo nesse sentido, pois a instalação de bancas do departamento em diversos pontos do Estado fará com que o controle da emissão de Carteiras de Habilitação seja mais efetivo. Raimundo Inácio enumerou quatro pontos que são as principais preocupações do Detran, quanto ao cumprimento do Código: condução sem habilitação, desrespeito ao sinal luminoso, embriaguez, e desobediência aos limites de velocidade. "Se os condutores observarem esses quatro pontos, os acidentes de trânsito serão reduzidos em mais de 50%", ressaltou. Violência - O presidente da BHTrans, Antônio Carlos Pereira, observou que o Código de Trânsito busca atacar a violência e definir como compartilhar o espaço urbano, "que é cada vez mais escasso". Para Antônio Carlos, o clima de pânico criado em torno do Código não se justifica devido ao fato dele não tratar de coisas estranhas ao motoristas. "Não devemos fazer com que preocupações secundárias, como os aspectos técnicos de implantação das disposições, ocupem o lugar principal que é a preservação da vida", concluiu. Para ele, um outro viés positivo da nova lei é o municipalismo. O diretor de Atividades Especializadas da PMMG, Coronel José Guilherme do Couto, disse que o código veio para ficar e fez um apelo para que a sociedade mude a forma de enxergar os policiais e fiscais do trânsito. "Eles não devem ser vistos como inimigos ou como monstros arrecadadores, mas como quem está lá para dar garantias de que o trânsito vai melhorar", ressaltou. Presidente da OAB/MG destaca imperfeições jurídicas e penais Para o presidente da OAB/MG, Marcelo Leonardo, o maior problema é que a maioria da população desconhece o conteúdo do Código de Trânsito Brasileiro. Ele destacou que a lei tem 341 artigos divididos em 20 capítulos, sendo que um dia antes da entrada em vigor, uma nova lei alterou 11 artigos e revogou 13 dispositivos do código. Em 23 de janeiro, o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) expediu 11 resoluções e esse número chega, hoje, a 17. Além disso, ressaltou, há 31 vetos presidenciais pendentes de apreciação. Ele apontou uma série de falhas, como a equiparação de condutas com gravidade diferentes, a imposição de duas penas para um mesmo fato e outras. Para Marcelo Leonardo, é inconstitucional a apreensão da carteira de habilitação por autoridade policial presente ao fato proque priva o cidadão do direito legal de defesa. Segundo o advogado, também é inconstitucional obrigar alguém a se submeter ao exame do bafômetro porque ninguém pode ser obrigado a se incriminar. No entanto, outras provas podem ser usadas para constatar a embriaguez, como exame clínico e prova testemunhal. O governador Eduardo Azeredo foi representado pelo secretário geral José Henrique Portugal, que destacou a preocupação do Governo mineiro com a educação. Segundo ele, já foram firmados convênios com 70% dos municípios mineiros, com a participação da Secretaria de Estado da Educação. Nesses acordos está prevista a realização de eventos de educação, se possível uma vez por mês, nos municípios. Ele disse, ainda, que até 9 de março estará pronto um levantamento, nas Administrações Regionais, para saber quantos municípios ainda não assinaram convênio com o Estado.
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