Secretário da Fazenda defende projetos e ajuste fiscal
Os projetos enviados pelo governo são importantes para ajudar a buscar o equilíbrio financeiro do Estado, disse o sec...
10/12/1997 - 11:07Secretário da Fazenda defende projetos e ajuste fiscal
Os projetos enviados pelo governo são importantes para ajudar a buscar o equilíbrio financeiro do Estado, disse o secretário da Fazenda, João Heraldo Lima, ao iniciar, no Plenário da Assembléia, nesta quarta-feira, a exposição sobre o conteúdo das matérias enviadas ao Legislativo na semana passada. Segundo ele, há uma expectativa de que o conjunto de medidas resulte numa receita adicional anual de cerca de R$ 191 milhões (incluídos aí os 25% da parcela dos municípios). "Diante do tamanho do déficit de caixa do Estado, de cerca de R$ 700 milhões, em 1997, todo esforço é importante", disse João Heraldo Lima. O secretário iniciou sua palestra falando sobre o projeto que faz uma redução geral das multas em cerca de 50%. Disse que, com esta medida, o governo espera algum efeito sobre a arrecadação, "sem provocar os problemas que uma anistia geral poderia trazer". Outra medida destacada pelo secretário é a que permite o recebimento da dívida ativa do estado em moeda para privatização, que poderia ser trocada com o governo federal, abrindo a possibilidade de gerar maior liqüidez à dívida ativa. João Heraldo também defendeu a abertura do capital da Copasa. Para ele, esta é uma tendência "inexorável" e que dá ao investidor nacional e internacional a chance de participar do futuro da empresa. Destacou, contudo, que não se trata de privatizar a empresa, cujo controle acionário permanecerá com o governo estadual. Com relação ao projeto que reestrutura a Secretaria da Fazenda, o secretário disse que a medida, que cria mais um cargo de secretário adjunto e abre 35 cargos de recrutamento restrito, é importante para resolver o acúmulo de funções daquela pasta, que "não cuida apenas da arrecadação, mas de toda administração financeira do Estado. Ele falou, ainda, do projeto que redimensiona as taxas judiciais, de custas e emolumentos, elaborado em conjunto com técnicos do Tribunal de Justiça. Segundo o secretário, os recursos oriundos do aumento da arrecadação serão aplicados na Justiça, melhorando seu funcionamento operacional e beneficiando a população. Outro projeto destacado por João Heraldo Lima diz respeito ao plano de controle, não apenas fiscal, mas sanitário, da comercialização da carne e contra o abate clandestino. O projeto, segundo ele, visa a reequipar o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), com o objetivo de dotá-lo de condições para promover a fiscalização sanitária. Âncora cambial foi a melhor opção para estabilizar a moeda Na fase de debates, o secretário, respondendo às indagações feitas pelo deputado Gilmar Machado (PT) sobre o Plano Real, o déficit de caixa do governo e a repercussão da Lei Kandir e do pacote fiscal sobre as contas do Estado, disse que dentre as opções do governo para conter a inflação o Plano Real foi a mais acertada. Na época, lembrou, a avaliação era de que dentro de um cenário de normalidade e equilíbrio da economia internacional e apesar dos riscos, a âncora cambial foi a alternativa mais aconselhável. Para João Heraldo, passados três anos não há outra opção para o governo a não ser a de defender o câmbio, acelerar as reformas e conseguir o equilíbrio nas contas públicas. Explicou também que considera a Lei Kandir "corajosa" e necessária ao país, apesar das perdas de cerca de R$ 350 milhões anuais, entre o que o governo deixa de receber de ICMS e o que a União restitui. "Não há condições de se exportar tributos", reforçou o secretário. Da mesma forma, ele defendeu o Fundo de Estabilização Fiscal como alternativa à manutenção do Plano Real, ainda que represente uma perda de cerca de R$ 38 milhões anuais para o Estado, segundo cálculos da Secretaria da Fazenda. Ao responder ao deputado Cleuber Carneiro, que defendeu as medidas que taxam os setores "mais privilegiados" da população, João Heraldo disse que os projetos do governo têm essa preocupação. Citou o IPVA, que segundo dados por ele apresentados atingem apenas 3% da população; o aumento da conta de energia, ressalvando-se os pequenos consumidores e o aumento da alíquota sobre os cigarros. Quanto a esse último item, o secretário externou sua preocupação com o aumento do contrabando e, conseqüentemente, da sonegação de impostos, a partir de dados que lhe foram apresentados pela diretoria da Companhia Souza Cruz, cuja maior unidade está localizada em Minas Gerais. Dados da Fazenda indicam que sonegação não aumentou O secretário da Fazenda mostrou dados sobre a evolução das receitas do Estado, mas manifestou sua preocupação diante de um crescimento ainda maior das despesas. Também comparou a evolução do PIB à da arrecadação do ICMS para mostrar que a sonegação não está aumentando e que o governo vem fazendo um grande esforço nesta área. Respondendo ao deputado Adelmo Carneiro Leão, o secretário disse que a atual dívida do Estado é de R$ 12 bilhões. Três quartos dela referem-se a títulos mobiliários e o restante a contratos de dívida fundada junto a organismos internacionais, como o Bird, Bid e Eximbank, e organismos públicos nacionais, como a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil. O valor da dívida quintuplicou nos últimos anos exclusivamente em função das elevadas taxas de juros, já que o governo não contraiu novos empréstimos, disse ele, acrescentando que a renegociação da dívida com o governo federal foi importante porque mudou o perfil dos juros cobrados que eram flutuantes e agora são fixos.
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