Reunião preparatória para Sem. do Leite discute importação

O aumento das importações de leite e derivados, em especial do leite em pó, está colocando em risco a sobrevivência d...

13/11/1997 - 03:19

Reunião preparatória para Sem. do Leite discute importação



     O aumento  das importações  de leite e derivados, em especial do leite em

pó,  está   colocando  em   risco  a  sobrevivência  do  pequeno  produtor.  O

representante da  Confederação Nacional  de Agricultura  (CNA), Paulo  Roberto

Bernardes, afirmou ontem, na Assembléia Legislativa, que a concorrência destes

novos  fornecedores  vai  provocar,  inevitavelmente,  o  desaparecimento  dos

produtores de  pequeno porte.  "O número  de fornecedores vem baixando, mas as

grandes  companhias  estão  crescendo  e  a  produção  de  leite  aumentando",

ressaltou. Bernardes  participou ontem  (12), junto  com outros  produtores  e

representantes de  entidades ligadas  ao setor, da reunião preparatória para o

Seminário Legislativo  "Cadeia Produtiva  do Leite",  que será  realizado pela

Assembléia.

     Paulo Roberto Bernardes acrescentou que as importações forçaram uma baixa

nos preços  de leite  e de  seus derivados. Segundo ele, os produtos estão com

uma defasagem de 50% diante de uma inflação de 63%, no  período de junho de 96

a março  de 1997, segundo a Fipe. Para ele, os produtores estão diminuindo sua

produção para  minimizar os  prejuízos. "Todos  estão pagando  para produzir",

disse o representante da CNA.

     O coordenador  da Secretaria  de Abastecimento Econômico do Ministério da

Fazenda, Luiz Henrique Horta, ressaltou que o que prejudicou o desenvolvimento

da indústria leiteira no país foram os 50 anos em que o Governo ficou a frente

da produção,  com o  controle de  preços. Horta  argumentou que a indústria do

leite não estava preparada para a abertura dos mercados, promovida nos últimos

anos. Antes  desse fenômeno  o país  só importava  nos períodos  de seca. "Não

estávamos preparados  para essas  mudanças", insistiu.  Para ele, a entrada de

leite originado  dos Países Platinos, com preços bem menores aos praticados no

Brasil, se  deve às  facilidades naturais  que o  país  oferece.  "O  produtor

argentino pode  contar com  pastos naturais  de feno,  coisa que não existe no

Brasil.

     O representante  da CNA  informou que  em 96 o Brasil importou cerca de 3

milhões de litros de leite, e que a tendência é que aumente cada vez mais. Ele

alertou que, embora a legislação não permita, muitas empresas estão importando

leite em  pó e reconstituindo-o para vendê-lo como leite "longa vida". "Isso é

um crime  contra o  produtor  e  o  consumidor  brasileiro",  ressaltou  Paulo

Roberto Bernardes.



     Entrada de leite no país se dá pela Argentina.



     Paulo Roberto  Bernardes denunciou  que a  entrada de leite no país se dá

pela Argentina.  Ele explicou  que os  países da  União Européia exportam para

Argentina devido  aos baixos  impostos cobrados  pelo país.  Ao invés  dos 27%

cobrados pelo  país, a  Argentina cobra  16%. Os  produtos, após  entrarem  em

território argentino,  são encaminhados  ao Brasil,  sendo que  não há nenhuma

tarifa entre os dois países. "Existem casos em que o leite vem direto para cá.

Só a nota vem da Argentina", concluiu.

     Participaram da  reunião os  deputados Paulo  Piau (PFL), Antônio Roberto

(PMDB), Wilson Pires (PFL) Antônio Andrade (PMDB) e Luiz Fernando Faria (PPB).

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