Com.analisa efeitos do Microgerais sobre as contas do Estado
A preocupação em não causar mais perdas de arrecadação para o Estado levou os deputados da Comissão de Fiscalização F...
07/11/1997 - 03:07Com.analisa efeitos do Microgerais sobre as contas do Estado
A preocupação em não causar mais perdas de arrecadação para o Estado levou os deputados da Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária da Assembléia a solicitar, junto à Secretaria de Estado da Fazenda, ao Sindicato dos Fiscais do Estado (Sindifisco) e ao Sebrae, informações mais detalhadas do impacto financeiro que o projeto 1.452/97, do governador, que cria o Programa de Fomento ao Desenvolvimento das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte de Minas Gerais (Microgerais), vai representar para o Estado. Durante a reunião da Comissão com representantes do Sebrae, da Fiemg, da Secretaria da Fazenda e do Sindifisco, realizada ontem na Assembléia, foram apresentados cálculos e interpretações diferentes sobre os efeitos dessas medidas para a economia do Estado. O presidente da Comissão das Micro e Pequenas Indústrias da Fiemg, Ildeu Oliveira Santos, destacou a necessidade de eliminar a burocracia e reduzir a carga tributária das micro e pequenas empresas. Segundo ele, o Simples, do governo federal, já representou um avanço, mas o Microgerais é uma proposta que evolui ainda mais, ao estabelecer apenas sete categorias e respectivas alíquotas de cobrança do ICMS, que vai variar de 2% a 4,5%. Segundo Ildeu, existem cerca de 170 mil empresas que hoje não pagam imposto e que passariam a contribuir com R$ 25,00 mensais. Esse dinheiro seria usado para a formação de um fundo destinado ao financiamento das próprias microempresas, através da concessão de empréstimos a custos mais acessíveis, para formação do capital de giro. A representante do Sebrae, Sílvia Mayrink, acrescentou que a grande maioria das microempresas fecha num prazo de um ano porque, além da falta de conhecimento sobre o negócio, os microempresários têm dificuldade em administrar vendas e formação de estoque em função da falta de capital de giro. Além desse aspecto, ela acredita que o projeto estabelece incentivos para tirar empresas da informalidade, para legalizar mão-de-obra e para formar um cadastro mais realista do setor. Nesta mesma linha de defesa das medidas contidas no PL 1452/97, o representante da Secretaria de Estado da Fazenda, Jorge Smith, destacou que as medidas são um incentivo à modernização das micro e pequenas empresas. Segundo ele, haverá uma perda de receita de cerca de 3% sobre a arrecadação de ICMS, relativa às empresas que faturam entre R$ 60 mil e R$ 800 mil anuais, o que equivale a aproximadamente R$ 200 milhões anuais. Avaliou, contudo, que essas perdas serão compensadas com a ampliação da base tributária, já que há uma expectativa de que um grande número de empresas passem a pagar corretamente os impostos. Sindifisco diz que Estado perderá R$ 400 milhões O líder do Sindifisco, Severino Francisco Ribeiro Sobrinho, disse que as perdas de arrecadação serão de 7%, o que representaria uma redução nas receitas do Tesouro estadual de R$ 400 milhões mensais. Ele lembrou que o projeto cria um novo imposto, referindo-se à taxação mínima de R$ 25,00 sobre as microempresas, e que esta receita não vai para o Tesouro, mas para um fundo destinado a financiar as empresas. Alertou, ainda, que a receita do ICMS é a principal fonte de custeio do Estado e mostrou dados comparativos com outras unidades federativas, onde a arrecadação com o ICMS é maior, proporcionalmente ao Produto Interno Bruto de cada Estado. Na fase de debates, os deputados elogiaram a iniciativa de buscar a promoção do desenvolvimento das micro e pequenas empresas, mas demonstraram preocupação com possíveis injustiças para determinados setores e com a queda da arrecadação estadual, que já vem causando dificuldades para o governo. Em função desta preocupação, eles solicitaram novas documentações aos técnicos do Sindifisco, da Secretaria da Fazenda e do Sebrae, tendo em vista as divergências quanto aos números apresentados na reunião. Participaram da reunião os deputados Miguel Martini (PSDB), que a presidiu; Roberto Amaral (PSDB), Antônio Roberto (PMDB), José Braga (PDT), Mauri Torres (PSDB), Gilmar Machado (PT), Bilac Pinto (PFL), Paulo Piau (PFL), José Militão (PSDB), Aílton Vilela (PSDB), Hely Tarquínio (PSDB), Antônio Júlio (PMDB) e Raul Lima Neto (PPB). Aprovado parecer sobre balanço geral do Estado Na fase que precedeu aos debates sobre o projeto da Microgerais, os deputados da Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária aprovaram em turno único parecer à Mensagem 179/97, do Governo, que encaminha o balanço geral do Estado relativo ao exercício financeiro de 1996. O parecer conclui pela elaboração de um Projeto de Resolução, que passará a tramitar no Legislativo mineiro. O deputado Gilmar Machado se absteve de votar, porque, segundo ele, as contas, ainda que apresentem correções, não cumprem na totalidade o que foi previsto no Orçamento. Além disso, afirmou, apresenta gastos com publicidade maiores do que aqueles destinados à educação infantil. A Comissão também aprovou, em segundo turno, parecer do deputado José Braga pela aprovação do PL 1083, do deputado João Batista de Oliveira, que institui a obrigatoriedade de mensagem aos portadores de deficiência auditiva na propaganda oficial. Foi também aprovado parecer favorável ao PL 1189/97, do deputado Bilac Pinto (PFL), que acrescenta parágrafo ao art. 53 da Lei 11.404, a fim de que se considere fator de pontuação a proposta de contratação de mão-de-obra dos presos nas licitações para obras de construção, reforma, ampliação e manutenção de presídios. O parecer foi do deputado Mauri Torres (PSDB). Ainda na reunião da Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária, foi aprovado parecer de 1º turno ao PL 1258/97, que dispõe sobre o recolhimento de contribuição previdenciária por ocupante de cargo em comissão em outro poder, que não o de origem. O relator, deputado Roberto Amaral, apresentou substitutivbo 1, para adequar a redação do projeto, que proíbe a cobrança de complementação para fins de recolhimento previdenciário, visando a manter a base de cálculo desses descontos sobre o valor original da remuneração do servidor que ocupa cargo em comissão. O deputado deputado Roberto Amaral (PSDB) pediu prazo regimental para emitir parecer de 2º turno ao PL 1153/97, do deputado Dimas Rodrigues (PPB), que institui o Programa Estadual de Apoio à Cotonicultura e à Fruticultura Norte-Mineiras. Também foi adiada a votação do Requerimento 2338/97, do deputado Luiz Fernando Faria, que requer seja proposto ao Confaz regime especial de tributação para as operações de circulação e transporte de bovinos de raça, equivalente ao aplicável às operações com eqüinos de raça. Já o Requerimento 2327/97, do deputado Paulo Piau, que requer a redução da alíquota do ICMS sobre a comercialização de peixes para 7% foi retirado de pauta.
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