Com.discute solução para a comercialização do abacaxi em MG

A solução dos problemas na comercialização de furtas e, em especial, a situação dos produtores de abacaxi no Triângul...

05/11/1997 - 11:00

Com.discute solução para a comercialização do abacaxi em MG



     A solução  dos problemas  na comercialização  de furtas e, em especial, a

situação dos  produtores de  abacaxi  no  Triângulo  Mineiro  depende  de  uma

reformulação da  política aplicada ao setor agrícola. Foi o que afirmou, nesta

quarta-feira (5),  o chefe do Departamento Técnico da Ceasa, Gilson dos Santos

Neves, que  participou da  reunião da Comissão de Agricultura e Política Rural

da Assembléia Legislativa para discutir o assunto.

     Para o  representante   da Ceasa,  é preciso  repensar as  modalidades de

produção, distribuição  e comercialização do abacaxi. Segundo ele, as áreas de

plantio cresceram muito sem que fossem levadas em consideração os elementos de

circulação das  mercadorias. Gilson Neves apontou a produção programada como a

melhor alternativa,  não só  no caso  do  abacaxi,  mas,  também,  dos  demais

produtos agrícolas.  "Ontem tivemos problema com a banana, hoje com o abacaxi,

amanhã com outro produto. Precisamos adequar nossas práticas", destaca.

     Para o  prefeito da  cidade de  Monte Alegre  de  Minas,  Eurípedes  Lima

Andreani, a  realidade do  município espelha  a crise  no  setor.  O  prefeito

esclareceu que  Monte Alegre de Minas é o maior produtor de abacaxi do país, e

a região  é considerada como a que produz os abacaxis de melhor qualidade, mas

nem isso  tem feito com que o produto tenha uma boa circulação. Para Eurípedes

Andreani, uma   das  principais causas  do problema  da venda dos produtos é a

falta de  investimentos no  setor. "O  desenvolvimento das culturas de abacaxi

fica comprometido  pela falta de pesquisas", afirmou. Andreani citou, ainda, a

entrada de  abacaxi enlatado,  de origem  tailandesa, como  um dos  fatores de

desaceleração das vendas. Para ele, é desumana a concorrência com esse produto

devido aos  incentivos que  os produtores  daquele país têm ao comercializar o

produto.

     Problemas na distribuição levam à venda em outros estados

     Para o presidente da Cooperativa dos Produtores da Região de Monte Alegre

de Minas,  Elson Ferreira  de Moura,  a  presença  do  atravessador  agrava  a

realidade dos produtores. Os exportadores compram a caixa de abacaxi a R$ 4,80

e revendem  a US$  12 no  Mercado Argentino. Ele acrescentou que a cooperativa

está ameaçada  devido a  dívida de  R$ 42  mil que  possui junto  ao Banco  do

Brasil. Elson  de Moura  afirmou que  a dívida  cresce devido  a falta  de uma

política de comercialização no Estado. Segundo ele, os produtores recorrem aos

mercados de  São Paulo  e Goiás  para poderem escoar a sua produção. "Vendemos

sem nenhuma  garantia nesses estados. Vendemos a prazo e pagam quando querem",

concluiu.

     O deputado  Gilmar Machado  apresentou  um  requerimento,  aprovado  pela

Comissão, solicitando à Superintendência Regional do Banco do Brasil que sejam

dilatados os  prazos de pagamento da dívida da cooperativa. O representante da

Ceasa afirmou  que fará  uso  do  prestígio  da  entidade  para  solicitar  ao

entreposto paulista que sejam apressados os pagamentos de suas dívidas junto a

cooperativa. Para  o deputado  Adelmo Carneiro  Leão  (PT),  a  busca  de  uma

alternativa global  para a questão da agricultura deve se consolidar dentro de

uma nova  política nacional,  de colaboração  e menos  concorrência  entre  os

estados.

     O representante  da Ceasa  apresentou como  alternativa aos produtores, a

venda em  caminhões no Mercado do Livre Produtor (MLP), mas a proposta não foi

aceita devido  as taxas  diárias cobradas pelo entreposto aos comerciantes que

utilizam  desta   modalidade  de   comercialização.  Para   o  presidente   da

cooperativa, os quase R$ 100 cobrados ao dia inviabilizam a alternativa, sendo

que a fruta é vendida a unidade a 10 centavos no MLP.

     Reforma agrária em Minas Gerais

     Foi aprovado  requerimento de  autoria do  deputado Adelmo  Carneiro Leão

(PT), que  solicita que  sejam convidados o superintendente Regional do Incra,

Melchior Augusto  de Melo,  e o  ex-procurador  regional  do  Instituto,  Ivan

Barbosa para  debaterem sobre  o andamento  da reforma  agrária no  Estado e o

afastamento do  referido procurador.  Foi  aprovado,  ainda,  requerimento  de

autoria da  Comissão para  a realização  de audiência  pública para  debater a

questão da Importação do Leite.

     Presenças -  A reunião foi presidida pelos deputados Adelmo Carneiro Leão

(PT) e  Paulo Piau  (PFL). Participaram,  ainda, os  deputados Gilmar  Machado

(PT), Maria Olívia (PSDB), Elbe Brandão (PSDB) e Wilson Pires (PFL).

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