Corregedores recomendam encaminhar denúncias a Ministério
A Assembléia Legislativa vai encaminhar ao Ministério Público estadual e federal as conclusões do relatório dos seus ...
05/06/1997 - 02:11Corregedores recomendam encaminhar denúncias a Ministério
A Assembléia Legislativa vai encaminhar ao Ministério Público estadual e federal as conclusões do relatório dos seus corregedores, deputados Ermano Batista (PL) e José Militão (PSDB), sobre a apuração das denúncias feitas pelo deputado Raul Lima Neto da tribuna da Assembléia, de intermediação de verbas federais para prefeituras. No relatório entregue ontem à Mesa da Assembléia, os corregedores denunciam ao procurador Geral da Justiça de Minas Gerais, chefe do Ministério Público estadual, o relações-públicas da Sorth Consultoria, Wanderley Marques do Carmo, pela prática do crime de "corrupção ativa" por ter proposto a Lima Neto parcela de 10% de comissão para liberação de recursos federais. E dão ciência ao procurador Regional da República sobre "indícios de participação da firma Sorth Consultoria em possível esquema de corrupção, relacionado com a liberação de verbas federais", a fim de que se requisite "a instauração de inquérito policial". Os corregedores decidiram encaminhar as apurações para o Ministério Público porque entenderam, segundo o relatório, que a investigação está esgotada no âmbito da Assembléia, uma vez que não foi apurada "qualquer falta atribuível a deputados estaduais ou a funcionários da Casa". Além disso, a Assembléia "não tem competência constitucional para apurar possíveis irregularidades praticadas por funcionários públicos fdederais, nem desvio ou ilicitude na liberação e utilização de verbas federais", afirmam. Com base na inexistência de provas contra membros da Assembléia, os corregedores recomendaram também repreensão ao deputado Raul Lima Neto. "A Corregedoria conclui que o deputado, ao utilizar a tribuna da Assembléia, denunciando esquema de corrupção que envolveria, genericamente, deputados estaduais, fê-lo de forma inconsistente neste aspecto, e, assim, expôs a instituição e todos os seus membros, desnecessaria e levianamente, à execração pública, ficando, por isso, passível de reprimenda", diz o relatório. O deputado Raul Lima Neto (PPB) foi reprimido ontem mesmo, durante a reunião da Mesa e dos líderes da Casa, convocada pelo presidente Romeu Queiroz para analisar o relatório. Raul Lima Neto foi advertido pelo presidente Romeu Queiroz, perante os membros da Mesa Diretora e os 14 líderes da Assembléia Legislativa, a refletir melhor sobre o seu comportamento e suas palavras ao falar da tribuna ou das Comissões, para não cair de novo em generalizações que atentem contra a imagem do Poder Legislativo. O presidente repreendeu o deputado por ter feito denúncias inconsistentes e generalizações que envolveram indevidamente a Assembléia Legislativa e expôs à execração pública a imagem dos outros 76 deputados. O relatório de dez páginas, que também recomenda aos gabinetes a proibição do uso de equipamentos internos por terceiros, relata o trabalho desenvolvido pela Corregedoria, de ouvir depoimentos, comparar versões e checar dados. Em quatro dias, de 26 a 30 de maio, os corregedores ouviram o deputado Raul Lima Neto, os três funcionários de seu gabinete que teriam presenciado a tentativa de aliciamento por parte de representantes da Sorth Consultoria - Hedonnê Mota, Samuel Henrique e Josimar Salum Gouvêa -; os denunciados como intermediários da empresa- José Gonzaga de Souza, Francisco José Severo e Wanderley Marques do Carmo -; o proprietário da Sorth, George Góis; o assessor do deputado Dimas Rodrigues, José Cláudio Campos de Souza, que teria apresentado os representantes da Sorth a Lima Neto, e os prefeitos de Chapada Gaúcha e Miravânia, Elói Baron e Idalina Viana Mota.
Responsável pela informação: Ramiro Batista - GCS - 031-2907800