Central II aprova divisão de recursos mas pede mudanças p/98
A divisão dos recursos destinados à região Central II entre os 22 municípios participantes, para aplicação em uma das...
27/06/1997 - 02:13Central II aprova divisão de recursos mas pede mudanças p/98
A divisão dos recursos destinados à região Central II entre os 22 municípios participantes, para aplicação em uma das cinco prioridades eleitas na etapa municipal, foi a proposta aprovada ontem, em Vespasiano, com 77 dos 88 votos contabilizados durante a 11ª Audiência Pública Regional. Apesar de vitoriosa, ela foi criticada por representantes da sociedade civil, algumas prefeituras e pelos próprios deputados, que defenderam os objetivos originais das APRs, de eleger prioridades regionais para serem incluídas no orçamento do Estado. Com a divisão da verba, cada cidade receberá R$ 136 mil dos R$ 3 milhões disponíveis para a região, ficando excluídos os municípios de Nova Lima e Rio Acima que não realizaram a etapa municipal desse processo. Os prefeitos foram os principais defensores da divisão igualitária dos recursos, argumentando que cada município elegeu, num processo participativo, suas prioridades e seus representantes não poderiam retornar sem ter garantido um mínimo de recursos para viabilizá-las. Os prefeitos justificaram ainda que os municípios estão falidos e esses recursos, ainda que insuficientes, possibilitarão a realização de algumas obras. Eles se defenderam ainda, justificando que as prioridades eleitas em audiências passadas até hoje não foram cumpridas e, por isso, era preferível garantir os recursos naquele momento do que deixá-los na mão do Estado, para retornar em obras que, na maioria das vezes, não saem do papel. Aperfeiçoamento Na abertura dos trabalhos, o presidente da Assembléia Legislativa, deputado Romeu Queiroz, ressaltou a importância das Audiências Públicas Regionais, como espaço de participação das comunidades do interior na definição do orçamento público estadual e reconheceu que esse é um processo dinâmico e ainda em fase de aperfeiçoamento. De 1993, quando se realizou a primeira edição das APRs, até hoje, várias mudanças já foram introduzidas. "Para o próximo ano - anunciou ele - devemos fazer novos ajustes e, para isso, já recebemos algumas sugestões, como as que propõem novo agrupamento de municípios, tendo como base a divisão das associações microrregionais e a criação de mecanismos que garantam a priorização de propostas regionais". O prefeito de Vespasiano, Carlos Murta, defendeu os objetivos originais das APRs mas cobrou maior poder para os municípios, com a transferência dos recursos destinados às prioridades aprovadas para os orçamentos municipais, que iriam administrar e fiscalizar sua aplicação. "Nós temos melhores condições de gerir e valorizar esses recursos, pois estamos mais próximos dos problemas" - argumentou. A divisão O prefeito de Betim, Jesus Mários, foi quem primeiro apresentou ao plenário a proposta de divisão dos recursos, mas reivindicou, ao mesmo tempo, mudanças dos critérios de distribuição da verba entre as diversas regiões, já para o próximo ano. "Se hoje estivéssemos considerando fatores como o de população e de carência de cada região, a Central II estaria recebendo R$ 11 milhões e não os R$ 3 milhões destinados, que não são suficientes para resolver nenhum dos nossos grandes problemas" - denunciou ele. Os representantes dos municípios de Belo Horizonte e Ibirité foram os que defenderam com maior ênfase a aplicação dos recursos em propostas regionais. O vereador André Quintão, de Belo Horizonte, propôs que os recursos fossem destinados ao Fundo Estadual de Direitos da Criança e do Adolescente e Ibirité defende um projeto de reestruturação dos corredores de tráfego de Belo Horizonte, que tendem a se congestionar, num futuro próximo, com os novos investimentos industriais da região. Só a Fiat movimenta mais de 300 carretas/dia para abastecer sua fábrica, circulando entre a avenida Amazonas e o Anel Rodoviário e com a instalação de mais duas unidades da empresa na região, esse tráfego vai mais do que duplicar, estrangulando os principais pontos de acesso às cidades da RMBH. Os deputados João Leite (PSDB), Durval Ângelo (PT), Ivair Nogueira (PDT) e Álvaro Antônio (PDT) também defenderam a eleição de prioridades regionais. Mesmo reconhecendo as dificuldades dos municípios os deputados argumentaram que o sentido das APR é o de garantir a participação da sociedade na elaboração do orçamento público. "É um processo de construção da cidadania" - defendeu também o deputado Ronaldo Vasconcellos (PL). Derrota Com essa mesma argumentação, os municípios de Belo Horizonte e Ibirité apresentaram a proposta derrotada na etapa final das APRs da Central II, obtendo apenas 11 votos, de divisão dos recursos entre 24 municípios, destinando R$ 125 mil a cada uma das cidades participantes, excluindo Belo Horizonte, que abria mão da sua parcela e Nova Lima e Rio Acima, que não realizaram a etapa municipal. Esse valor restante, de R$ 375 mil seriam destinados ao Fundo Estadual de Direitos da Criança e do Adolescente. Antes de concluir os trabalhos, coordenados pelo deputado Baldonedo Napoleão (PSDB), foram eleitos os membros da Comissão Regional de Representação, assim constituída: José Pedro Alves (Sarzedo), Isabel Regina Pereira (São José da Lapa), Ricardo Antônio Aguiar (Vespasiano), Nilson Jorge Assumpção (Ribeirão das Neves) e Modestino Newton Fernandes (Caeté). Presenças Participaram ainda dos trabalhos os deputados Marcelo Gonçalves (PDT), Irani Barbosa (PSD) e Alberto Pinto Coelho (PPB). A mesa foi presidida pelo deputado Romeu Queiroz e composta pelo coordenador político da APR, deputado Baldonedo Napoleão; pelo representante do governador, secretário adjunto de Assuntos Municipais, Márcio Kangussu; representante do Tribunal de Justiça, Mendeson Martins Franco; prefeito de Vespasiano, Carlos Murta; presidente da Câmara Municipal de Vespasiano, Clésio Múcio Drumond; o juiz diretor do Fórum da Comarca de Vespasiano, Vicente de Oliveira Silva; presidente do Tribunal de Contas, conselheiro João Bosco Murta Lages; presidente da Granbel, prefeito de Nova Lima, Vítor Penido; coordenador da Região Administrativa Central, Paulo Telles da Silva; e a representante da secretaria do Planejamento, Maria Luiza Machado Leal.
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